Sumário das Ideias Bíblicas


1.  Uma criação especial trouxe o homem à existência. A teoria da evolução entrou em choque com essa ideia bíblica. Ver sobre a Evolução, quanto a uma discussão sobre esse problema.
2.  Os eruditos judeus dizem que a teologia dos hebreus não concebia a criação original do homem como a combinação de um corpo físico e de uma alma imaterial. De fato, no Pentateuco, não há vestígio algum desse ensino. Também devemos levar em conta que apesar da grande ênfase sobre a ética, não há, em parte alguma do Pentateuco algum apelo quanto à vida futura (nem através da imortalidade, e nem mesmo através da ressurreição), como meio de galardoar aos bons e de punir aos maus. É impossível supormos que se a primitiva teologia hebreia tivesse antecipado uma vida futura, que ela teria deixado de lado a ideia de recompensas ou castigos pela conduta de cada indivíduo. E mesmo quando começa a aparecer a ideia da imortalidade da alma, nos salmos e nos profetas, essa noção aparece sem elaborações, não havendo ali qualquer doutrina formada a respeito. Ver o artigo separado sobre a Imortalidade.
3.  Pela época em que foi escrito o livro de Daniel, já se desenvolvera uma doutrina da ressurreição, com a promessa de recompensa ou punição, dependendo da vida de cada um, se sábia (reta) ou insensata (injusta). Porém, um inferno de chamas só surgiu na teologia dos hebreus quando da escrita do livro pseudepígrafo de I Enoque (o Enoque etiópico, assim chamado, por haver chegado até nós, essencialmente, em uma tradução para o etiópico). Ver o artigo separado sobre I Enoque. Um dos pais da Igreja disse, pitorescamente, que «as chamas do inferno foram acesas em I Enoque».
Informes assim nos dão a entender que as doutrinas passam por um período de desenvolvimento, não podendo ser aquilatadas somente_ pelo modo como terminaram no Novo Testamento. É curioso notar que onde se desenvolveu a doutrina de um juízo de fogo (em I Enoque e outros livros pseudepígrafos), apareceu também a doutrina da descida ao hades, por parte de homens santos, a fim de aliviar os terrores daquele lugar. Esse tema também reaparece no Novo Testamento, como em I Pedro 3:18 — 4:6. Ver o artigo separado sobre a Descida de Cristo ao Hades. Tais ideias estão obviamente ligadas ao destino do homem, conforme comentei sob o ponto 1.9. No judaísmo, encontramos grande variedade de ideias, que vão desde o aniquilamento, passando pelo resgate do hades, e daí até à rigidez de sofrimentos eternos, embora isso só tenha ocorrido já no judaísmo posterior. Quanto a uma demonstração disso, ver o artigo sobre o Inferno.
4.  O Homem como a Imagem de Deus. Apesar do homem fazer parte da natureza, tendo sido formado do pó da terra (Gên. 2:7), como participante de muitos aspectos da vida dos animais irracionais (Gên. 18:27; Jó 10:8,9; Sal. 103:14; Ecl. 3:19,20), também foi feito à imagem de Deus (Gên. 1:27). Há teólogos que pensam que isso inclui uma tri-unidade, semelhante à divina Trindade (o homem seria composto de corpo, alma e espírito); mas isso já é transferir a teologia cristã para o Antigo Testamento. Muitos estudiosos explicam isso em sentido moral. A criatura humana tomou-se capaz de participar de algo das qualidades morais e espirituais de Deus.
5.   A posição do Antigo Testamento sobre o homem impõe um moralismo muito estrito. São pesadas as exigências de Deus ao ser humano. Há um rígido código moral a ser seguido. Isso distinguiria os homens, claramente, dos animais. Ê verdade que a fé dos hebreus, mais que as antigas religiões, enfatizava os requisitos morais de Deus à humanidade, e que grande parcela do Antigo Testamento aborda a questão. Do homem esperava-se que fosse moralmen­te corajoso. Isso torna-se importante, como uma doutrina metafísica, quando descobrimos que a nossa transformação metafísica, à imagem de Cristo, depende da nossa transformação moral. Outros pontos de vista básicos das Escrituras aparecem na primeira seção deste artigo.
6.  O Novo Testamento adotou a doutrina do homem como um ser criado à imagem de Deus, e isso veio a tornar-se parte da doutrina da salvação. Agora a imagem de Deus, conforme ela existe no Filho, pode ser reproduzida nos outros filhos de Deus, de tal modo que, metafisicamente e quanto à essência, eles tomam-se filhos de Deus. Jesus Cristo é a verdadeira imagem de Deus (Col. 1:15; II Cor. 4:4). O homem é transformado segundo a imagem e a semelhança de Deus, de acordo com o grande modelo, Cristo (Rom. 8:29), por atuação do Espírito (II Cor. 3:18).

Nenhum comentário: