Materialismo (Monismo)


Talvez a mais simples definição do materialismo seja: «O que existe é apenas matéria. O que sucede são os movimentos dos átomos que compõem a matéria». Os dicionários, porém, definem o materia­lismo como: «A doutrina que diz que os fatos da experiência podem ser todos explicados referindo-nos à realidade, às atividades e às leis das substâncias físicas ou materiais» . No entanto, a matéria envolve uma questão de fé, visto que a filosofia ainda não foi capaz de definir a matéria, e visto que a teoria
atômica ainda está em desenvolyiménto, sendo uma ciência crescentemente inclusiva. Os cientistas filoso­ficamente treinados admitem isso. A filosofia intitulada Positivismo Lógico também afirma isso. O materialismo, pois, é aquela fé que assevera que o universo total, incluindo a vida inteira, e os chamados eventos mentais, podem ser reduzidos e explicados em termos de matéria em movimento. A própria consciência é concebida como devida a energias físicas, e não explicada com base em algo imaterial. Visto que um único princípio é proposto para explicação de todas as coisas, o materialismo é considerado um monismo.
Teoria da Identidade. Essa é a posição que diz que os estados mentais e os estados cerebrais são contingentemente idênticos. Todos os conceitos mentais seriam meros estados do sistema nervoso central. Filósofos cujos nomes estão associados a esse conceito são Herbert Feigl, J.J.C. Smart, U.T. Place, D.M. Armstrong e Richard Rorty. Naturalmente, o materialismo depende dessa racionalização.
Reducionismo. Esse é o nome dado a qualquer processo mediante o qual alguma ciência é reduzida a outra, na suposição de que os termos-chave da primeira podem ser definidos segundo a linguagem da outra. Por exemplo, alguns afirmam que a psicologia pode ser reduzida à fisiologia. No tocante ao problema do corpo-mente, a teoria reducionista diz que todos os chamados eventos mentais podem ser reduzidos a meras funções do cérebro. O materialis­mo, pois, é um reducionismo.
Epifenomenalismo. Esse é o ensino que diz que a consciência é um mero acessório e acompanhamento dos processos fisiológicos, cuja presença ou ausência não faz qualquer diferença nesses processos, e cuja atividade não pode interferir com os mesmos, influenciando-os nem para melhor e nem para pior.
De acordo com essa teoria, os eventos mentais são propostos como epifenômenos dos estados cerebrais. O estado mental seria um subproduto da parte física do homem, e não algo independente dessa parte física.
Naturalismo. Para explicar o universo e suas manifestações, não precisaríamos olhar para qual­quer origem, continuação ou destino sobrenaturais. O universo é auto-existente, podendo ser explicado somente por si mesmo. A vida e o comportamento humanos podem ser inteiramente explicados median­te a estrutura orgânica e as necessidades característi­cas das espécies humana e animal.
Naturalismo Critico. Não sabemos o suficiente sobre a realidade que nos capacite a afirmar, com dogmática certeza, de que não existe qualquer princípio imaterial. Porém, temos a fé de que se tal princípio vier a ser descoberto, fará parte de um universo natural, não havendo qualquer necessidade para apelarmos para algum fator sobrenatural. Se o dualismo vier a ser provado algum dia, espera essa posição que se trate de algum dualismo natural, que não requeira a junção entre tal princípio e as crenças religiosas. A parte imaterial do homem, se é que a mesma existe, poderia ser um produto natural do processo evolutivo, e não um dom dos deuses.
Avaliação e Critica:
Apresento uma avaliação negativa do materialis­mo, exibida pelo fato de que meu rosto (uma imagem não postada acima), não está sorridente. Não tento expor uma critica detalhada, pois isso está fora do escopo do meu artigo. Porém, sugiro as seguintes críticas:
1.   Apesar da ciência haver oferecido muitas descrições sobre a matéria, ainda estamos longe de saber o que ela é. Somente uma teoria atômica
realmente completa poderia revelar-nos o que está envolvido na matéria. Mas, se não sabemos o que a matéria é (ou deixa de ser), como podemos dizer que todas as coisas são compostas de matéria? Para fazermos tal asserção, teremos de depender de uma fé animal.
2.     O epifenomenalismo faz o pensamento tornar-se claramente supérfluo. Não obstante, toda a nossa experiência aponta para a conclusão exatamente contrária. A mente é a construtora de todas as coisas, incluindo a investigação cientifica. £ um absurdo chamar os processos mentais de meros subprodutos dos estados físicos quando fica demonstrado, pela medicina psicossomática que os estados físicos podem ser criados pelos estados mentais. Ou seja, os estados físicos podem resultar dos estados mentais.
3.     O materialismo ignora a força que está sendo descoberta pelos estudos parapsicológicos. O materia­lismo, pois, oferece explicações alternativas, para explicar os eventos mentais, que são inadequados. Uma defesa dessa declaração está fora do eçcopo deste artigo; mas, em minha opinião, pode ser efetuada com resultados muito favoráveis.
4.    O materialismo ignora as evidências dadas pela fé religiosa, pela psicologia, pela moral e, especial­mente, pelas experiências místicas. O campo do misticismo é muito vasto e complexo, apresentando muitos problemas que o materialismo simplesmente não pode manusear adequadamente. Outrossim, a maioria dos materialistas mantém-se bastante igno­rante sobre esses assuntos, pois, como é patente, estão fora da esfera de seus interesses. Apesar de ser verdade que muitas pessoas religiosas têm a «vontade de crer», o que prejudica seus pontos de vista e também seus poderes analíticos, também é verdade que muitos materialistas têm a «vontade de não crer», o que lhes dá uma visão míope sobre a natureza do mundo.
5.   Especificamente, no tocante ao problema corpo-mente, se o materialismo fornece uma boa explicação sobre a cadeia de causas e efeitos físicos, é inadequada a sua explicação de como esse processo tem início. Seu apelo à fé (pois os materialistas costumam dizer que algum dia a ciência explicará esse como) revela a vontade deles em crer, por uma parte, acompanhada pela vontade de não crer, por outra parte.
O que foi dito acima, nesses cinco pontos, tem por escopo convencer especialmente quanto às debilida- des da teoria do materialismo. Apenas sugere aquilo que pode ser dito sobre a questão, o que, uma vez desenvolvido, pode obter respeitável credibilidade. Mas, uma coisa que este artigo não tenta é mostrar a força contrária ao materialismo, exercida pelas experiências perto da morte, o que dá apoio a alguma forma de dualismo.
Os principais filósofos que têm ensinado o materialismo são: Leucipo, Demócrito, Epicuro, Lucrécio, Thomas Hobbes, Pierre Gassendi, Jean Meslier, Julian Offray de La Mettrie, Paul Henri D’Holbach, Jacob Moleschott, Ludwig Buchner, Friedrich Albert Lange, Friedrich Engels, Karl Marx (e os filósofos comunistas em geral), Eugene Duhring, Axel Hagerstrom, E.B. Holt, W. P. Montague (que acreditava na possibilidade de uma alma física, atribuindo à própria matéria um aspecto psíquico limitado), J.J.C. Smart, D.M. Armstrong, C.D. Broad (o movimento geral do positivismo lógico tem favorecido o materialismo, embora não o tenha promovido como uma forma de metafísica).

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