Principais Temas da Escatologia dos livros Apócrifos e Pseudoepígrafos


Ver o artigo geral sobre os livros Pseudoepígrafos. No artigo sobre I Enoque mostramos que dificilmente hà alguma seção do Novo Testamento que não demonstre alguma dependência a esse livro. Na sexta seção desse artigo, alistamos e discutimos onze paralelos onde o Novo Testamento utilizou-se de doutrinas desenvolvidas na literatura pseudoepígrafa. No que se relaciona especificamente à escatologia,  há três itens: (1) 1. o reino; (2) 2,3. a personagem messiânica (Messias celestial, ver também VII. 4); (3) 8. a era áurea, ou seja, o reino messiânico que separará o antigo ciclo (então destruído) do estado eterno. E em 3:8 o ponto de vista geral sobre o julgamento, seu fogo, sua fornalha, o lago do fogo, e os terrores gerais do mesmo. As descrições do Novo Testamento, acerca dessas questões, procedem de livros pseudoepígrafos, e não do Antigo Testamento. Na sétima secção do artigo sobre I Enoque, discutimos os problemas criados pelo uso que os autores do Novo Testamento fizeram das obras pseudoepígrafes. No terceiro item daquela secção propomos que a tradição profética teve um desenvol­vimento genuíno naqueles documentos, que foi além daquilo que está contido no próprio Antigo Testamen­to, antecipando um maior desenvolvimento ainda no Novo Testamento. E sob o quarto ponto da sétima secção, discutimos sobre o Messias celestial de I Enoque, e como isso se relaciona a ensinos similares do Novo Testamento.
Alem desses paralelo, oferecemos aqui as seguintes doutrinas passam por um desenvolvimento histórico — o purgatório, pois, poderia ser relacionado à parte melhor do sheol, ainda que com muitos reparos, pois o sheol nunca foi concebido como um lugar de sofrimentos, como se dá no caso do purgatório.
1.   Sabe-se que há um lado bom no sheol; ou, talvez, que há uma residência separada para as almas em foco no Apocalipse de Moisés 33:4; Baruque 21:23 ss e IV Esdras 7:75. Pode-se ver, com base nesses versículos, que o Novo Testamento incorpora esses pontos de vista em alguns lugares, como em Lucas 16:19 ís. Nas obras pseudoepígrafas há várias histórias de descidas ao hades, paralelas ao trecho de I Pedro 3:18 — 4:6. Discuto sobre isso em meu artigo detalhado sobre a Descida de Cristo ao Hades, em sua seção quarta, onde são mencionadas certas dependên­cias literárias. Essas histórias têm importantes implicações, quanto ao estado final dos homens, e também no tocante as formas de oportunidade que os homens ali terão de obter a salvação.
2.   O Messias e o seu reino. Temos exposto algo dos ensinos de I Enoque a esse respeito e como há paralelos no Novo Testamento. Ensinos similares acham-se nos Oráculos Sibilinos 3:652-660; Salmos de Salomão 17.27,31,37,41. Entretanto, o livro de IV Esdras não alude ao reino messiânico. Vários dos livros apócrifos e pseudoepígrafos reiteram a esperança na restauração de Israel.
3.   A ressurreição também aparece no Apocalipse de Moisés 41:3, tanto para os justos quanto para os injustos. A questão é abordada de forma literal. Deus é retratado a formar corpos humanos similares aos corpos que morreram. Desse modo, as pessoas ressurretas seriam reconhecidas. Ver Oráculos Sibilinos 4.179ss, que parece ser também o ensino de II Macabeus 7.9. Mas parece que o ensino deste último trecho discorda um tanto do de 25:4 do mesmo livro, pois, nesta última passagem há menção somente à ressurreição de justos. Enoque faz do corpo ressurreto uma vestimenta de glória (62.15,16), o que é semelhante a expressão de Paulo em I Coríntios 15. O ponto de vista de II Baruque 50 não tem paralelo. Ali os corpos dos ressurretos assemelham-se aos corpos físicos anteriores. Mas, o corpo ressuscitado dos justos vai adquirindo glória cada vez maior, até ultrapassar a glória dos próprios anjos, transformando-se em estrelas gloriosas. Por outra parte, os corpos dos ímpios vão se dilapidando e entrando em decadência. Em acréscimo à consterna­ção destes últimos, como um castigo, eles podem contemplar o progresso dos justos, em um esplendor cada vez mais ofuscante, ao passo que eles mesmos vão murchando.
4.   O julgamento. Temos mostrado, em nossa discussão sobre I Enoque (o que sumariamos no começo desta seção), que várias ideias do Novo Testamento derivam-se diretamente desse livro. Mas, há outros paralelos. Os trechos de Enoque 47.3; 90.2-27 e IV Esdras 7.33 fazem o julgamento proceder do trono de Deus, segundo se vê no vigésimo capítulo do Apocalipse. Deus ou o Messias é o Juiz, nessas cenas. Recompensas ou castigos seriam distribuídos de acordo com as obras de cada um. Os ímpios são consignados ao sheol, que ficaria sob a superfície da terra. Os justos, por sua vez, entrarão no paraíso, o que seria ou a porção boa do sheol ou um lugar separado, como um dos muitos céus. O terceiro céu é o mesmo paraíso de II Enoque; mas, nesse livro, a habitação de Deus fica no sétimo céu.

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