Quem foi Jesus?


Qualquer tentativa de expor de modo breve e completo a identificação, o ministério e os ensinos de Jesus, deve ser vista como algo semelhante à tentativa de pôr o oceano dentro de uma xícara. A grandeza de Jesus, sua subseqüente vastíssima influência, e nosso conhecimento relativamente exíguo de sua vida, ministério e ensinos, de pronto nos colocam em um dilema, porquanto qualquer esforço terá de ficar muito aquém do alvo de uma caracterização adequada de sua pessoa. Todo este comentário é apenas uma tentativa um pouco mais extensa de caracterizar a Jesus e sua importância; e a existência de muitos comentários, alguns deles versículo por versículo, lado a lado com muitos outros volumes de diversas categorias, demonstra que essa tarefa jamais poderá ser realizada de modo completo ou perfeito.
Este artigo foi escrito na esperança de que pelo menos seja útil, e que o ponto de vista aqui apresentado sobre Jesus seja impressionante, a fim de que se descubra aquela «glória em seu seio que transfigura a ti e a mim». Este breve artigo de introdução só pode esperar salientar o esboço geral dos assuntos abordados, e seu propósito específico consiste em explicar os temas básicos de Jesus e de seu ministério, confiando que o leitor se interesse suficientemente por seguir avante com um estudo mais detalhado destas questões.
O leitor que lançar mão desses diversos mananciais de informação certamente obterá uma visão mais compreensiva acerca de Jesus, de sua identificação, de seu ministério e de seus ensinos. Não pode haver ocupação mais importante do que essa, pois em verdade o destino de Cristo determina nossos próprios destinos pessoais. Sua vida mostrou o caminho pelo qual teremos, finalmente, de seguir na qualidade de homens, se temos a esperança de retomar a Deus. A vida de Cristo, tal como ela é atualmente, é o nosso alvo. Quando a sua glória final tornar-se realizada, seremos co-herdeiros juntamente com ele. Assim, pois, de forma bem real, o estudo da vida de Jesus e sua importância é, ao mesmo tempo, uma sondagem na significação mesma de nossa existência e uma previsão em nosso destino. Por certo todos nós deveríamos nos interessar nessa inquirição.
IDENTIFICAÇÃO
1.  Magnitude de UMA Influência
Ao que sabemos, Jesus nada escreveu, apesar de que muitos sentiram a necessidade de escrever a respeito dele, necessidade essa que prossegue até hoje, pois cada geração precisa ter os seus próprios intérpretes sobre o sentido da vida de Cristo. Jesus jamais deixou a Palestina durante o seu ministério terreno (exceto que de certa feita esteve na região de Tiro e Sidom), mas o seu nome é conhecido em toda parte do mundo. Os historiadores afiançam-nos que antes do fim do século II D.C., vinte distintos grupos religiosos tinham saltado à existência, todos afirman­do alguma espécie de origem em Cristo, embora apresentando definições diferentes e contraditórias acerca dele e de seu ministério. Antes do fim do século IV D.C., havia mais de oitenta desses grupos; mas hoje exauriria a boa matemática se quiséssemos contar o número de grupos existentes, todos supostamente alicerçados em sua autoridade.
É verdade que quando qualquer gênio criador aparece entre os homens, o resultado natural é uma modalidade de conflito e de revolução. As pessoas que entram em contato com o mesmo são modi­ficadas por ele, ou por outro lado, têm de fazer-lhe tenaz resistência, a fim de se livrarem de sua possível influência. Quanto mais elevada for a estatura desse gênio criador, tanto mais intenso será o conflito, a modificação e a mudança nas vidas daqueles que entram em contato com ele. No caso de Jesus, essa verdade é óbvia. Até mesmo os elementos liberais, que negam completamente a divindade de Cristo, reconhecem, não obstante, o valor de sua pessoa; e, na maioria dos casos, nem procuram livrar-se totalmente de sua influência. Que isso continue ocorrendo quase dois mil anos depois de sua vida terrena, por si mesmo é grande indicação da magnitude de sua pessoa. Os ateus e agnósticos são igualmente afetados por ele, mas, nesses casos, o conflito e a reação adversa são ativados. Alguns têm passado a vida inteira na tentativa de anular e desacreditar a sua influência e de diminuir-lhe a importância. Essa oposição é apenas um testemunho involuntário acerca da grandeza de Cristo. Os crentes apresentam a maior evidência de sua grandeza, porquanto procuram incorporar em si mesmos «algo» de sua vida. Aqueles que conseguem isso em maior profundidade, são os mais excelentes exemplos de sua magnitude. Quase vinte séculos não têm podido diminuir as modificações, alterações, transformações e conflitos que a presença de Jesus criou nesta terra.
Fora das próprias Escrituras não contamos com muito testemunho ou material que nos forneça informações sobre Jesus. Ele é mencionado pelos historiadores romanos Tácito (Anais XV.44), Suetô.(Cláudio, 25; Nero, 16), Plínio (Epístolas Í.96), e pelo famoso historiador judeu Flávio Josefo, em uma  passagem altamente interpolada (Ant. XVIII.3.3). Também existem numerosas referências indiretas a Jesus na literatura judaica posterior, em sua maioria, adversa. Os livros apócrifos do N.T. se baseiam nele, mas nenhum estudo chegou até às nossas mãos capaz de distinguir quanto dessa informação é digna de confiança e quanto não o é. A maioria das histórias dos livros apócrifos no N.T. se baseia nos quatro evangelhos, pelo que também não tem valor indepen­dente. Não obstante, há certa quantidade de informações adicionais, nesses livros, que provavel­mente é autêntica; porém, os eruditos sobre os livros apócrifos são poucos, pelo que fica extremamente limitado para nós o valor desses livros como fontes informativas dignas de fé. De modo geral, só nos resta pesquisar as páginas do N.T., para que encontremos informações fidedignas acerca de Jesus.
Ê fato sobejamente conhecido e muito comentado que, fora dos evangelhos, pouquíssima informação existe sobre a vida de Jesus e, realmente, pouquíssi­mas citações diretas. Pode-se aprender muito através dos apóstolos e seus ensinos, e existem muitas revelações de doutrinas que se tornaram parte do sistema cristão, mas pouquíssimo que se tenha originado do ministério terreno de Jesus propriamente dito. Por esse motivo, ficamos à mercê dos quatro evangelhos (ou quase inteiramente) quanto a fontes informativas sobre Jesus. E nem mesmo esses livros são biografias no sentido moderno do termo, mas, de fato, são uma modalidade distinta de literatura. Os «evangelhos», em si mesmos, são um tipo diferente de literatura, embora incorporem breve esboço biográfi­co sobre a vida de Jesus. Não podemos estar totalmente certos quanto à ordem cronológica dos acontecimentos nos evangelhos, porquanto, de forma geral, Marcos traça o esboço básico (isto é, os outros, com a exceção de João, usaram o evangelho de Marcos como seu esboço), ao passo que Papias, discípulo do apóstolo João, diz-nos que Marcos nem sempre registrou os acontecimentos em sua exata ordem cronológica. Todavia, a base das narrativas de Marcos é, essencialmente, as memórias de Pedro; pelo que nem sempre podemos depender da ordem cronológica dos acontecimentos, embora possamos confiar na historicidade dos mesmos.
Quanto a uma análise geral do conteúdo e das fontes informativas dos evangelhos, o leitor pode examinar o artigo intitulado, o Problema Sinóptico, bem como os artigos sobre os Evangelhos. A respeito da questão da «historicidade», ou seja, do fato que as narrativas são fidedignas do ponto de vista histórico, o leitor deveria examinar o artigo chamado Historicida­de. Quanto à questão se os textos dos evangelhos são dignos de confiança (bem como os textos de todo o N.T.), conforme os conhecemos, posto que não existe mais nenhum documento original de qualquer dos livros do N.T., o leitor deveria consultar o artigo sobre Manuscritos do Novo Testamento.
2.  Muitas Idéias Sobre uma Pessoa
O progresso da história não tem alterado grande­mente ás várias opiniões do mundo sobre Jesus, pois nos tempos modernos encontramos todos os pontos de vista representados desde o mundo antigo, embora, talvez, em formas modificadas. Apresentamos aqui, de forma abreviada, esses principais pareceres:
a.    Nio-Existencia
Alguns antigos, tanto quanto alguns modernos, têm preferido crer que Jesus realmente nunca existiu, mas que surgiu uma espécie de «culto ao Salvador» (provavelmente entre os essênios), que criou o personagem do «Messias», posteriormente identifica­do com Jesus. Quiçá os psicólogos chamam isso de
uma espécie de «cumprimento de desejo», que é uma das funções psíquicas dos seres humanos. Israel anelava por um Messias, por um Salvador, por um Libertador. Daí alguns deles passaram a criar tal personagem. Talvez alguma figura pouco conhecida, chamada «Jesus», tivesse estado de alguma maneira associada a tal movimento; mas o «Jesus» do cristianismo histórico seria principalmente uma personalidade lendária. David Strauss, teólogo alemão (1873) em seu livro, «Life of Jesus», levantou a questão da realidade histórica de Jesus, e apresentou a sua Conclusão que a história de «Jesus» é quase inteiramente mitológica. Authur Drews, em sua obra«The Christ Myth», procura demonstrar que já havia um culto ao Salvador antes dos tempos cristãos, que havia criado um «Messias», e que os cristãos subsequentemente tomaram de empréstimo desse culto o seu Salvador, disso se desenvolvendo a doutrina, em torno da pessoa do homem chamado Jesus. Diversas formas dessa idéia geral têm aparecido em círculos liberais. Alguns acreditam no «Jesus» histórico, mas também crêem que foi criado um «Jesus teológico», personagem esse meramente mitológico. Isso significaria que os evangelhos são narrativas feitas por zelotes maníacos, não sendo fidedignos como documentos históricos. Por conse­guinte, pouco ou nada se conheceria acerca do Jesus histórico, realmente.
De modo geral, essa teoria não tem sido bem aceita em círculos históricos, ortodoxos ou liberais. De fato, se é impossível demonstrar a existência de Jesus, seria difícil, se não mesmo impossível, demonstrar a existência da maioria dos personagens antigos. Jesus foi mencionado pelos historiadores romanos Tácito(Anais xv. 44), Suetônio (Cláudio, 25; Nero, 16) e Plínio o Jovem (Epístolas X.96). A data desses escritos é 115 D.C., 125 D.C. e 110 D.C.,respectivamente. Em obras de Flávio Josefo temos a declaração que Jesus era «úm homem bom (se é legalchamá-lo um homem), com quem se associavam homens bons» (Ant. XVIII.3.3). Essa declaração é reputada como altamente interpolada, mas pelo menos temos aqui uma referência ao Jesus histórico, bem como alguma indicação acerca de seu caráter.Nos tempos que se seguiram imediatamente à vida de Jesus, até mesmo os seus mais figadais adversários jamais tentaram negar a sua existência; pelo contrário, as declarações zombeteiras a seu respeito, tais como as alusões indiretas que lemos a ele no Talmude, também servem de provas, pelo menos, de sua existência. O Talmude chama-o de mágico que aprendeu suas artes mágicas no Egito, e de enganador do povo; e a despeito disso ser um testemunho adverso, contudo, comprova a sua existência.
b.     Gnósticos
Na Igreja Cristã, quase desde o princípio, surgiu um ponto de vista acerca de Jesus que tentava incorporar dentro de sua identificação várias idéias da filosofia e da mitologia gregas, além de pensamentos orientais e judaicos. Os trechos de I João 2:2 e 4:2,3 e as epístolas aos Colossenses e aos Efésios, parecem ser tentativas para combater diversos aspectos dessas idéias externas acerca de Jesus. De conformidade com o pensamento gnóstico, e Jesus tornou-se parte da ordem dos anjos, talvez o mais exaltado deles, talvez não. Talvez seja o deus deste mundo, porém, também há muitos outros deuses. Ele é uma criatura superior, mas não o Deus que está acima de todos, nem é filho em qualquer sentido especial, conforme ensina a doutrina trinitária bíblico. Pelas passagens mencio­nadas acima (I João) aprende-se que os gnósticos negavam a verdadeira humanidade de Jesus, porquanto  não diziam que «…Jesus Cristo veio em carne…» E nas epístolas aos Colossenses e aos Efésios ficamos sabendo que negavam a deidade essencial de Jesus Cristo, provavelmente rebaixando-o a alguma das ordens de anjos. O problema dognosticismo é o mesmo problema que enfrentamos hoje em dia. Jesus teve uma vida grande e incomum. Como poderia ele ter vivido como viveu? Os gnósticos respondem: Jesus pertencia a alguma ordem angelical, e não à humanidade. Deve ter havido muitas variedades de explicações, entre os gnósticos, acerca da vida de Jesus, e essa heresia era um dos principais flagelos da igreja primitiva. Alguns aceitavam que Jesus era um ser humano controlado por um ser celestial; mas outros criam que um «ser angelical» descera à terra a fim de cumprir uma missão, e que a sua — humanidade — não passava de uma ilusão. Esse era o elemento docético dentro do gnosticismo.
Muitos gnósticos, conforme se dava com os docéticos, ensinavam que o espirito de Cristo descera sobre Jesus, quando de seu batismo, mas deixara-o quando de sua morte. Assim sendo, o homem Jesus não podia ser inseparavelmente identificado com o «espírito descendente de Cristo».
c.    Docetismo
Essa palavra se deriva do termo grego dokeo, que significa «parecer», Cerinto (85 D.C.), foi um dos principais advogados dessa opinião acerca de Jesus. Ele era alexandrino e discípulo de Filo, o famoso filósofo judeu neoplatônico (até 50 D.C.). IO seu ensino geral é que a «humanidade» de Cristo era «ilusória», apenas «parecia» ser real. Entre outras, temos a ideia de que Jesus já existia como homem quando o «espírito de Cristo» veio controlá-lo, mas que não houve verdadeira encarnação de Cristo, nem o Cristo sofreu ou morreu, tão somente o Cristo divino apossou-se de Jesus, quando de seu batismo, e o abandonou quando de sua morte na cruz. O homem Jesus em sentido algum seria Deus, mas tão-somente um homem um pouco melhor e mais sábio do que os demais.
Mârcion ensinava certa forma de docetismo quando afirmava que apesar de Cristo ter sofrido, não nascera como outros homens, nem tivera começo na história, mas aparecera subitamente, vindo dos céus, durante o reinado de Tibério. Parte da doutrina islamita também tem elementos docéticos.
Os primeiros pais da igreja, Inácio, Irineu e Tertuliano, opuseram-se vigorosamente ao docetismo. Tertuliano escreveu diversos artigos contra essa heresia, como também o fizeram outros dos pais; e a maior parte de nossas informações a respeito das primeiras heresias nos chega através dessas fontes. Parte da doutrina gnóstica tinha tendências ou implicações docéticas, e era possível a alguém ser gnóstico e docético ao mesmo tempo. Ótima ilustração disso é Márcion. Se o espírito de Cristo viera controlar o homem Jesus, não havia «Cristo humano» real, porquanto seu espirito viera e se fora, mas não fazia parte da personalidade de Jesus. Outros também eliminavam completamente a «humanidade», imaginando que Jesus teria surgido repentinamente dos céus, pelo que também não havia qualquer natureza humana. E a forma humana que parecia existir, era tão-somente uma ilusão. Essa posição geralmente elimina qualquer idéia sobre o «Salvador sofredor*. Cristo apenas pareceria ter sofrido. Ele era por demais divino para sofrer.
Salientar demasiadamente a deidade de Cristo, às expensas de sua humanidade, como tão frequentemente se verifica nas modernas igrejas evangélicas, em realidade é uma forma de docetismo.Também nos esquecemos por muitas vezes que essa humanidade foi real, e que as suas limitações eram reais, e que Jesus precisou de «aprender a obediência pelas cousas que sofreu». Mui freqüentemente fazemos de Jesus um homem irreal, e terminamos por ensinar uma forma qualquer de docetismo. O evangelho de Pedro (livro apócrifo do N.T., 130 D.C.) é tão docético quanto os Atos de João (170 D.C.). Outros dos evangelhos refletem o docetismo e o gnosticismo. Os docetistas tinham muito em comum com os gnósticos, mas finalmente formaram uma seita separada. Mas basta-nos um pouco de reflexão para que percebamos que tanto o gnosticismo como o docetismo estão vivos no mundo, até o dia de hoje.
d.    Ario
O Arianismo, que derivou seu nome de Ario, presbítero de Alexandria em 256-336 D.C., e que era discípulo de Luciano de Antioquia, combinava o ponto de vista monárquico e adocionista com a «cristologia do Logos», de Orígenes. O monarquianis- mo — do termo grego «monarchia», que sugere «unidade», salientava a unidade da deidade em oposição às distinções dentro da deidade (como ensina o trinitarismo). A doutrina do Logos, por sua vez, procurava estabelecer a transcendência de Deus, e oLogos seria uma emanação ou expressão de Deus, mas não podia ser identificado com o Deus altíssimo, que deveria ser visto como totalmente transcendental. Entretanto, para Ario, o Logos era perfeita criatura, parte da criação de Deus, embora pudesse ser um agente ativo em outros atos da criação. Ãrio cria que oLogos se tornara carne em Jesus, mas negava que Jesus (ou Cristo) possuísse alma humana. A pessoa de Cristo não possuiria deidade essencial. Cristo teria sido a primeira das criaturas e a maior de todas, e talvez se tivesse tornado em uma espécie de Deus, por adoção, mas jamais como o Pai transcendental. Todavia, poderia ser objeto da adoração dos homens. A idéia essencial de Ario era que a deidade essencial jamais poderia identificar-se com esta esfera terrena inferior, porquanto isso seria uma espécie de contaminação. A «deidade» de Cristo, portanto, tinha de ser de sorte diferente. Aqueles que têm estudado a filosofia platônica reconhecem aqui a influência dos ensinos dos «universais» e dos «demiurgos», nos quais estes últimos criam o mundo visível (nosso mundo) de conformidade com o desígnio dos primeiros. Muitas variedades de arianismo se têm desenvolvido, em variegados graus, dependentes do reconhecimento conferido à pessoa de Cristo, mas nenhuma dessas variedades lhe atribui a deidade essencial do Pai. Após a excomunhão de Ario, suas doutrinas se propagaram largamente, e em pouco tempo toda a igreja Oriental ser transformou em uma batalha «metafísica». O concílio de Nicéia condenou os pontos de vista de Ario e estabeleceu o «trinitarismo» (325 D.C.).
E.  Certas facções do cristianismo atual são bem definidamente arianas em seu caráter.
A emanação é a doutrina que diz que tudo quanto existe derivou-se da Realidade ou Ser supremo, absoluto, mais alto. Aqueles que têm estudado a filosofia platônica e, especialmente a adaptação religiosa dessa filosofia, que tem sido intitulada neoplatonismo, facilmente poderão ver que tais idéias foram aplicadas a Cristo, por parte de alguns, na igreja primitiva. Pode-se ilustrar a idéia geral pensando no sol e em seus raios. Os raios emanam do sol e, em realidade, são uma expressão da essência do sol. Quanto mais afastado alguém estiver do sol, maior será a escuridão que verá. Deus Pai é como o  sol. Sua emanação mais forte é—to Filho. Um pouco mais distantes encontramos os seres angelicais. Em seguida, os homens podem ser contemplados muito distantes de Deus, embora continuem sendo uma emanação divina. Finalmente, encontra-se a matéria pura, que está tão distante de Deus que habita em trevas absolutas. O trecho de Heb. 1:3, fala-nos de Cristo nestes termos; «…é o resplendor da glória…», parece expressar uma idéia de emanação, embora os intérpretes e comentaristas (que conhecem as questões envolvidas), façam muitos desvios e contor­ções para evitarem essa interpretação. Caso uma idéia de emanação fosse aceita por nós, nesse versículo, haveria muitas implicações que os gnósticos e outros extraíam, quando falavam de Cristo como uma emanação de Deus. Mas, podemos ver nesse versículo meramente uma forma de expressão poética, o que parece indicar que Cristo é expressão especial de Deus, tal como os raios do sol são expressões do sol. Alguns dos primeiros pais da igreja foram neoplatônicos em graus variados (por exemplo, Justino Mártir, Orígenes e Clemente de Alexandria), pelo que algumas das primeiras teologias que surgiram na igreja continham idéias de emanação. Essa idéia parece criar uma espécie de panteísmo, e é justamente esse o elemento da idéia que tem provocado a reação a ela. Muitos daqueles que ensinavam as idéias neoplatônicas na igreja primitiva, também fazem Deus totalmente transcendental, e assim pareciam ensinar contra as idéias básicas do teísmo, que ensina que Deus criou e continua diretamente interessado na criação.
f.  Liberalismo
Quando Jesus estava no templo, ocupado nos negócios de seu Pai, Maria e José não puderam compreendê-lo, e ficaram — perplexos. Muitas pessoas que não fariam objeção em ser catalogadas como liberais, continuam perplexas ante a personali­dade de Jesus. Caracterizar o liberalismo, mediante algumas poucas palavras, é tarefa impossível; pelo que, o melhor que se pode esperar fazer é apresentar uma brevíssima descrição, adicionando algumas poucas idéias liberais específicas acerca da identifica­ção de Jesus Cristo. A palavra liberal é definida, pelo Oxford Dictionary, como «epíteto original e distintivo daquelas artes e ciências que eram consideradas dignas de um homem livre, em oposição às atividades servis ou mecânicas». Quando isso é aplicado à teologia, fica subentendido que o liberalismo é uma realização educacional e espiritual, prenhe às dignidades, responsabilidades e direitos da liberda­de. Segundo essa definição, um liberal é um homem livre, em contraste com o conservador que pode estar escravizado à tradição e às interpretações mecânicas e absolutistas. Os liberais pretendem interpretar sem o empecilho dos preconceitos e convenções. Suspei­tam das autoridades, e algumas vezes se revoltam contra elas. Talvez creiam na revelação, mas não identificam essa revelação com qualquer único livro ou qualquer indivíduo. Talvez cheguem a aceitar o sobrenatural, mas sua compreensão acerca do sobrenatural não pode ser limitada a qualquer coleção de livros, regra, etc., ou a qualquer autoridade tal como uma igreja, papa, padre, ministro, etc. Para os liberais, as declarações literais das Escrituras não bastam. A despeito de poderem acreditar que a Bíblia é uma revelação válida, não identificam esse livro com uma revelação infalível. Os liberais não empregam «textos comprovantes» para neles basearem qualquer conhecimento. Estudam a Bíblia como estudariam qualquer outro livro, motivados por considerações linguísticas, históricas e sociais. Não aceitam a Bíblia  como autoridade absoluta, isto é, que seja perfeita­mente veraz, completa e sem erro. Procuram separar ali o falso do verdadeiro. O liberalismo, naturalmen­te, é tão antigo quanto o cristianismo, mas tornou-se especificamente proeminente na igreja a partir do século XIX e já em nosso século XX, pelo que se trata de um movimento um tanto moderno, com um tipo de pensamento teológico mais universal. Assim é que surgiu o «modernismo», termo largamente utilizado como sinônimo de liberalismo.
Por causa da base muito vasta do pensamento «liberal», há muitas variedades de liberais, a começar por aqueles que poderiam ser considerados essencial­mente conservadores (isto é, aqueles que mantêm algumas poucas opiniões liberais, paralelamente a pontos de vista conservadores) e terminando por aqueles que negam terminantemente qualquer dou­trina sobrenatural, que podem até mesmo ser indivíduos ateus que encontram algum valor nos princípios religiosos, mas separadamente de seus valores «metafísicos». Muitos indivíduos liberais enfatizam os elementos sociais e éticos da religião, e não os elementos doutrinários. A leitura de exposições bíblicas feitas por liberais revela que alguns milagres são aceitos por eles, enquanto que outros são rejeitados; algumas das declarações de Jesus são aceitas como autênticas, mas outras são rejeitadas como palavras da igreja que foram postas nos lábios de Jesus algum tempo depois dele ter vivido na terra. Alguns liberais aceitam uma espécie de divindade em Jesus, ao passo que outros só vêem uma pessoa humana de considerável valor. Alguns rejeitam as tendências principais do ensinamento evangélico. Por exemplo, alguns vêem um Jesus patriota e político, e não meramente um Jesus religioso, crendo que Cristo morreu principalmente como vítima do estado romano, por ser um ativista político. Essa é a tese dos recentes livros escritos pelo padre anglicano S.G.F. Brandon, «Jesus and theZealots» (Scribners) e «The Trial of Jesus» (Stein & Day). Esse autor acredita que o evangelho original (o de Marcos), por causa das perseguições movidas pelas autoridades romanas (perseguições essas que então começavam), evitou implicar Roma na morte de Jesus e assim exagerou grandemente a parte desempenhada pelos judeus. Isso teria sido seguido pelos demais evangelhos, e assim Roma ficou quase isenta de culpa, ao mesmo tempo que se criou uma espécie de «anti-semitismo». Tais idéias, como é lógico, forçosamente negam de todo o valor total ou a natureza fidedigna das narrativas que se encontram nos evangelhos, e especulam com pequenos «indícios» a fim de criar argumentos. Por exemplo, a purificação do templo, por Jesus, é vista não principalmente como um ato religioso, que se teria originada na indignação de Cristo, em face dos abusos religiosos das autoridades judaicas, mas antes, como um «ataque» ao tesouro do templo, a fim de desapossar seus diretores sedentos de dinheiro, e tudo isso em favor dos pobres. Esse ato, pois, é visto pelos liberais como uma ação social e política, e não como ação religiosa. Por conseguinte, Jesus teria morrido como patriota, nas mãos de estrangeiros romanos, um «rebelde-mártir» em prol de seu povo. Esse tipo de interpretação é típico do liberalismo, o qual não se sente obrigado a aceitar, totalmente e sem questão, as declarações do N.T. acerca da identidade e do ministério de Jesus Cristo.
g.    Triteísmo
Existem alguns que veem Jesus como Deus, isto é, que adotam a divindade de Jesus, mas que não aceitam o conceito trinitário da deidade. O triteísmo é a opinião de que existem três deuses, a saber, Pai,  Filho e Espírito Santo. Esses três são distinguidos por uma essência de ser que os alça acima de todos os outros seres, o que lhes confere o direito de serem chamados deuses. O triteísmo, em realidade é uma forma de politeísmo. Alguns que professam crer no «trinitarismo», por equivoco, realmente crêem no «triteísmo». O triteísmo ensina uma substância separada, bem como personagens separados. João Filipon, do século VI D.C., mediante uma interpreta­ção extrema do trinitarismo, na realidade ensinava o triteísmo. Ensinava ele que três hipóstases devem significar três substâncias. Roscelin, do século XI D.C., ensinava que as pessoas da trindade são apenas nominalmente uma, a saber, apenas quanto ao nome, ou por designação apenas, e não como realidade. Isso não passa de triteísmo. Entre os grupos que atualmente se dão o título de cristãos, existem aqueles que defendem o triteísmo. Um exemplo notável disso é o mormonismo. Muitos crentes individuais não compreendem o conceito trinitário de Deus, e de fato são triteístas, sem distinguirem a diferença.
h.  Posição do N.T. (ortodoxa, trinitária)
O conceito de Jesus, que finalmente veio a ser reputado ortodoxo, de conformidade com as páginas do N.T., é a explicação trinitária. Ao identificarmos a Jesus, adicionamos a isso o ensino da sua verdadeira humanidade, e mediante esses dois conceitos (trinitá­rio e humano), chegamos à verdadeira identificação. A palavra «trindade» não se encontra na Bíblia, nem no Antigo nem no Novo Testamentos. Foi empregada pelo pai Tertuliano, já desde o fim do século II. D.C. Tomou-se uma parte formal da teologia cristã pelo século IV de nossa era. Essa é uma doutrina distintiva do cristianismo, e «reúne, em uma única grande generalização, com referência ao ser e às atividades de Deus, todos os principais aspectos da verdade cristã» (Lowry). O vocábulo trindade é meramente uma tentativa teológica de definir, em termos mais ou menos compreensíveis, a substância de Deus, declarando que Deus é um em seu ser essencial, mas que a essência divina existe em três formas ou modos, cada uma constituindo uma pessoa; mas ainda assim, de tal modo, que a essência divina existe em cada uma dessas pessoas. Mas a grande realidade é que ninguém, realmente, pode compreender o que isso significa, mas tudo não passa de uma tentativa de esclarecer algo acerca de Deus. O conhecimento humano é tremendamente limitado até mesmo quanto à questão material mais simples; pelo que também certamente é impossível para nós compreender realmente a essência e as manifestações de Deus. O que sabemos nos é transmitido em termos humanos, que compreendemos por meio de padrões humanos. Ninguém pode reivindicar para si mesmo grande conhecimento acerca da essência de Deus. Podemos conhecer um pouco mais acerca de suas obras, mas até mesmo nesse particular nossa compreensão humana é limitada pelo fato de que tudo nos chega em formas humanas, e não divinas. O concilio de Nicéia (325 D.C.) se pronunciou contra o arianismo e em favor do trinitarismo «Deus de Deus, luz da luz, vero Deus de vero Deus, sendo de uma só substância com o Pai» (falando acerca do Filho). Isso é «trinitarismo»; mas fica bem aquém da verdadeira compreensão das questões abordadas, pois qualquer exemplo apresentado para ilustrar o trinitarismo, necessariamente terá de ser insuficiente e inadequa­do.
Essa doutrina não é bem desenvolvida no A.T. e as tentativas de vê-la na palavra •elohim», uma palavra hebraica no plural que indica Deus, não são bem fundadas no idioma hebraico. Essa forma plural era usada para magnificar o conceito e elevar o sentido, isto é, o plural agia como uma forma de aumentativo,e não indicava, necessariamente, o plural em número. Não obstante, pode-se ver traços dessa doutrina em Deus e seu Espírito, no Anjo do Senhor (que era chamado pelo nome divino) e no Servo do Senhor (indícios messiânicos). Nas passagens de Pro. 8:22 e Jó 28:23-27, a Palavra ou Verbo é personificada como a Sabedoria. O trecho de Isa. 9:6 atribui divindade ao «filho que nasceu», e toda a terminologia desse trecho sugere igualdade com o Pai. O Espirito de Deus tem proeminência sobre tudo quanto lhe pertence, e ninguém pode defender, pelas Escrituras, que o Espírito Santo é meramente uma espécie de influência, e não uma pessoa, (ver Isa. 9:2; 42:1; Joel2:28 e Eze. 36:26,27). Todos os elementos se acham presentes, mas disso não se seguiria obviamente o trinitarismo, a menos que o N.T. não tivesse sido escrito. £ por esse motivo que os judeus não são írinitários.
O Trinitarismo é mais claro no N.T. Ali, Pai, Filho e Espirito Santo são reconhecidos como pessoas distintas, com atividades diversas; não obstante, ao mesmo tempo o N.T. procura preservar o monoteís­mo. Essa dualidade de expressão leva-nos ao trinitarismo. Três pessoas, mas ao mesmo tempo um Deus (não três deuses) — isso é o que o trinitarismo tenta definir. São numerosas as referências à distinção que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Um desses principais exemplos é a narrativa do batismo, onde as três pessoas se fizeram presentes. O Filho foi imerso, o Pai falou do céu, e o Espírito desceu em forma de pomba, (ver Mat. 3:16,17). A fórmula batismal, dada na Grande Comissão — «…em nome do Pai, e do Filho e do Espirito Santo…» demonstra a mesma verdade (Mat. 28:19,20). Entretanto, tais declarações poderiam provar, igual­mente, o triteísmo, e alguns têm frisado que as três personagens, na cena do batismo, foram vistas a ocupar diferentes lugares no espaço. A benção apostólica — «A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírto Santo sejam com todos vós» (II Cor. 13:13) — demonstra o uso que havia na igreja primitiva e que as três pessoas eram vistas como dotadas de essência e exaltação especiais e idênticas, segundo se pode subentender seu esforço.
Passagens como Fil.2 ensinam a igualdade entre Pai e Filho. Passagens como João 1, Col. 1 e 2, Efé. 1 e Fil. 2, ensinam a divindade do Filho. Passagens como Luc. 1:35; João 15:26: Atos 2:32,33, ensinam o ministério do Espírito Santo, e também sua personalidade e suas relações para com o Pai e o Filho. Todavia, tudo isso poderia indicar triteísmo, e não trinitarismo. Para essa indicação precisamos depender de declarações neotestamentárias que defendem o monoteísmo, das quais I Cor. 8:6 serve de exemplo, e que tem o propósito de negar especifica­mente as noções politeístas (como no vs. 5 do mesmo capitulo) — «…todavia, para nós há um só Deus, o Pai… e um só Senhor, Jesus Cristo…» Se continuar­mos vinculando o N.T. ao V.T., então teremos de interpretar o pensamento do N.T. de acordo com o V.T., onde há declarações como «…eu sou Deus, e não há outro» (Isa. 45:22); «Há outro Deus além de mim?Não, não há outra Rocha que eu conheça» (Isa. 44:8); «…eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim»(Isa. 46:9). O N.T., interpretado à luz do A.T., elimina a possibilidade de qualquer tipo de interpre­tação politeísta, e o triteísmo é politeísmo. Não é provável que a igreja primitiva, sendo composta essencialmente de judeus, e tendo seguido essencial  mente os princípios da teologia judaica, tivesse sido politeísta. O trinitarismo oferece o único meio de escape para que se possa aceitar a divindade do Filho e do Espírito Santo, sem que se deixe de ser monoteísta. Continua havendo um só Deus, mas existente em três essências, em três expressões dessa essência. Naturalmente que não compreendemos muito sobre o sentido dessas palavras, e certamente nada das realidades por detrás delas, porquanto compreendemos pouquíssimo acerca da essência de Deus. De fato, nem sabemos do que se compõe a matéria… quanto menos a Divina Substância.
Não obstante, pode-se tentar descrever Deus em termos que tenham sentido para nós, e essa tentativa leva-nos ao conceito trinitário, e não ao triteísmo. A palavra «pessoa» pode ser ilusória, pois esse termo sempre designa para nós um indivíduo separado, racio­nal e moral. Mas, no que diz respeito ao ser de Deus (de acordo com o pensamento trinitário), não existem três indivíduos, mas três autodistinções pessoais dentro de uma única essência divina. No homem a personalidade indica independência; mas, ao aplicar- se a Deus, isso não é verdade. Cada pessoa é autoconsciente e auto-orientada, mas jamais indepen­dente das demais. Deus é uma unidade, e não dividido em três partes. Dentro dessa unidade, todavia, há diversidade. O Pai é a fonte da vida e da criação. Ele é o primeiro. Diz-se ser ele o originador. O filho é a fonte da vida e da criação. Ele é Alfa; ele é Ômega. O Filho é eternamente gerado com o Pai; ele é o segundo. O Espírito, que procede eternamente do Pai e do Filho, é o terceiro. Diz-se que ele é o executor da vontade divina. Esses termos, primeiro, segundo e terceiro, não indicam nem prioridade de tempo, nem de existência e nem de dignidade, poder ou posição. Todas as três pessoas são igualmente eternas, iguais em dignidade e poder. Portanto, usamos esses termos para ajudar-nos a compreender algo de suas manifestações.
Mas Jesus, o filho de Deus, também se tornou homem  — Certamente que o N.T. ensina isso. O segundo capítulo de Filipenses ensina, bem definidamente  a humanidade de Jesus, em sua encarnação. O Filho esvaziou-se, não de sua divindade,’ mas de seus direitos e poderes, bem como de seu conhecimento — como homem. Palmilhou pela vereda que os homens devem seguir, e sob condições próprias aos homens. Jesus «…aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu…» (Heb. 5:8). Também não sabia todas as coisas (ver Mar. 13:32), mas dependia de Deus-Espí- rito Santo a fim de desenvolver-se como homem e tornar-se suficientemente poderoso para realizar os prodígios que fez. Sofreu as dores e tristezas próprias a todos os homens e, no jardim do Getsêmani, hesitou e enfraqueceu sob a tremenda carga. Contudo, foi vitorioso, não por ser Deus (embora o fosse), mas por causa daquilo que chegara a ser como homem. Jesus era verdadeiro homem, porquanto a encarnação foi real. Um número demasiado de elementos da igreja acredita em um Jesus docético (ver «b» na discussão anterior). Ver o artigo separado sobre a Humanidade de Cristo, e o texto bíblico, Fil. 2:6,7.
Jesus, portanto, era o Deus-Homem — mas verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Como juntar esses pensamentos num só é algo impossível, pois o hiato entre o que conhecemos de Deus e o que conhecemos do homem é demasiadamente lato. Podemos descrever muita coisa do lado humano, e pouquíssimo do lado divino, mas essa doutrina nos apresenta um paradoxo, isto é, um ensino que parece contradizer a si mesmo. Mas, apesar da aparente contradição, suas implicações são importantíssimas,  porquanto no Deus-Homem vemos revelados os propósitos de nossos destinos. Ele tomou sobre si mesmo a natureza humana, a fim de elevar-nos de nossa triste condição humana. Sua vida tomou-se o padrão da nossa, não só moralmente, mas também no aspecto metafísico, porquanto não só procuramos imitar a sua vida, mas também seremos um dia transformados segundo a sua própria imagem, assumindo a sua essência. Essa é a mais alta promessa do evangelho e, de fato, o ponto principal do evangelho. Ver as notas detalhadas no NTI sobre as implicações dessas afirmações, em Rom. 8:29 e no contexto geral daquele capítulo. O plano da encarnação, que criou o Deus-Homem, é o mesmo plano que nos eleva à alta posição na criação vindoura, como novas criaturas, como novos tipos de seres, modelados segundo a personalidade do Deus-Homem, porquanto seremos, coletivamente, a sua plenitude (Efé. 1:23). Ver notas sobre os três últimos versículos do primeiro capítulo da epistola aos Efé. no NTI, quanto aos detalhes dessas implicações..
Dessa maneira se vê a importância da identificação de Jesus, pois a descoberta de sua identificação é, ao mesmo tempo, ” descoberta de nossa identificação. (Ver a declaração introdutória a esta seção sobre «identificação»).

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