Principais Temas do Livro de Colossenses


A leitura da seção terceira, intitulada «Motivo e Propósitos», exporá ao leitor muito do que pode ser dito nesta seção. Consideremos os pontos seguintes:
O seu grande tema central é a pessoa de Cristo, o Cabeça do cosmos, o Mistério de Deus; ele é divino, mas é humano, pois efetuou autêntica expiação, mediante sua morte genuína. A grandeza de Cristo é retratada de forma gráfica na presente epístola aos Colossenses, mais do que em qualquer outro livro do N.T. Isso é assim porque Cristo, em sua pessoa e estatura espiritual, estava sendo atacado pelos gnósticos nas igrejas da Ásia Menor, interna e externamente; e, assim sendo, fazia-se mister forte defesa a fim de preservar a fé dos crentes. Quanto à específica Cristologia assim defendida, convém que pensemos nos elementos abaixo:
a.   Cristo é o doador da graça, não sendo ela conferida por alguma linhagem sombria de mediado­res angelicais;
b.  Cristo aparece associado ao próprio Pai, pelo que é superior aos chamados «aeons»; 1:2;
c.  Cristo é o verdadeiro objeto da fé (ver Col. 1:2,4);
d.  Cristo é o doador da glória celestial, o Cabeça do reino celeste;
e.  Cristo é o objeto da inquirição ética, do andar diário (ver Col. 1:10 e seus capítulos terceiro e quarto), 1:5,13;
f.  Cristo é o doador da herança (ver Col. 1:12);
g.  Cristo fez expiação: sua encarnação foi real, como reais foram a sua morte e a sua importância cósmica (ver Col. 1:14,20,21);
h.  Cristo é o Reconciliador e isso em escala cósmica (ver Col. 1:21);
i.   Cristo é a Imagem do Deus invisível, seu revelador (ver Col. 1:15); e tal oficio não pode ser atribuído aos «aeons»;
j. Cristo é o criador (até mesmo dos «aeons») e o sustentador da criação (ver Col. 1:17), o alvo mesmo da criação e de todos os seres inteligentes (ver Col. 1:16), isto é, ele é o Alfa e o Omega;
k. Cristo é o Cabeça da Igreja, o primogênito, que ocupa o lugar de maior proeminência;
1. Em Cristo habita toda a «plenitude» («pleroma») de Deus (ver Col. 1:18,19 e 2:9);
m. Cristo, em sua missão terrena, sofreu e morreu; ele não é algum «aeon» que tornou-se possuidor do corpo humano e que agiu como se fosse tal. Podemos participar dos seus sofrimentos (ver Col. 1:24);
n. A grande realidade mística do cristianismo é a presença de Cristo em nós, mediante seu Espírito. Isso traz o divino ao humano, pelo que é declarada falsa a posição do deísmo que haveria um ser supremo, mas que nada tem a ver com o seu universo, pois seria sempre transcendental (ver Col. 1:27);
o. Cristo é o alvo de toda a busca pela perfeição (ver Col. 1:28);
p. Cristo é o inspirador dos labores apostólicos (ver Col. 1:25,29), pelo que devemos lealdade ao evangelho apostólico;
q. Cristo é o mistério de Deus, em quem residem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (em contraste com o pretenso conhecimento dos gnósticos) (ver Col. 2:2);
r. Cristo compartilha conosco da plenitude de Deus, pelo que chegamos a participar da natureza divina (ver II Ped. 1:4 e Col. 2:10); e assim a plenitude divina é por nós compartilhada sem a perda da identidade pessoal, conforme ensinavam erroneamen­te os mestres gnósticos;
s. Temos comunhão mística com Cristo, em sua morte e ressurreição; e isso é a base de toda a moralidade, pois ele é o padrão da moralidade (ver Col. 2:11-12 e seus capítulos terceiro e quarto);
t. Cristo é o vencedor de todo o mal, o qual dá liberdade à alma e aos homens, em suas observâncias religiosas (ver Col. 2:14-18);
u.  Cristo é o Cabeça cósmico de tudo, devendo ser reconhecido como tal pelos homens (ver Col. 2:19);
v. Cristo não nos confere o espírito de ascetismo, mas de liberdade (ver Col. 2:20-23);
w. A vida ressurreta de Cristo nos é transmitida misticamente, de tal modo que obtemos vitória sobre o pecado (ver Col. 3:1 e ss);
x. A morte de Cristo, além de ter servido como expiação pelo pecado, igualmente nos é misticamente transmitida, pois o seu Santo Espírito leva-nos a morrer para o mundo e viver para Deus (ver Col. 3:1-5);
y. Cristo vence todos os vícios pagãos que antes nos cativavam (ver Col. 3:5-10);
z. Cristo regulamenta toda a conduta cristã, pois ele é o Homem ideal (ver Col. 3:11 e ss).
Assim sendo, pode-se ver que todas as grandes doutrinas da presente epístola são apoiadas sobre a natureza de Cristo como Cabeça e como Deus; mas sob hipótese alguma sua humanidade autêntica ou sua missão terrena é apagada ou ignorada dentro desse elevadíssimo acontecimento. A seção prática desta epístola também se alicerça sobre a pessoa de Cristo (ver os capítulos terceiro e quarto deste livro), pois a vida piedosa, na realidade, consiste em participarmos de sua vida eterna e ressurreta, uma vez’ que tenhamos morrido para o mundo (ver Col. 3:1-5). E todas as questões práticas e morais, bem como todas as questões de lealdade, têm solução em Cristo.

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