Visão Geral do Conteúdo: Análise, Conceitos de Arranjo


1. O livro de Apocalipse começa com uma declaração de sua autoridade divina (o único livro do N.T. que contém tal assertiva), copulada a uma promessa de bênção para aqueles que ouvirem a leitura pública do livro (nas igrejas locais) e para aqueles que o lerem. Essa declaração é, ao mesmo tempo, uma explicação do tema do livro, isto é, Jesus Cristo, o Alfa e o Omega da existência de todos os seres inteligentes. (Ver Apo. 1:1-3).
2. Isso é seguido pela saudação geral às sete igrejas da Ãsia Menor, que seriam as primeiras a receber o livro. O próprio Cristo é visto a saudar à igreja, juntamente com João, além de ser retratado como o Alfa e o Omega, o verdadeiro objeto de adoração, em contraste com os imperadores romanos, como Domiciano, que requeriam tal adoração dos súditos romanos. Essa saudação promete a parousia ou segunda vinda de Cristo, dando a entender a conversão do povo de Israel (Ver Apo. 1:4-8; comparar com Rom. 11:26 e ss ).
3.   A secão seguinte localiza o lugar onde foi recebida a visão—Patmos, a cinquenta e seis quilômetros ao largo da costa da Asia Menor (moderna Turquia), além de descrever o aparecimen­to e a glória de Cristo, conforme ele se mostrou a João e conforme o Apocalipse teve inicio. (Ver Apo. 1:18-29).
4.   Sete cartas são dirigidas às sete igrejas, que originalmente receberam o livro, cada uma das quais descreve as ;— condições da igreja — particularmente endereçada, com instruções, advertências e promes­sas. Essas cartas talvez profetizem sete períodos da história eclesiástica, mas certamente refletem as condições reais da igreja cristã, quando o livro foi escrito. (Ver Apo. 2:1-3:22).
5.   A substância geral do livro de Apocalipse, que é a cena nos céus (ver seu quarto capítulo), onde se vê a glória celestial de Cristo, e em cuja mão aparece o rolo selado com sete selos, dá a substância geral das revelações a serem desdobradas nas narrativas subsequentes. Somente o exaltado Senhor e Cordeiro, que é Cristo, é digno de quebrar os selos e publicar a sua mensagem (ver o quinto capítulo do livro). Cinco selos, que revelam horrendos juízos, são abertos (ver o sexto capítulo do livro).
6.   O capítulo sete é um parêntese que explica que todo o grupo dos mártires será selado (talvez o novo Israel ou o «antigo Israel fiel ao Senhor»), que literalmente envolve cento e quarenta e quatro mil pessoas, ou um número representado por essa quantidade. Esses mártires são vistos em adoração e serviço celestiais. Serviram bem em sua missão terrena, e agora estão exaltados. O selo de Deus garante tanto seu martírio bem-sucedido como sua salvação e sua subsequente glória divina. Eles «pertencem» a Deus por causa dessas coisas, e foram «selados» por causa das mesmas. O nono versículo mostra que o período de tribulação também será um período de grande número de salvações, porquanto muitíssimas pessoas encontrarão a Cristo em meio as tribulações.
7.   O oitavo capítulo volta a falar sobre o partir dos selos do rolo. Do sétimo selo emerge o julgamento das sete trombetas. No oitavo capítulo são soadas quatro dessas trombetas, e terríveis julgamentos caem sobre a terra. Acerca do «tempo» em que tais julgamentos terão lugar (juntamente com tudo o que é descrito nessa análise), ver as várias formas de interpretação, na seção XII do presente artigo. O oitavo capítulo encerra o julgamento das quatro primeiras trombetas.
8.   O nono capítulo encerra os julgamentos da quinta e da sexta trombetas, por causa dos quais é destruído um terço da população da terra.
9.   O autor interrompe sua descrição dos horrores o bastante para descrever o julgamento iminente, pior do que tudo quanto até então vinha sendo descrito, mediante o símbolo do «livrinho» ou «rolo», que é um escrito profético de total condenação para os ímpios. Era «doce» em sua boca, quando o «comia», porque os poderes malignos haveriam de ser transformados, o que será benéfico para toda a criação. Mas era amargo em seu estômago, porque falava de terrores que serão sofridos pelos homens (ver o décimo capítulo).
10.   O décimo primeiro capítulo também é parentético. Descreve as duas testemunhas que atuarão durante a tribulação. Talvez simbolizem alguma coisa, ou podem ser pessoas literais, como «Enoque e Elias», Elias e Moisés, etc. As duas testemunhas darão seu testemunho durante mil; duzentos e sessenta dias, serão mortas e ressuscitarão. Esse incidente visa demonstrar que aqueles a quem Satanás mata, por terem sido fiéis a Cristo, deverão viver em triunfo. E isso é verdade se nos referimos às. perseguições do tempo de Nero e Domiciano ou aos horrores da vindoura tribulação, ao fim da era presente, imediatamente antes da segunda vinda de Cristo.
11.  O trecho de Apo. 11:15-19 encerra o soar da sétima trombeta, do que resultarão os juízos finais das taças de ira, com suas sete condenações ou «ais».
12.   Os capítulos doze e treze descrevem, sete personagens de grande importância para os futuros acontecimentos, descritos no Apocalipse. Esses personagens são: Israel (a mulher); Satanás (o destruidor); Cristo (o filho de Israel); o arcanjo Miguel e sua luta nos céus, em favor do bem, o que provocará a queda de Satanás e seus poderes angelicais; a descendência de Israel, o remanescente judaico, que, figuradamente, talvez também inclua o novo Israel-, e a «besta que saiu do mar» e a «besta que saiu da terra», ou seja, o anticristo e seu falso profeta, já no décimo terceiro capítulo. Ê interessante que profecias místicas confirmam que esses dois personagens já estão vivos. De acordo com essas mesmas previsões, veremos o inicio de sua manifestação por volta do ano de 1993. (Ver o artigo sobre o Anticristo).
13.   O capítulo catorze encerra um outro parêntese. Contrasta os adoradores da besta; o anticristo, com os discípulos fiéis de Cristo, o Cordeiro.— Em vez de adorarem ao imperador (Domiciano) e, profeticamen­te, ao anticristo, eles adoram ao Filho de Deus. Esses, embora tenham morte terrível, serão abençoados com a vida eterna, em contraste com os adoradores do anticristo, que aguardam a segunda morte. Antes disso, terão de sofrer os terrores do Armagedom.
14.   O décimo quinto capítulo introduz os juízos das sete taças, com uma cena celeste que preparará o caminho para tais julgamentos. Nos céus são vistos aqueles que triunfaram sobre a besta, sobre sua marca, seu número e seu aterrorizante reinado, porquanto entraram no descanso, na presença de seu Senhor.
15.   O décimo sexto capitulo descreve os juízos das sete taças, bem como uma nova série indizivelmente severa de julgamentos, que sobrevirão ao mundo, em prodigiosa demonstração da ira de Deus.
16.   Das sete taças emergiram as sete «condenações». A primeira, que é a da Babilônia (Roma), mas que profetiza a esfera de governo do anticristo, ocupa os capítulos dezessete e dezoito.
17.   Antes do reinicio das «condenações», o décimo nono capítulo descreve as quatro «aleluias» dos santos glorificados. E isso é seguido por uma visão do hino do casamento do Cordeiro e sua noiva (a igreja). Poderíamos arranjar o trecho de Apo. 17:1-19:10 em «sete visões», todas as quais envolvem «Roma», a saber: 1. a prostituta; 2. interpretação da prostituta e da fera (ou besta); 3. proclamação angelical sobre a queda de Roma; 4. exultação dos santos e lamento dos povos em face da queda de Roma; 5. lamentação final sobre a cidade; 6. as «aleluias» dos santos; 7. hino matrimonial.
18.   Seguem-se sete visões sobre o fim do governo e da era de Satanás, a saber: 1. A «parousia» ou segundo advento de Cristo, a fim de julgar: o Cristo conquistador (ver Apo. 19:11-16). 2. Visão da vitória de Cristo sobre o anticristo (ver Apo. 19:17-21). 3. Visão da prisão de Satanás por mil anos (ver Apo. 20:1-3). 4. Visão do reino milenar de Cristo (ver Apo. 20:4-6). 5. Visão de Gogue e Magogue derrotados e lançados no lago de fogo, juntamente com Satanás, o que assinalará o fim de sua era e governo (ver Apo. 20:7-10). 6. Desaparecimento dos céus e da terra; o grande julgamento (ver Apo. 20:11-15). 7. Visão da nova criação e da era eterna de Deus (ver Apo. 21:1-8). Nessas visões temos a continuação das «condenações». A primeira é a destruição da Babilônia (capítulos dezessete e dezoito); a segunda é a condenação da besta; a terceira é a de seu falso profeta; a quarta é a dos reis ou apoiadores do anticristo; a quinta é a de Gogue e Magogue; a sexta é a do próprio Satanás; a sétima é a dos incrédulos aliados de Satanás e do anticristo.
19.   Finalmente, chegamos à criação de novos céus e nova terra, a Jerusalém celestial, a capital da glória eterna (capítulos vinte e um e vinte e dois).
20.   Epílogo, (Ver Apo. 22:6-21). Temos aqui a última mensagem do N.T. Cristo voltará em breve. Ele é o Alfa e o Omega. Chamada ao arrependimento; advertência contra os abusos contra esta profecia.
1. Conceitos de arranjo.
 Há o conceito telescópico, com certa sucessão de acontecimentos:
Essa ideia encara o Apocalipse como uma crônica ordenada dos acontecimentos, com alguns poucos parênteses. Assim, ao passarmos de um capítulo para outro, supostamente avançamos para novos aconteci­mentos e assim passamos por uma série deles.
A era da igreja é:
«as cousas… que são” (Que retrata a época do autor sagrado). Contudo, trata-se de profecias simbólicas de coisas que «serão». Essas «coisas que são» foram precedidas pelas «coisas que eram», isto é, aquilo que João «vira», a visão inicial (ver Apo. 1:1-20). Após as cartas para a era da igreja aparecem as *cousas… que hão de acontecer depois destas», ou seja, aquilo que deverá transpirar imediatamente antes da segunda vinda de Cristo. Portanto, temos em Apo. 1:20 um esboço bem simples do livro: coisas que foram, coisas que são e coisas que hão de acontecer. No primeiro capítulo temos o passado; nos capítulos segundo e terceiro temos o presente; nos capítulos quarto a vigésimo segundo temos o futuro, os últimos dias.
As «coisas que hão de acontecer». Esses são os «últimos dias», imediatamente antes da vinda de Cristo. Os grandes juízos do período de tribulação (ou então, conforme alguns—estão incluídos vários períodos históricos).
Telescópio da Era da Igreja:
Éfeso, era apostólica
Esmirna, era de perseguições —até 316
Pérgamo, era de favor imperial -317-500
Tiatira, era negra -500-1500
Sardes, tempo da Reforma -1500-1700
Filadélfia, era das mis­sões modernas -1700-1900
Laodiceia, era da igre­ja apóstata —1900-
2. Conceito das profecias: os «duplos»
Ao interpretar o livro de Apocalipse, alguns não crêem que esteja em foco uma contínua «sucessão» de eventos (de mistura com alguns poucos parênteses). Utilizando-se do texto de Gên. 41:14 ss como chave, pensam que há apresentações paralelas dos mesmos julgamentos, e não julgamentos sucessivos. É verdade que naquele capítulo do livro de Gênesis as sete «vacas gordas» são idênticas às sete «espigas cheias» e que as sete «vacas magras» são idênticas às sete «espigas mirradas». As vacas gordas e as espigas cheias profetizavam sobre sete anos de abundância; e as sete vacas magras e as espigas mirradas profetizavam sobre sete anos de escassez.
Aplicando-se essa chave ao livro de Apocalipse, teríamos o seguinte arranjo: Os sete selos e as sete trombetas seriam espiritualmente paralelos; e os sete anjos e as sete taças seriam espiritualmente paralelos. Os selos e trombetas seriam uma «visão celeste» dos mesmos acontecimentos focalizados na terra pelos anjos e taças. Nesse caso, somente sete elementos distintos seriam encontrados no livro de Apocalipse, no tocante aos juízos, e não uma série de quatro conjuntos distintos de julgamentos. Alguns encaram esses sete elementos distintos como sete épocas da história do mundo (interpretação histórica), ao passo que outros vêem sete acontecimentos ou estágios distintos acerca dos «últimos dias», o período da tribulação. Seja como for, encontramos apenas uma série de sete elementos, e não quatro séries. Mas essa série é descrita de vários modos, sob diferentes pontos de vista, seguindo a orientação do quadragésimo primeiro capítulo do livro de Gênesis, que faz a mesma coisa, com diversos simbolismos. Já que as sete trombetas constituem o sétimo selo, então treze acontecimentos gerais são descritos no livro de Apocalipse, a saber: seis selos e sete trombetas (que enfeixariam, estas últimas, o último selo). O «sétimo acontecimento» consistiria de «sete acontecimentos». Isso poderia ser uma verdade se aplicássemos os mesmos a períodos históricos antes da segunda vinda de Cristo, ou a elementos da tribulação. Assim também o povo de Israel rodeou a cidade de Jericó por treze vezes. Nos primeiros seis dias eles a rodearam apenas uma vez cada dia; mas, no sétimo dia, rodearam-na por sete vezes. Seis mais sete é igual a treze. Isso derrubou as muralhas de Jericó, com a consequente derrota de seus habitantes. Os treze acontecimentos retratados no livro de Apocalipse, pois, porão fim ao governo de Satanás, estabelecendo o reino de Deus, como também o reinado universal de Cristo.
OS PARALELOS:
I. Os selos e anjos (os selos indicam o ponto de vista celeste; os anjos indicam o ponto de vista terreno dos mesmos acontecimentos).
II. As trombetas e as taças (as trombetas indicam o ponto de vista celeste; as taças indicam o ponto de vista terreno dos mesmos acontecimentos).
Assim sendo, teríamos o seguinte: Os selos e os anjos descrevem os mesmos acontecimentos, embora de pontos de vista diferentes; o sétimo selo se constitui das sete trombetas; as sete trombetas e os sete selos descrevem os mesmos acontecimentos de acordo com diferentes pontos de vista.
3. A teoria sincronológica. Essa teoria também apresenta apenas sete elementos ou acontecimentos gerais, que seriam eras ou épocas. As várias séries de «setes», como os selos, as trombetas, as taças, os anjos, seriam totalmente paralelas. Cada série de «sete» descreveria os mesmos acontecimentos, eras ou sucessões de eventos, mas de acordo com diferentes pontos de vista. Cada série de «sete» cobriria o mesmo período de tempo, estendendo-se até o fim de todas as coisas.
4.   Falta de qualquer arranjo de acontecimentos ou de distinção de eras. Se o livro de Apocalipse tiver de ser interpretado apenas simbólica ou misticamente, então não faz sentido falar de «eras» de «acontecimen­tos sucessivos» ou de qualquer arranjo de tempo.

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