Mistério Fascinador


Os judeus demonstravam um profundo respeito pelos nomes de Deus. Entre eles, a palavra Yahweh jamais era pronunciada. Esse nome era distorcido de algum modo, a fim de que a pessoa que proferisse o nome divino nunca fosse culpada de exagerada familiaridade com Deus. Lemos que o nome de Deus nunca era escrito por algum escriba enquanto este não tivesse lavado, primeiramente, as suas mãos. Quão grande contraste isso forma com a moderna atitude evangélica, que brinca com o nome divino de forma tão frívola. Com frequência ouve-se dizer: «O Senhor disse-me para fazer isto; o Senhor disse-me aquilo; o Senhor lembrou-me que…» Conheci uma dama que chegou a dizer que o Senhor era o culpado pela feliz circunstância de que as toalhas que ela comprara eram compatíveis com a cor do banheiro da nova casa que seu marido acabara de adquirir. Estaria Deus interessado em toalhas para serem usadas no banheiro? Um pregador evangélico cujo carro fora muito danificado, disse: «Senhor, não sei por que querias que o teu carro fosse danificado assim» Meus amigos, estaria Deus interessado em desastres automobilísticos? Há pessoas que tratam Deus como se ele fosse algum bichinho de estimação da casa, fazendo seu nome participar das conversas, diante dos menores ensejos. Pessoalmente, procuro evitar o uso do nome de Deus, substituindo-o por alguma palavra vaga, como autoridades (no plural, porquanto Deus controla muitas agências e poderes). Na Universidade de Chicago, nas aulas de hebraico que tomei, havia alguns judeus. Eles evitavam pronunciar o nome divino. A mudança usual era de Elohim para Elokim, uma palavra inventada, para substituir a respeitável palavra Elohim, que é um dos nomes de Deus, no A.T. Temos algo a aprender dos judeus, quanto a isso.
A expressão mistério fascinador também foi cunhada por Rudolfo Otto, aludindo ao profundo fascínio ou encanto experimentado pelo adorador, quando ele se aproxima de Deus. Quando a adoração é verdadeira, esse será um dos resultados. Meus amigos, fico perplexo diante do ruído e da confusão dos cultos em muitas igrejas evangélicas. Onde está o mistério fascinador? Poderemos sentir o encanto da presença de Deus, com tantos pitos por toda parte? Paulo pensava que não (ver I Cor. 14:33). Deus é o autor da paz, e não da confusão. É na tranquilidade da paz do coração que podemos sentir o encanto da presença do Senhor. Conheci um jovem, de Salt Lake City, Utah, E.U.A., que dizia que não conseguia obter a correta atitude religiosa senão em meio a muitas exclamações e brados de Aleluia! Indago se o mistério fascinador pode mesmo ser sentido sob tais circunstâncias? Porém, igualmente amortecedor do espirito é aquela expressão religiosa dominada por meros conceitos, onde o elemento místico se faz ausente. Alguns evangélicos opõem-se decididamente a qualquer expressão mística na fé religiosa, pondo todos os seus ovos na cesta do conceito, comunicados mediante o ensino verbal. Isso é contrário ao espírito da oração de Paulo, em Efésios 1:17 ss. £ mister que se faça presente entre nós o Espírito comunicador. Deve haver a iluminação na fé religiosa, pois, do contrário, paralisaremos as pessoas com meros conceitos, que não demorarão a tornarem-se secos e estéreis.

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