O Texto Grego do Apocalipse


A confirmação, por parte de manuscritos antigos, ao texto do livro de Apocalipse, é mais fraca que aquela relativa a qualquer outro livro do N.T. No entanto, essa confirmação ao Apocalipse original é mais forte do que aquela relativa a qualquer obra extra bíblica da antiguidade. Sabe-se bem que o N.T. é o mais bem confirmado documento dos tempos antigos. Há mais de cinco mil manuscritos gregos, mais de dez mil traduções latinas, e numerosas outras traduções e extensas citações feitas pelos primeiros pais da igreja, através das quais quase o N.T. inteiro pode ser reconstituído, e que não pertencem a data posterior ao século III D.C. Outrossim, os manuscri­tos pertencem a uma data bem mais próxima dos originais do que se dá no caso de qualquer outro documento antigo.
Portanto, apesar de que há muitas variantes e alguns problemas textuais difíceis, a restauração do texto original do livro de Apocalipse tem sido realizada com alto grau de exatidão. Entre os cinco principais manuscritos unciais há mais de mil seiscentos e cinquenta variantes; e as variantes dos manuscritos cursivos posteriores, naturalmente, são muito mais numerosas do que isso. Contudo, na maioria dos casos, os textos originais podem ser restaurados com alto grau de confiança. Quando Erasmo compilou o Textus Receptus, de onde surgiu o primeiro texto impresso do N.T. grego, e de onde se tem derivado a maioria das primeiras traduções do N.T. para diversos idiomas, ele tinha a sua disposição apenas um manuscrito grego, chamado Codex 1, um minúsculo (ou cursivo) do século XII ou XIII. Esse manuscrito é ao mesmo tempo inexato e defeituoso. Não havia testemunho em favor do trecho de Apo. 22:16-21, e Erasmo foi forçado a suprir esse trecho do latim, que transcreveu para o grego. Edições posteriores do texto grego, como os de Tischendorf, Weiss, Westcott e Hort e o Texto de Nestle, além do N.T. grego das Sociedades Bíblicas Unidas, mostram- se muito mais exatas, baseadas como estão em testemunhos mais antigos.
Os principais testemunhos sobre o texto grego do livro de Apocalipse, de que dispomos em nossos dias, e que servem de fontes para os modernos textos gregos, como os de Nestle e o das Sociedades Bíblicas Unidas, são os seguintes:
P(18), um manuscrito escrito em papiro, datado dos séculos III ou IV D.C., e que contém o trecho de Apo. 1:4-7.
P(47), um manuscrito escrito em papiro, datado do século III D.C., que encerra a passagem de 9:10-17:2.
Aleph, um manuscrito escrito em pergaminho, pertencente ao século IV D.C., intitulado “Sinaítico”, que é um dos testemunhos centrais de todo o N.T.
Esse manuscrito pode ter sido um dentre cinquenta cópias do N.T. que Eusébio produzira, por ordem de Constantino e contém o livro completo do Apocalipse. Infelizmente, o códex Vaticanus (B) não contém o texto sagrado depois da passagem de Heb. 9:14, pelo que não pode dar testemunho sobre o texto do livro de Apocalipse. Quanto a informações gerais sobre esses manuscritos, bem como ao estudo geral e à teoria da crítica textual, ver o artigo sobre esse tema.
Codex A. Esse manuscrito é uncial, escrito em pergaminho, e data do século V D.C. É chamado «Alexandrino». Ali o Apocalipse aparece completo. A maioria dos críticos textuais acredita que é o texto mais puro dentre todos os manuscritos do Apocalipse. Porém Aleph, os papiros e C estão em consonância essencial, formando um bloco de manuscritos que confirmam o mesmo texto geral, o mesmo tipo de texto.
Codex C. É chamado «Ephraemi», um manuscrito em pergaminho, pertencente ao século V, defeituoso em muitos lugares; mas foi restaurado em certos trechos, nos quais concorda essencialmente com os papiros, Aleph e A.0207 é um manuscrito uncial escrito em pergami­nho, pertencente ao século IV D.C., que também concorda com os testemunhos acima, pertencente ao mesmo tipo, embora não contenha o livro inteiro do Apocalipse.
Os manuscritos unciais 046 (datado dos séculos VIII ou IX D.C.) e P (datado do século X D.C.), além de grande número de manuscritos minúsculos, derivados de após o séc. IX D.C., representam o texto bizantino ou eclesiástico do livro de Apocalipse, que veio à existência mediante a mescla de vários textos, adições escribais e correções (algumas vezes feitas no mau grego do original). Esse texto mesclado, entretanto, como é óbvio, é inferior ao dos demais papiros e manuscritos unciais. Mas foi esse texto, em sua forma posterior, representada pelo codex 1, que foi usado para a compilação do Textus Receptus de Erasmo.
Variantes Textuais comentadas neste artigo. Abaixo damos os lugares onde figuram as variantes textuais mais importantes do livro de Apocalipse: Apo. 1:5,6,8,11,15, 2:2,10,13,16,20,22,23; 3:2,5,7; 5:1,4,6,9,10,13,14; 6:1-5,7,8,11,12,17; 7:12,17; 8:1, 6-8,13; 9:7,10,12,13,19-21; 10:4,5-7,10; 11:2,3,12, 15,17,19; 12:10,18; 13:1,6,7,15,17,18; 14:3,5,6,8, 13,18-20; 15:2-4,6; 16:1,4,16,18; 18:2,3,7,8,11,13, 14,17,20,22; 19:5-7,11,12,13,17; 20:2,6,9,12; 21:3-6,10; 22:5,11,14,19,21.

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