Messiado de Jesus


I.   Palavras Empregada
O termo hebraico mashiah significa «ungido» e vem de uma raiz hebraica que significa «untar». ASeptuaginta traduziu essa palavra pelo vocábulo grego christós, «ungido». Essa palavra grega foi transliterada para o português, Cristo, em vez de ser traduzida, para Ungido. Assim, o Cristo, ou o Ungido, cumpre asexpectações e simbolismos do ato de ungir. Essa palavra, referindo-se ao esperado Messias, é um produto do judaísmo posterior, ainda que desde tempos bem remotos, entre os hebreus, encontremos indicações simbólicas. Somente por duas vezes, em todo o Antigo Testamento, essa palavra é usada como um título oficial. Ver Dan. 9:25,26. O conceito messiânico, pois, embora tivesse tido inicio no Antigo Testamento, (como no livro de Isaias, onde não é usada a palavra hebraica específica), teve prosseguimento durante o período intertestamentário, nos livros apócrifos e pseudepígrafos. Ver o artigo separado chamado Unção. Esse artigo inclui muitas referências bíblicas.
A palavra grega Christós, «Ungido», é de usofreqüente no Novo Testamento. Aparece por nada menos de quinhentas e sessenta e nove vezes ali. Damos abaixo meros dez exemplos, de diferentes livros neotestamentários: Mat. 1:1; Luc. 9:20; Rom. 1:16; I Cor. 11:1; II Cor. 10:1; Efé. 1:20; Fil. 1:19; Col. 3:1; I Tes. 5:9; Apo. 1:1. Ver o artigo separado sobreCristo, quanto a um estudo completo a respeito; e um outro, chamado Jesus, o Cristo.
II.   Definições e Usos
Na cultura do Antigo Testamento, profetas, sacerdotes e reis eram ungidos, a fim de desempenha­rem sua tarefa ou missão especial. No artigo sobre aUnção, explicamos isso, dando ilustrações e referên­cias bíblicas. Outrossim, surgiu a expectaçãomessiânica, em torno do Messias profetizado (ver Dan. 9:25,26). Ver o artigo intitulado Esperança Messiânica. Com base nessa circunstância, essa personagem passou a ser conhecida como o Messias.Nas páginas do Novo Testamento são combinados a pessoa de Cristo, com os ofícios e qualidades dos profetas, sacerdotes e reis. No tocante à questão daunção fora de Israel, ver a terceira seção deste artigo. O rito da unção emprestava aos homens uma posição ímpar e sagrada, bem como a conveniente autoridade, para os ungidos desempenharem algum ofício ou alguma tarefa especial. A aspersão ou unção com óleos sagrados também era aplicada a objetos sacros como os altares, a arca da aliança e vários objetos dotabernáculo e do templo de Jerusalém (ver P.xo. 30:26; Lev. 8:10,11). Assim, mediante esse ato de unção, tais objetos tornavam-se instrumentos usados no culto divino. No judaísmo, a esperança messiânica estava centralizada em tomo de uma pessoa (no caso de alguns dos autores sagrados), embora também girasse em torno de certa condição nacional de Israel, que cumpriria os seus ideais e sonhos como nação. Portanto, por um lado, a esperança messiânica girava em torno do Messias, e, por outro lado, girava em tomo de algo que pertencia à nação de Israel, quanto às suas futuras expectações. Essas expectaçõescontinuam sendo uma característica distintiva do judaísmo ortodoxo, sendo refletidas na grande oração central da liturgia judaica, chamada Shemonch, Esrehou Dezoito Bênçãos. Para muitos, essa esperança não depende de uma pessoa, o Messias, porquantoconcebem-na como a vindoura era da salvação, da justiça, da paz, da saúde, das realizações nacionais de Israel, de mistura com sonhos utópicos e o cumprimento de profecias veterotestamentárias acerca de Israel. A tradição profética informa-nos que, finalmente, essas esperanças centralizar-se-ão todas em Jesus, o Cristo, quando Israel tomar-se tuna nação cristã. Esperamos ver isso acontecer como parte das convulsões que serão produzidas pela Terceira Guerra Mundial.
III. Unção Fora de Israel
As pessoas costumam usar elementos comuns de maneira religiosa. Assim é que o azeite, uma substância empregada na cozinha, na iluminação, nas lavagens (como parte constituinte do sabão), na medicina ou na cosmetologia, também era e continua sendo empregado nos ritos religiosos. Talvez a sua associação às curas tenha sido o grande motivo que le­vou o azeite a ser usado nas unções dos enfermos. O dicionário Clássico de Oxford informa-nos que o uso cúltico do azeite é uma das mais antigas práticas de que os homens têm notícia.
Sabe-se que as estátuas dos deuses eram ungidas no Egito, na Babilônia, em Roma e em outros países da antiguidade. O azeite era usado nas purificações rituais. O Tablete 51 dos tabletes de Tell el-Amamacontém uma referência à unção dos vice-reis dos Faraós egípcios. No entanto, não há qualquer alusão para mostrar que isso era feito no tocante aos próprios Faraós. Todavia, o Tablete 34 sugere tal coisa. Talvez a unção fosse praticada no caso dos reis porque esse ofício era mesclado com o do sacerdócio, perfazendo assim uma espécie de sinal divino das funções reais, tendo em vista interesses tanto políticos quanto religiosos. O uso da unção, quando da consagração de sacerdotes era uma prática comum em muitas culturas antigas.
IV.      Tipos de Unção em Israel
Quanto a um estudo completo a respeito, ver o artigo chamado Unção. Eram ungidas coisas e pessoas (reis, sacerdotes, profetas, visitantes dos mortos, inquiridores); também havia unções com propósitos cosméticos e de higiene, sem falarmos nos propósitos religiosos. Os usos metafóricos dessa prática falavam sobre a unção do Espírito; o poder da cura; a transmissão de autoridade e aprovação. Mas, acima de tudo, temos o caso notável do Ungido, o Messias (o Cristo). Oferecemos referências bíblicas quanto a essas questões, no artigo acima referido.
V.     A Literatura Messiânica
1.    No Antigo Testamento
a.  Pano de Fundo. Apesar de que somente o trecho de Dan. 9:25,26 tem a palavra hebraica mashiah como um título oficial, há muitas passagens do Antigo Testamento que refletem o conceito messiânico. Os reis, sacerdotes e profetas ungidos prefiguravam o Ungido do Senhor, que estava destinado a incorporar, em sua pessoa, todos os três ofícios, missões e realizações daqueles. Os sacerdotes são mencionados como ungidos (ver Lev. 4:3; 8:12; Sal. 105:15). Outro tanto no caso dos reis (ver I Sam. 24:7-11; Sal. 2:2; Dan. 9:25-26) e dos profetas (ver I Reis 19:16). Quando o pecado veio macular a humanidade, foi feita uma promessa, da parte de Deus, para cuidar do problema em sua própria raiz (ver Gên. 3:15). Por sua vez, o pacto abraâmico (vide) incluía uma promessa nesse sentido, a de que o descendente de Abraão haveria de abençoar a todas as nações da terra (ver Gên. 12:3; 9:36; 22:19). E foi através da descendência de Abraão que surgiram em cena primeiramente a nação de Israel e, então, o Messias. A nação escolhida de Israel estampava esse caráter singular, era uma nação santa, um reino de sacerdotes (ver Exo. 19:6).
b.    Designações Messiânicas. Descendente de Abraão; Filho de Davi; Filho do Homem; Meu Filho; Meu Servo; Meu Eleito; o Renovo; Príncipe da Paz; Maravilhoso; Conselheiro; Poderoso Deus; Pai da Eternidade. Ver Gên. 22:18; II Sam. 23:6; Sal. 2:7; Isa.9:6,7; 42:1; Zac. 3:8; 6:12; Dan. 7:13,14; 10:16-18. Finalmente, temos a designação específica de Messias,em Dan. 9:25,26.
c.  Passagens Proféticas. Várias das referências dadas acima, sob «a», podem ser consideradas passagens proféticas messiânicas. Os estudiosos da Bíblia (talvez com alguns exageros) descobrem muitas passagens proféticas. Billy Graham asseverou quetodos os Salmos contêm profecias acerca do Messias. Naturalmente, nisso há um exagero; mas é verdade que os salmos são a porção veterotestamentária mais constantemente citada no Novo Testamento. Damos uma lista completa de citações dos salmos, no Novo Testamento, no artigo sobre aquele livro de Salmos. Não há que duvidar que muitos dos salmos sãomessiânicos. Certo autor foi capaz de encontrar quatrocentas e cinquenta e seis profecias sobre o Messias, no Antigo Testamento: setenta e cinco no Pentateuco; duzentas e quarenta e três nos livros proféticos; e cento e trinta e oito nos rolos (ele usava a divisão do Antigo Testamento segundo os hebreusfaziam). Mas, se examinássemos uma por uma dessas passagens, veríamos que aquele autor exagerou. Não se pode duvidar, porém, que pelo menos os Salmos e o livro de Isaías contêm muitas passagens proféticas a respeito do Messias. Ver os pontos «g» e «h», abaixo. Ver também o artigo separado Profecias Messiânicas Cumpridas em Jesus. Esse artigo relaciona aquelas referencias do Antigo Testamento que estão obvia­mente vinculadas ao Senhor Jesus, no Novo Testamento, servindo como uma seleção de passagens proféticas que falam sobre esse tema.
d.   O Messias Através de Tipos Simbólicos. Pode-se dizer que a própria Israel, como nação através da qual foi dada a mensagem de redenção, servia como tipo simbólico do Messias. Além disso, Adão, o primeiro homem, prefigurava o Segundo (ou Último) Adão,conforme Paulo nos ensina no quinto capítulo de Romanos. Abraão, por meio de quem se cumpririam as condições do pacto especial de Deus, prefiguravaAquele que teria o Novo Pacto (vide). Em Abraão e em seu Filho maior seriam abençoadas todas as nações da terra. Jacó, que era Príncipe com Deus, simbolizava Aquele que seria, acima de qualquer outro, o Príncipe de Deus. Moisés, o primeiro legislador, prefigurava o Messias, que é o Segundo e Maior Legislador. Os capítulos quinto a sétimo de Mateus fornecem-nos o sumário da nova legislação, que tanto interpreta quanto ultrapassa a primeira legislação. A primeira legislação tinha por finalidade servir de aio,conduzindo-nos ao segundo e maior Legislador, Cristo (ver Gál. 3:24,25). Davi foi o antepassado real do Filho de Davi, que veio a ser o líder do povo de Israel em um sentido todo especial.
e.   Filho de Davi. Ver as seguintes referências do Novo Testamento: Mat. 1:1; 9:27; 12:3,23; 15:22; 20:30,31; 21:9,15; 22:42,43,45; Mar. 10:47,48; 12:35-37; Luc. 1:27,32; 2:4; 18:38; 20:42,44; João 7:42; Atos 13:22,34; 15:16; Rom. 1:3; II Tim. 2:8; Apo. 3:7; 5:5;22:16. Ver também o artigo intitulado Pactos, onde é ventilado o chamado Pacto Davídico.
f.  O Ser Sobrenatural. O Messias, como uma figura celestial, aparece obviamente no trecho de Isa. 9:6 ss.Em Dan. 7:13 ss, o Rei ideal humano retrocede a segundo plano e em seu lugar, emerge o Cristo sobrenatural, um ente sobrenatural que haveria de entrar no palco da história humana, vindo das dimensões celestes. Esse tema também é proeminente em I Enoque, e aparece no Novo Testamento sob os termos mais enfáticos, especialmente dentro da doutrina do Logos (vide).
g.   As Bênçãos Proféticas de Jacó a seus Filhos. O Filho que Viria. É muito instrutiva a questão das bênçãos de Jacó a seus filhos, em seu leito de morte. O Targumsobre Gên.49:10 é significativo: «O cetro não searredará de Judá… até que venha o tempo da vinda do Rei, o Meshiah, o mais jovem de seus filhos; e, por causa dele, todas as nações fluirão juntamente. Quão belo é o Rei, o Meshiah, que se erguerá dentre a casa de Judá!» Nesse comentário, o nome próprio Messias toma o lugar do nome Siló, dentre aquela predição de Jacó. Os eruditos consideram que esse comentário judaico mais antigo que o começo do cristianismo, é, naturalmente, inteiramente independente da Igreja cristã.
h.   As Profecias de Isaías. Devemos considerar as seguintes: em Isa. 4:2, sobre o Renovo do Senhor. Em7:10-17, sobre o prometido Emanuel. Em 7:14, sobre o nascimento virginal de Cristo (ver Mat. 1:23). Em 9:1-17, sobre a Personagem celeste. Em 11:1 ss sobre o nascimento de um Filho especial. Em 32:1-8 sobre a visão messiânica. Em Isa. 55:3,4, sobre o pacto eterno com Davi. É com toda a razão, pois, que o livro de Isaías tem sido apodado de Evangelho do Antigo Testamento.
i.   Outros Trechos Bíblicos Notáveis. Em Jer. 23:5,6, sobre o Senhor Justiça Nossa. Em Jer. 31:31 ss, sobre o Príncipe Messiânico. Em Eze. 24:23,24, sobre o Novo Pacto. Em Eze. 37:22 ss, sobre o Pastor de Israel. EmMiq. 5:1-4, sobre Belém Efrata, local do nascimento do Messias. Em Zac. 9:9, sobre a entrada triunfal do Messias em Jerusalém.
j. Alguns Salmos Messiânicos: 2; 8; 22; 23; 34:21; 41:10; 45; 69; 72. Todos esses trechos são menciona­dos no Novo Testamento.
1.   O Apólogo. Um dos melhores argumentos em favor de um elo genuíno entre o Antigo e o Novo Testamentos (alguns pensam que esse elo é um acidente histórico) é a tradição profética. E o principal conceito que liga os dois Testamentos é o tema do Messias.
2.    Na Literatura Extracanônica
a.  I Enoque. Uma das grandes falhas na erudição evangélica é a falta de conhecimento sobre os livros apócrifos e pseudepígrafos. Ver os artigos separados sobre essas coletâneas. O esboço profético adotado no Novo Testamento já existia naqueles livros, segundo se vê claramente em I e II Enoque. O conceito messiânico é saliente em I Enoque, incluindo a doutrina da Personagem celestial. Naturalmente, em forma preliminar, encontramos essa doutrina no livro de Daniel. Os livros apócrifos não contribuem muito para definir o conceito messiânico; mas essa definição é bem vívida em alguns dos livros pseudepígrafos. O artigo sobre I Enoque demonstra isso claramente. Paralelamente, fica demonstrado que aquele livro já continha um dos principais temas profétiços poste­riormente desenvolvidos no Novo Testamento.
Nos livros pseudepígrafos, «…os conceitos messiâ­nicos são altamente desenvolvidos e desempenham um papel vital na mensagem daqueles livros. Especialmente o livro de I Enoque rebrilha com grandiosa esperança messiânica, refletindo o julga­mento contra os inimigos de Israel, predizendo a fundação da Nova Jerusalém, concebendo a conversão dos gentios, falando sobre a ressurreição dos justos, e atingindo um clímax em sua visão do advento do Messias. R.H. Charles reputa essa obra como a mais importante na história do desenvolvimento teológico. Esse livro de I Enoque retrata o Messias como um Cordeiro com chifres na cabeça, por causa do qual o Senhor das ovelhas regozija-se (90:38). Os títulos dados ao Messias, nesse livro, são dignos de atenção, por estarem tão próximos da nomenclatura neotestamentária. O Ungido (48:10; 52:4); o Justo (38:2; 46:3; 53:6; comparar com Atos 3:14; 7:52; 22:14; I João 2:1); o Eleito (40:5; 45:3 ss; 49:2,4; 51:3,5; comparar com Luc. 23:35; I Ped. 2:4); o Filho do Homem (46:3 ss;48:2; 62:9,14; 63:11; 69:26 u; 70:1; 71:1)» (Z).
Em I Enoque também hã menção a várias funções que pertencem ao Messias, e que reaparecem no Novo Testamento: Ele é o Juiz do mundo; Ele é o Revelador de todas as coisas; Ele é o Campeão e Dirigente dos justos; Ele ressuscita aos mortos (51:1; 61:5).
b.  Outras Obras Pseudepígrafas. O livro Testamen­to dos Doze Patriarcas refere-se à missão universalista do Messias, que haveria de envolver todos os seres humanos. II Baruque alude ao reino messiânico e à ressurreição dos mortos. IV Esdras é livro que indica o triunfo do Messias sobre os seus inimigos.
c.  Josefo e Suetônio. Esses antigos escritores falam sobre o poder que as idéias messiânicas exerciam sobre o judaísmo, pouco antes da época de Cristo. VerA Vida de Vespasiano 4, e também Guerras VI, 5,2.
d.  Materiais entre os Manuscritos do Mar Morto. São mencionados dois messias, em IQS 9:11, um de Aarão e outro de Israel. Também são mencionados o Mestre da Justiça; o grande Homem (IQS 4.18); o grande Profeta (IQS 9.11). O Homem reaparece no Testamento dos Doze Patriarcas, em Zac. 12:7 e em Lamentações 3:1. Também lemos sobre o Poderoso Conselheiro (Hino 3.5), e sobre o Botão, o Renovo e a Planta Eterna (Hino 6), que cobrem a terra inteira.
e.  A Quarta Écloga de Vergítio. Essa bucólica peça da literatura latina é verdadeira e espantosamente messiânica. Alguns comentadores têm pensado que ela foi inspirada pelo Espírito de Deus em um escritor pagão. Quando, na universidade, meus colegas e eu alíamos, nosso professor de latim comentou sobre o caráter incomum desse escrito, e sobre como muitos o consideram profético e messiânico. Há eruditos, porém, que oferecem uma explicação mais simples, embora não, necessariamente, a correta. Esses supõem que a obra foi escrita sob a influência dasexpectações messiânicas dos hebreus, não sendo um conceito independente de Vergílio. Suas datas (70—19 A.C.) fazem isso tornar-se perfeitamente exeqüível. Seja como for, essa obra fala sobre o nascimento de um menino que trará a paz ao mundo.
f.  A Inspiração dos Macabeus. Os Macabeus liberaram Israel da dominação estrangeira. Infeliz­mente, porém, não demorou para que Roma pusesse fim à liberdade deles! Os judeus começaram a anelar por uma figura que renovasse e até mesmo ultrapassasse a glória trazida pelos Macabeus. Por isso, o Messias foi assumindo dimensões cada vez maiores na mente popular, revestido de uma estatura metafísica gigantesca. Ele haveria de ser o Filho de Davi, inigualavelmente dotado, e que haveria de restaurar a nação de Israel, levando-a a ser a cabeça de um reino universal. Ele também seria o Filho de Deus, a Personagem celeste que traria aos judeus a salvação e seria o mediador de uma nova mensagem da parte de Deus. Veio à tona a idéia da era áurea (o milênio). O livro de Jubileus menciona, especifica­mente, os mil anos, e I Enoque refere-se a uma era áurea de trezentos anos. As expectações foram-seintensificando, à medida que a nação de Israel aproximou-se dos seus cinco mil anos do calendário da criação. As crenças populares afirmavam que seria então inaugurado o período do milênio. Esse período seria um tempo de justiça, paz, bênção e grandeza universais. Foi em meio dessas grandiosas expecta­ções que nasceu Jesus, o Cristo.
VI.  O Messias no Novo Testamento 
É óbvio que o Novo Testamento leva o conceito messiânico muito além do que o faz o livro de IEnoque. O Messias é ali não somente uma figura celeste, porquanto ele é divino, ele é o Servo sofredor que fez expiação por seu povo (ver sobre a Expiação)’,Ele é o Juiz de vivos e de mortos; ele é o Logos, o divino Revelador de todas as coisas; ele é o Salvador; ele é o verdadeiro Deus; ele tem uma tríplice missão: sobre a terra, no hades e nos céus. Em sua encarnação(vide), Cristo é o Deus-homem, naquela misteriosa união de personalidades que nenhuma teologia jamais foi capaz de explicar devidamente.
No artigo intitulado Cristo, o leitor é dirigido a consultar vinte e quatro outros artigos que desdobram a doutrina de quem foi o Cristo, o que ele realizou, e quais são os seus ofícios e poderes. Torna-se imediatamente patente que, sem embargo às grandes contribuições do Antigo Testamento e dos livrosextracanônicos para o conceito do Messias, o Novo Testamento desenvolve essa idéia em dimensões muito mais elevadas e profundas. Os artigos que dizem respeito à missão de Cristo são os seguintes:Salvação; Descida de Cristo ao Hades; Transformação do Crente Segundo a Imagem de Cristo.
Em todo o volume do Novo Testamento, a palavra Messias aparece somente por duas vezes, em João1:41 e 4:5. Em todas as demais ocorrências à idéia do Ungido de Deus é usada a palavra grega Christós.

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