Milenarismo


Examinaremos o que as Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos ensinam sobre essa questão:
No Antigo Testamento:
Os profetas predisseram que a era áurea de Israel viria após o cativeiro babilónico. Quando isso não ocorreu imediatamente, os intérpretes passaram a pensar que o retorno da Babilônia era apenas típico e profético da restauração final de Israel, em uma verdadeira Era Áurea, no futuro distante. Esse modo de interpretação foi absorvido pela Igreja cristã, e em nossos dias é enfatizado pelos evangélicos dispensa-cionalistas. Os eruditos liberais, por sua vez, simplesmente supõem que o profetizado reino de Israel falhou, e não veem qualquer validade nessa transferência para algum tempo futuro.
Nos livros de Daniel e de Isaias encontramos uma doutrina emergente sobre o Messias. Essas ideias foram mais amplamente desenvolvidas nos livros pseudoepígrafos, principalmente em I Enoque. Esses livros pseudoepígrafos são, alguns deles, milenários, e outros, amilenários. Vale dizer, alguns deles falam em alguma espécie de era áurea, que antecederá ao estado eterno, mas outros fazem a era áurea terminar em destruição e um início imediato do estado eterno, sem qualquer período intermediário.
O livro de I Enoque alude a uma era áurea de quatrocentos anos; o livro de Jubileus, entretanto, fala sobre mil anos. Ê muito provável que esse número tenha sido tomado por empréstimo por João, o vidente, no seu livro canônico neotestamentário do Apocalipse. Em IV Enoque, tal como no Novo Testamento, a era áurea é combinada com a esperança messiânica (vide), uma maneira comum de manusear as duas questões nos livros pseudoepígrafos que antecipam qualquer espécie de era gloriosa, que antecederá ao estado eterno. IV Esdras volta à cifra dos quatrocentos anos. Isso quer dizer que essa ideia deve ter sido comum no período intertestamentário. Ali, o Ungido aparece, destrói toda e qualquer oposição, governa durante quatro séculos, mas, então, morre! — o que não combina com as expectações do Novo Testamento. Então, seguem-se a ressurreição e o juízo final, após o que virá a nova era, a dispensação da eternidade.
No Novo Testamento
A única menção clara ao milênio, em todo o Novo Testamento, fica no vigésimo capitulo do livro de Apocalipse. Ali, esse período coincide com o período de prisão de Satanás: «Ele (o anjo que descera do céu) segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos, lançou-o no abismo, fechou-o, e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações, até se completarem os mil anos… Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tão pouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele os mil anos. Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão…» (Apo. 20:2-7).
Os amilenistas, procurando diminuir a importância do milênio no Novo Testamento, como se tivesse sido um fiasco da profecia do Antigo Testamento, argumentam que o  milênio não deve ser importante por ser mencionado em apenas um trecho do Apocalipse (aquele que citamos acima). Mas, tal argumento não procede, porquanto o Apocalipse é o único livro profético do Novo Testamento-, é onde o cumprimento das expectações do reino eterno de Deus são devidamente desdobradas. Falar sobre o milênio, nos evangelhos, no livro de Atos ou nas epistolas estaria fora de lugar, como é óbvio. Acresça-se a isso que o milênio não é um fim, mas somente um meio—o meio para que se chegue ao estado eterno. E isso pode explicar a exiguidade do próprio Apocalipse, quanto aos «mil anos». Por outra parte, em apenas seis versículos, os «mil anos» são referidos por seis vezes, com informações suficientes para sabermos muita coisa a respeito:
a.    Será um período de inatividade para Satanás.
b.   As nações da terra não estarão sob o controle do diabo nesse período.
c.    Os mártires da Grande Tribulação (que terá ocorrido antes do milênio) haverão de governar o mundo juntamente com Cristo.
d.   Por ocasião da segunda vinda de Cristo, quando ele vier a fim de inaugurar o milênio, haverá a ressurreição dos justos—«A primeira ressurreição». Esses ressurretos também reinarão com Cristo durante os mil anos.
e.   Terminados os mil anos. Satanás será solto de sua prisão. E os versículos do Apocalipse que se seguem mostram que haverá, então, grande rebelião dos povos contra o domínio do Senhor, somente para que o Senhor inaugure o julgamento dos rebelados, que serão mortos, ressuscitados para vergonha eterna, lançados na Geena ou lago de fogo (a residência final dos perdidos), e, então, será inaugurada a era eterna, com a restauração dos céus e da terra.
Sem dúvida, esse esquema é muito mais completo – do que qualquer coisa que os livros pseudoepígrafos tenham dito! Contudo, é óbvio que o esboço geral dessas predições do Apocalipse depende em muito das ideias que se desenvolveram durante o período intertestamentário (entre o Antigo e o Novo Testamentos), ideias essas que se foram refletindo, para melhor ou para pior, nos livros pseudoepígrafos. Temos demonstrado isso a sobejo, no artigo sobre I Enoque. Ê lamentável, entretanto, que tão poucos eruditos do Novo Testamento, nos dias atuais, conheçam algo sobre esses livros, vitais à tradição literária judaica. Na verdade, esses livros exerceram influência sobre o Novo Testamento, a despeito da opinião em contrário de pessoas desinformadas. Os eruditos conservadores que têm consciência desses fatos não veem qualquer dificuldade para aceitar que a tradição profética foi um processo de evolução, que terminou concretizado no cânon do Novo Testamento, embora não se tenha desenvolvido somente com base no Antigo Testamento, quanto a alguns pontos. Mesmo que não aceitemos a dependência parcial do quadro profético do Novo Testamento aos livros pseudoepígrafos, pelo menos temos que reconhecer que os esquemas gerais são muito parecidos, no tocante às predições sobre o fim. E isso indica, por sua vez, que os autores dos livros pseudoepígrafos foram intérpretes regularmente bons das predições do Antigo Testa­mento, tendo podido até mesmo desenvolvê-las até certo ponto. Nem por isso, porém, precisamos aceitar aqueles livros pseudoepígrafos como canônicos. O Novo Testamento é muito mais abrangente que eles. O Apocalipse é uma colcha de retalhos de ensinos e predições do Antigo Testamento, com a preciosa vantagem de ter sido dado por inspiração do próprio Espírito de Cristo! Ver Apo. 1:1-3.
Os eruditos liberais supõem que muito da tradição profética não passa de desejo expresso. Todavia, alguns deles pensam que algumas dessas predições são válidas, embora não a tradição profética inteira. Seja como for, a Igreja cristã primitiva continua retendo fortíssimas esperanças acerca do retomo de Cristo, incluindo o conceito do milênio.
Atualmente, a Igreja está dividida quanto à questão: há os amilenistas (que não creem no milênio), os pré-milenistas (que dizem que Jesus virá a fim de inaugurar o milênio), e os pós-milenistas (que dizem que o evangelho lentamente fará surgir as condições preditas no milênio, e que Jesus voltará no fim desse período, que não teria de ser rigidamente de mil anos). Podemos acrescentar a isso que, no tocante à Grande Tribulação, o mundo evangélico também está dividido: Há pré-tribulacionistas, que dizem que Jesus virá arrebatar sua Igreja antes da eclosão da tribulação; há os meio-tribulacionistas, que insistem que Jesus virá buscar sua Igreja em meio à Grande Tribulação; e há os pós-tribulacionistas, que ensinam que Jesus só virá buscar sua Igreja após o fim da Grande Tribulação. — Essas variegadas posições mereceram,  artigos separados. Ver o artigo detalhado intitulado Parousia que examina o problema todo. No quinto ponto do presen­te artigo, oferecemos um sumário sobre os vários pontos de vista concernente ao milênio.
Aí pelos meados do século II D.C., os assuntos proféticos ou escatológicos começaram a receber menor atenção por parte dos cristãos. Mas, ai pelo século XIII D.C., o mileniarismo começou novamente a impor-se. Os anabatistas (vide) aceitavam seriamen­te esse ensino. Os reformadores discutiram sobre o assunto, e alguns teólogos da época também levaram a sério esse ensino bíblico. Nos séculos XIX e XX, o assunto tem recebido atenção especial, juntamente com a tradição profética em geral.
L. Berkhof, em sua obra sobre a Teologia Histórica, afirma que grandes doutrinas bíblicas foram sendo ventiladas no decorrer dos séculos, como a bibliologia, a pessoa de Deus, Jesus Cristo, o Espirito Santo, o homem, a salvação e a Igreja. Mas essa sequência foi interrompida aí pelo século XVI. Nunca foram examinadas com maior profundidade doutrinas como aquelas sobre o reino e sobre as últimas coisas (escatologia). Isso explica, pelo menos em parte, as discordâncias existentes entre os evangélicos acerca dessas questões escatológicas.
     Pano de Fundo Judaico
Um reinado literal do Messias era uma expectação rabínica. Jubileus e a tradição judaica posterior falam de uma duração de 1000 anos: I Enoque fala de 400 anos; outros apocalipses judaicos têm períodos de duração mais curta. O Apocalipse de João (N.T.), antecipa uma era áurea de 1(XX) anos (20:5). Sua duração exata não é importante, mas, provavelmente, os mil anos refletem a verdade, porque Israel, depois de um tempo de terrível julgamento e sofrimento em todo o mundo, será o protetor da nova civilização que será estabelecida na terra, como Roma era durante a Idade Média. Os místicos contemporâneos concor­dam com a literalidade da idade áurea. O conceito milenar é um desenvolvimento natural de expectações veterotestamentárias da vitória e exaltação finais de Israel, bem como do estabelecimento do reinado teocrático em bases mundiais, sobre o que Israel se imporia como cabeça das nações. Essa expectação criou o conceito do reino de Deus.
A tradição apocalíptica, que se reflete em alguns escritos judaicos helenistas, estabeleceu claro rompi­mento entre a nova e a antiga era, entre a antiga e a nova criação, não deixando espaço para qualquer período áureo e de transição, entre o antigo e o novo período (ver Is. 24—27). Gradualmente, porém, houve a combinação de conceitos do reino e conceitos apocalípticos, e o NT reflete essa fusão. II Esdras 7:26-30 também combina os dois conceitos. Naquela obra, os patriarcas, no fim de uma série de desastres, descem dos céus à terra, estabelecendo um reino para os justos que sobreviveram às destruições. Esse reino perduraria por 400 anos. Então, a ressurreição e o juí­zos finais teriam lugar. Afinal, Deus estabeleceria a nova era, o estado eterno. II Baruque 39—40 tem algo similar. (Ver Paulo em I Cor. 15:23-28). O Apocalipse neo-hebraico de Elias dá um esboço apocalíptico similar ao do nosso Apo. de João. Embora esse outro apocalipse tenha sido escrito depois do nosso, parece ser independente deste, pois se fundamenta sobre apocalipses judaicos anteriores quanto a muitos detalhes.
Descrições Patrísticas
Papias, discípulo de João (ou do presbítero João) era milenista entusiasta (ver Irineu, Haer. v. 33:3). Justino Mártir, que viveu em Éfeso cerca de 135 D.C., escreveu acerca do Apocalipse de João: «E, além disso, um homem entre nós, de nome João, um dos apóstolos de Cristo, profetizou em uma revelação que lhe foi feita, que aqueles que confiassem em Cristo passariam mil anos em Jerusalém, e que depois a ressurreição universal e eterna de todos ao mesmo tempo, terá lugar, como também o juízo» (Diálogo com Trifo, 81). A crença no milênio, como realidade literal, pois, é bem antiga, envolvendo nomes excelentes, antigos e modernos, não podendo ser desprezada sob hipótese alguma.
        A Palavra Milênio
Esse termo vem do latim «mile» e «annus», mil anos. O termo «chiliasma» também é usado para aludir ao «milênio», e essa outra palavra vem do grego, e tem o mesmo sentido que aqueles termos latinos. Teologi­camente, alguns fazem diferença entre os milenistas e os quilialistas. Os primeiros creriam em mil anos de uma idade áurea; os últimos creriam nisso, embora pensem que haverá no mesmo a restauração do antigo judaísmo, com um reino davídico, tendo como rei ao próprio rei Davi, com seus sacrifícios, etc., pensando que as profecias do A.T. se cumpriram mui literalmente, naquilo que diz respeito ao milênio e a essas condições.
       Uma Intervenção Divina
O milênio envolverá o reinado espiritual e literal de Cristo. Alguns estudiosos pensam que Cristo reinará visivelmente, ao passo que outros pensam que seu espírito governará este mundo e todo o universo, particularmente por meio de seus representantes.
       Vários Pontos de Vista Acerca do Milênio
a.    Ponto de vista judaico. A restauração de Israel, seu governo sobre o mundo, a adoração no templo, os sacrifícios de animais, etc. Isso seria o «quiliasma». Os milenistas comuns não negam a restauração de Israel, mas pensam que as noções dos quilialistas são exageradas.
b.    Ponto de vista eclesiástico. A Igreja, vitoriosa, obterá domínio sobre o mundo inteiro, e, mesmo sem o retorno corporal de Cristo («parousia»), estabelecerá o seu reino. O «pós-milenismo» é uma forma modificada desse ponto de vista.
c.   Ponto de vista escatológico. Alguns identificam o milênio com o «estado intermediário» dos crentes, em que haverá a sobrevivência da alma, antes do estabelecimento da era eterna, Mas isso está longe do ensino do presente contexto.
d.  Ponto de vista evangélico. Para alguns, o milênio é apenas «um triunfo espiritual no íntimo», o que também é a opinião de alguns acerca do «reino», segundo os quais não haverá jamais qualquer reino literal, qualquer estrutura política ou social.
e.    Ponto de vista amilenista. Essa ideia repousa sobre um total conceito «simbólico» de Apo. 20:4 e ss. Tal termo, «amilenista», significa somente que não haverá milênio, nem reino terrestre, e nenhuma era áurea, etc. Os mil anos mencionados no Apo. 20:5, seriam apenas símbolo de alguma outra coisa, menos de qualquer período áureo, etc. Talvez pensem no triunfo pessoal de Cristo sobre o mal, tal como no ponto de vista «evangélico», acima, ou como no triunfo da igreja em meio às tribulações. Alguns estudiosos «amilenistas» não negam qualquer forma de milênio, mas buscam alguma outra explicação para o reinado de mil anos, como se isso não envolvesse qualquer estrutura social e política, nos últimos dias. Alguns deles afirmam que o milênio é apenas símbolo de «descanso completo», que Deus dará ao seu povo; e, por isso, alguns o confundem com o «estado intermediário» dos Crentes, antes da «parousia», conforme se vê acima, sob o ponto de vista «escatológico». Mas a maioria dos que tomam essa posição parece crer que o conceito do milênio é apenas símbolo das bênçãos da experiência cristã, nesta vida material. A fraqueza desse ponto de vista é que ignora as predições do A.T., que definidamente exigem a renovação de Israel, em um período áureo. Também ignora as tradições judaicas sobre esse tema, que João, naturalmente, tomou por empréstimo. Essa posição oferece uma explicação menos do que satisfatória de Apo. 20:4 c ss , impondo sobre essa passagem a ideia de que um súbito cataclismo, quando da vinda de Cristo, dará início, ato contínuo, ao estado eterno. Essa posição também é contrária ao que dizem os místicos contemporâneos, que veem claramente a inauguração de uma era áurea na primeira quarta parte do século XXI, após uma Quarta Guerra Mundial. (Ver o artigo existente intitulado, Profecia: A Tradição Profética e a Nossa Época, que aborda detalhadamente o quadro sobre o mundo do amanhã).
f. Ponto de vista pós-milenista. Essa é a posição que diz que a vinda de Cristo não antecederá, mas antes, seguir-se-á ao milênio, o qual, por sua vez, é definido como uma espécie de conversão da humanidade, por meio dos esforços da igreja. Agostinho, em sua Cidade de Deus, — parece ter sido o genitor dessa ideia. Supunha ele que a igreja não somente converteria ao mundo, mas também o governaria de modo bem real, produzindo uma era áurea espiritual. A vinda de Cristo ocorreria em resposta a isso, não sendo a «parousia» o agente da introdução do milênio. Segundo esse ponto de vista, a «primeira ressurreição» consiste da participação na ressurreição de Cristo, «espiritualmente falando», nada tendo a ver com a ressurreição do corpo. O pós-milenismo tende a ir morrendo nos tempos modernos, conforme o mundo vai piorando e a igreja se vai corrompendo e debilitando. Contra tal posição pode-se dizer que as Escrituras nunca prometem essa forma de triunfo à igreja, no nível terreno, sem alguma intervenção divina direta, tal como é a «parousia» ou segundo advento de Cristo. O processo histórico não tem produzido qualquer período áureo, e nem há grandes possibilidades disso, diante da ameaça das guerras atômicas.
g.  Ponto de vista pré-milenista. Essa posição pode ser dividida entre a posição comum dos pré-milenis- tas, e daqueles que tendem para o exagero «quiliástico». Este último enfatiza a nação de Israel, em sua restauração em todos os aspectos, com seu reino davídico, seus ritos, cerimônias, sacrifícios no templo de Jerusalém, etc. (Ver o terceiro ponto, sobre as «palavras» usadas em relação ao milênio).
De conformidade com os pré-milenistas, certos acontecimentos antecederão ao milênio. Alguns deles se apegam à ideia do retorno iminente de Cristo para vir arrebatar a igreja. (Ver no NTI notas expositivas completas sobre isso, em I Tes. 4:15, pró e contrárias, e comparar isso com as notas de introdução a Apo. 4:1). Aqueles que crêem no arrebatamento iminente são chamados «pré-milenistas-pré-tribulacionais». Seja como for,— os milenistas comumente – acredi­tam que surgirá um anticristo pessoal na cena mundial, e que haverá uma grande tribulação. Essa será uma época de tribulações sem precedente, tanto para a nação de Israel como para a igreja cristã. Cremos nisso com bases bíblicas e não-bíblicas, dizendo que o mundo ainda passará por duas guerras mundiais antes da «parousia», a Terceira e a Quarta Guerras Mundiais. Após a tribulação é que Cristo virá arrebatar sua igreja, transformando aos crentes e julgando aos incrédulos. E assim ele estabelecerá o seu reino milenar.
Esse reino poderá ser visível, tendo a ele como Rei, ou poderá assumir um aspecto espiritual, em que ele governaria realmente, embora «fisicamente invisível», por meio do seu Santo Espírito, e através das •instituições terrenas de seus representantes. Para o crente, seja como for, entretanto, a vinda de Cristo será «visível», se não mesmo para o mundo em geral. Quando de sua vinda, haverá a primeira ressurreição, em que as almas serão reunidas a seus respectivos corpos, ainda que estes sejam transformados em «veículos espirituais». (Ver no NTI as notas expositivas a esse respeito em I Cor. 15:20,35,40). O milênio será uma autêntica e áurea época, que haverá, literalmente, sobre a terra. Os crentes terão relacionamentos com ele e seu governo, mas isso será definido melhor pelos próprios acontecimentos.
        Características do Milênio
a.     Prevenção da total destruição da terra, o que sucederia em face da tribulação, a qual é descrita nos capítulos sexto a décimo nono do Apocalipse.
b.    A revelação universal de Jesus Cristo. (Ver Apo. 19:1 e ss e Dan. 7:13,14). Cristo reinará. A nação de Israel se converterá a ele. Todas as nações lhe prestarão lealdade.
c.    O novo paraíso ou era áurea. Toda a vida, em seus aspectos científico, social e espiritual, fará progressos impressionantes. O mal será removido da face da terra. A duração da vida dos homens será fantasticamente aumentada.
d.   Será um período de teste, e nem todos os homens sair-se-ão dele triunfantes (estando excluídos da derrota, naturalmente, os remidos). O mal retornará uma vez mais, por breve tempo (ver Apo. 20:7 e ss).
e.    Será um período de preparação para o estado eterno, uma transição do mundo antigo para o novo mundo, da antiga criação para a nova. (Comparar com Apo. 21 e 22).
f.   A terra inteira será renovada (ver Isa. 11:6-9). A paz governará juntamente com a santidade (ver Isa. 2:3,4).
g.    A raça humana será renovada. Uma humanida­de muito mais espiritualizada terá lugar, em vez dos guerreiros tribais de hoje (ver Isa. 65:20). Haverá morte, mas tornar-se-á muito rara.
h.     Todos os seres humanos conhecerão a Deus. Haverá progresso espiritual, ainda que não perfeição. Essa será a principal característica do milênio (ver Isa. 11:9).
i.      Israel será renovada e tornar-se-á cabeça das nações (ver Isa. 12:6: 11:12,13 e 14:1,3).
        Propósitos do Milênio
a.   Evitar a destruição total do globo terrestre e sua
população.
b.    Estabelecer o reino de Cristo sobre a terra, seu conhecimento e, assim, o pleno conhecimento de Deus entre todos os povos.
c.    Quebrar o poder do mal e de Satanás.
d.    Prover um teste final para a humanidade.
e.   Levar Israel ao seu lugar legítimo e profetizado, e as nações.
       Fraquezas das Interpretações Pré-milenistas
a.     Literalismo em um livro repleto de símbolos místicos.
b.       O resto do N.T. não dá qualquer ensino pré-milenar claro.
c.   Forçar as profecias do A.T. para assumirem um aspecto «milenar» pode ser artificial.
d.    A teoria do reino «adiado» é duvidosa.
e.   A existência de duas ressurreições literais é uma doutrina singular das Escrituras, que se encontra em Apo. 20:5. Talvez seja melhor interpretar a «primeira ressurreição» de modo espiritual, e não literal.
Embora as objeções acima tenham valor para seus defensores, concordando com o tipo de mentalidade que exibem, conforme seus costumes de interpreta­ção, nenhuma delas apresenta qualquer problema especial para os pré-milenistas. O maior problema é que o resto do N.T. não encerra qualquer ensino milenar claro. Todavia, é natural supormos que várias passagens sobre o reino, no N.T. aludem a um reino milenar, além do que vários cristãos antigos sustentavam essa posição, sem importar se a vinculavam ou não a um reino de duração de mil anos. Os discípulos diretos de Cristo esperavam que Cristo viria a estabelecer um reino literal em sua primeira vinda. Isso eles simplesmente transferiram para os «últimos dias», nos quais acreditavam que estavam entrando, vinculando esse reino ao segundo, e não ao primeiro advento de Cristo.

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