O Conceito Bíblico de Deus


1.  O Deus da Bíblia é teísta, e não deísta. Ver os artigos separados sobre o Teísmo e o Deísmo, como também os comentários deste artigo, em sua terceira seção, pontos quatro e cinco. Isso significa que Deus não apenas transcende à sua criação, mas também que ele é imanente na mesma. Deus intervém em sua criação, alterando o curso da história e de vidas individuais, recompensando ou punindo. Portanto, Deus é quem impõe a responsabilidade moral, e não o homem, pois ele é quem estabelece as regras e determina penas para os desobedientes. As experiên­cias místicas dependem do conceito teísta de Deus. Há uma Presença que pode ser buscada, sentida e conhecida.
2.    O Deus da Bíblia é um só (ver sobre o monoteísmo), embora se manifeste como uma Trindade (que vide). Isso se refere não somente à natureza de Deus, mas também ao seu impulso de comunicar-se, porquanto é no Filho, através do Espírito Santo, que Deus se comunica com o homem.
3.  O Deus da Bíblia faz-se conhecer pela revelação. Judeus e cristãos creem que Deus quis revelar-se, tendo-o feito por meio de profetas e homens santos. Essas revelações têm-se concretizado nos livros sagrados do Antigo e do Novo Testamentos. Esse é um dos aspectos do teísmo. O desvendamento sobrenatural de Deus e as suas exigências são universais em caráter, tendo-se tomado parte da história da humanidade. A encarnação do Logos, em Jesus de Nazaré, é a suprema revelação de Deus, e o Novo Testamento é uma prolongada declaração das implicações dessa revelação. O Pai faz-se conhecido no Filho (João 14:7 ss, e cap. 17). A revelação de Deus, no Filho, tem natureza redentora e restaurado­ra, por serem esses os propósitos principais por detrás dos atos reveladores.
4.  O Deus da Bíblia é o Espirito Eterno, o Criador e Preservador Infinito, bem como o Juiz de toda a criação. Ele é também o Redentor, pois aquelas outras qualidades teriam pouca significação para os homens. A Confissão de Fé de Westminster (que vide) declara: «Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade ç veracidade». Essa declaração, infelizmente, deixa de lado o seu atributo de amor, que é a base de toda a sua natureza moral, bem como o      impulso mesmo por detrás da revelação e da encarnação de Deus, no Filho.
5.   O Deus da Bíblia é uma pessoa, em contraste com os conceitos descritos na seção III deste artigo, como o panteísmo (ponto sexto), o realismo agnóstico (ponto sétimo), o humanismo (ponto oitavo), o idealismo impessoal (ponto nono), o naturalismo religioso (ponto décimo primeiro), ou o permanente grande mistério do existencialismo (ponto décimo sé­timo). Afirmamos que Deus é uma pessoa e um espírito. E isso é o começo dos problemas, porquanto não sabemos como definir um espirito, exceto asseverando, de maneira vaga e imprecisa, que se trata de um ente não material; e também só podemos descrever os atributos de uma pessoa fazendo analogia com as pessoas humanas; mas isso faz as descrições ficarem muito aquém da realidade toda de Deus. Não obstante, retemos esses termos por falta de melhores, ainda que as descrições assim conseguidas estejam longe de ser brilhantes.
6.  Classificação dos Atributos de Deus. Os teólogos acham conveniente falar sobre os atributos de Deus mediante duas amplas categorias: os atributos comunicáveis e os incomunicáveis. Os primeiros são aqueles como as qualidades racionais e morais, que encontram algum paralelo na natureza humana: sabedoria, bondade, retidão, justiça e amor. Deus mostra-se imanente em sua criação, de acordo com esses atributos. Sob a segunda classificação, temos a auto existência (o Ser Necessário), em contraste com os seres desnecessários ou dependentes, cuja vida é derivada da Fonte da vida; a imutabilidade; a onisciência; a onipotência e a eternidade. Nesses atributos, Deus mostra-se transcendental, sendo eles análogos às condições humanas. Com o termo «eternidade» indicamos que Deus meramente não teve começo, e nem terá fim. Também indicamos que ele é um Ser totalmente além da categoria humana do tempo, pertencente a um tipo totalmente diferente de esfera e forma de vida. Ver sobre Atributos de Deus.
7.  A Vontade de Deus e a sua Soberania. Esse é um outro aspecto do ensinamento do teísmo. Deus faz-se presente e pratica aquilo que ele quer; mas a sua santidade garante que tudo quanto ele faz sempre é correto e justo. A vontade de Deus é um aspecto de sua autodeterminação, que encontra expressão em seus atos criativos. Ver o artigo separado sobre o Determinismo, que aborda esse assunto quanto aos seus detalhes.
8.  A Paternidade de Deus. Essa é a base de seus atos remidor e restaurador. Ver Romanos 8:14 ss quanto a uma expressão bíblica a esse respeito. Jesus ensinou os homens a orarem a Deus como Pai (Mat. 6:9). Esse capítulo tem doze referências a Deus como Pai. Tais alusões são extremamente numerosas no evangelho de Mateus. Ver também Mat. 5:16,45,48; 7:11,21; 11:25-27; 12:50; 16:17; 26:38,42 e 28:19. Ao chamar Deus de Pai, Jesus enfatizou o interesse de Deus pela humanidade, bem como o seu amor, cuidado vigilante, generosidade e fidelidade. Conta-se a história de como um missionário evangélico procurava ensinar a alguns africanos os conceitos bíblicos de Deus. Uma idosa mulher desistiu de continuar aprendendo as lições. Perplexo, o missio­nário perguntou-lhe por qual razão. Ela respondeu: «Aprendi que Deus é o meu Pai”. Isso basta para mim».

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