Pressupostos Teológicos Básicos sobre a Natureza Humana


O pressuposto básico do, Novo Testamento é que o homem é uma criatura de natureza dupla, pois participa da natureza dos animais, através de seu corpo físico, e também da natureza dos espíritos, porquanto tem espírito. Algumas filosofias reduzem o homem à mera natureza humana, negando ou pondo em dúvida a realidade da dimensão espiritual humana. O termo pode falar sobre a natureza básica, conforme acabamos de sugerir, pois também pode envolver uma espécie de sinônimo de «gentileza» e de «bondade», de um tratamento justo e equitativo dado a outras pessoas, além de indicar ações feitas de modo humano. Além disso, o termo é um coletivo que fala sobre certo ramo da erudição, em contraste com as ciências naturais e sociais. Esse ramo do conhecimento, as humanidades, inclui disciplinas como línguas, literatura, filosofia, teologia, história e as artes em geral.
Pressupostos Teológicos Básicos sobre a Natureza Humana
  1. O homem é um ser criado, produto da intervenção divina (Gên. 1).
  2. Originalmente, o homem ocupava um estado superior do que agora ocupa, caracterizado pela inocência e, talvez, pela imortalidade (embora muitos estudiosos duvidem deste último ponto).
  3. Os pais alexandrinos, além de outros, anteriores e posteriores, como muitos da Igreja Ortodoxa Oriental, supunham que o relato de Gênesis conta apenas a história física do homem. A alma, segundo eles, seria preexistente, talvez tendo tido origem juntamente com os anjos. Essa ideia retrocede até Platão, sendo comum às religiões orientais. Para Platão, a alma participaria dos universais (vide), o que faria dela uma parte da eternidade, sem qualquer começo real. Por ocasião da individualização, haveria uma espécie de começo, embora não da substância.
  4. Nas religiões orientais, a alma é uma entidade simples, dotada de manifestação individualizada. Ali encontramos uma alma que se assemelha mais aos anjos guardiães do cristianismo. Essa alma seria a supervisora de mais de um corpo físico de cada vez, tal como a palma da mão tem cinco dedos; mas a palma (o «eu» superior) unificaria os cinco dedos (manifestações corporais individualizadas), formando uma cidade nas religiões o orientais, a alma pode passar por muitas reencarnações.
  5. A maioria das religiões postula uma queda, mediante a qual o homem perdeu sua glória e poder original, descendo a um estado inferior do ser. Para algumas delas, a alma preexistente caiu em degradação por motivo de curiosidade, e a peregrinação no corpo (ou nos corpos) físico teria sido o castigo em face da experiência com a materialidade e seus males. Os conceitos hebreu cristãos falam no homem dotado de corpo desde o começo, embora a porção material do homem apareça como um grande empecilho, a julgar pelo sétimo capítulo de Romanos. A matéria, por si mesma, não é considerada m’á (conforme, erroneamente, alguns grupos religiosos têm pensado, incluindo o gnosticismo), embora puxe a alma para trás, como fator prejudicial ao seu progresso, a menos que seja devidamente controlada e utilizada.
  6. No cristianismo, temos a ideia do pecado original do homem, que afetou a raça humana inteira, por infecção espiritual, de tal modo que todos os homens já nascem pecadores. O trecho de Salmos 51:5 é usado como texto de prova. Não há muitos trechos bíblicos em apoio a essa ideia; mas a experiência humana, sem dúvida, favorece a ideia do homem como um ser defeituoso, desde o começo. O meio ambiente explica algumas coisas, mas não certos aspectos da natureza humana básica.
  7. A depravação humana desconhece limites. Todas as fés religiosas estudam esse problema, como também quase todas as filosofias. A política, naturalmente, fica necessariamente envolvida. Freud fomentou uma psicologia calvinista, tendo afirmado que as crianças são tão culpadas quanto o próprio pecado. Teologicamente, temos a declaração bíblica clássica a respeito no terceiro capítulo de Romanos. As religiões não concordam entre si sobre até que ponto o homem é bom, e até que ponto é mau, e nem como esses dois pontos extremos atuam. Algumas delas têm um ponto de vista otimista, segundo o qual o livre-arbítrio humano prevalece. Ali o homem é descrito como o poder criativo, que realmente pode mudar as coisas. Há algumas provas disso. Por outro lado, temos as declarações de algumas teologias que dizem que o homem não passa de um verme. Entra aí o problema do livre-arbítrio humano e do determinismo divino (vide), para o qual ainda não se encontrou qualquer solução adequada. Temos provido artigos sobre ambas as questões, onde o leitor adquirirá maiores informações. Muitos místicos têm defendido a ideia de uma fagulha divina restante no homem; e isso também exprime uma certa verdade, embora seja difícil de harmonizar com o ensino bíblico da depravação humana. Paulo parte da ideia de que ambos os princípios são verdadeiros, segundo se vê em Filipenses 2:12; mas, mesmo assim, falta-nos uma maneira lógica de explicar como a vontade divina coopera com a vontade humana, sem destruir esta última.
  8. A conversão e a transformação. Quase todas as religiões supõem que o homem está sujeito a uma mudança radical, através da providência e das operações divinas. Os crentes tendem por crer em conversões instantâneas. As religiões orientais prefe- rem prolongar as coisas, mediante várias reencarna- ções. Contudo, o alvo é o mesmo: fazer do homem aquilo que ele não é; aumentar suas qualidades espirituais; transformar o homem. No cristianismo, aprende-se que o homem pode ser uma nova criatura em Cristo, que é o Salvador e Transformador da alma. Ver II Cor. 5:17. Ver os artigos sobre assuntos como Conversão, Santificação, Salvação e Glorificação.
  9. O Destino do Homem. Quase todas as religiões prometem que, no futuro, haverá um homem espiritualizado, que habitará em alguma esfera espiritual (uma dimensão que contrasta com a presente, onde o homem é um ser dotado de materialidade, que habita na materialidade).
Segundo muitas religiões orientais, o destino do homem seria participar, finalmente da divindade, embora em sentido finito. O cristianismo, segundo mostram certos trechos do Novo Testamento, aceita esse conceito. O trecho de II Pedro 1:4 fala sobre a nossa participação na natureza divina; e Efésios 3:19 refere-se à nossa participação em toda a plenitude de Deus, que não poderia ser real a menos que haja uma genuína participação na essência divina. Por sua vez, Romanos 8:29 promete ao crente a transformação à imagem do Filho, e isso, necessariamente, inclui a participação em sua essência. Ver também Colossénses 2:10. Participamos de sua plenitude. II Cor. 3:18 i trecho que nos mostra que isso ocorrerá mediante muitos estágios de transformação espiritual, operada pelo Espírito de Deus. Ê isso que aguarda pelos remidos, pelos eleitos.
Além disso, há a missão restauradora de Cristo  que abrangerá todos os homens, em consonância com o mistério da vontade de Deus (ver Èfé. 1:9,10). Ver o artigo sobre a Restauração, onde damos amplas descrições sobre esse conceito, estabelecendo o contraste entre a redenção e a restauração. Seja como for, antecipo que o homem se desdobrará em várias espécies espirituais, em uma espécie de evolução espiritual. A espécie superior compor-se-á dos remidos, participantes da natureza divina. Outras espécies não participarão da natureza divina, embora o trabalho do restaurador seja, neles, magnificente. O juízo divino será um dos meios empregados para produzir esse resultado, e não um meio de torriá-Io impossível. Ver o artigo sobre o Julgamento Divino. Pessoalmente, não antecipo qualquer estagnação no estado humano, em qualquer fase, em qualquer ponto da eternidade futura; porém, dispomos de pouca informação sobre isso, e temos de entrar no campo das especulações para dizer qualquer coisa a respeito. Quanto a esse ponto temos de nos contentar com crenças pias, e não com dogmas. No entanto, meu ponto de vista é otimista, pois tenho uma ilimitada fé no poder do Redentor-Restaurador para fazer bem, admiravelmente bem, o seu trabalho.

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