Jesus nas tradições Islâmicas


Nos escritos islâmicos, Jesus é chamado de ’Isa Ibn Maryam (Jesus, filho de Maria), ao que, com frequência, eles adicionam Al Masih (o Cristo). Três questões são destacadas nesses escritos: o nascimento e os poderes miraculosos de Jesus; a vida ascética exemplar de Jesus; seu papel escatológico no esquema religioso das coisas. Essas tradições islâmicas pertencem, antes de tudo, à narrativa do Alcorão sobre Jesus. Ali, Jesus aparece somente como um ser humano (chamar qualquer homem de Deus é a pior heresia e blasfêmia possível no islamismo), embora ele apareça como homem sobre quem repousava grande porção do Espírito de Deus. Jesus aparece como o porta-voz do Injil (evangelho). De acordo com isso, uma boa parcela do Novo Testamento foi incluída no Alcorão como material digno de fé e de ser posto em prática. Jesus é considerado a maior figura, depois do último e maior de todos os profetas históricos, o penúltimo de uma série de grandes reveladores. Jesus é retratado como quem foi elevado aos céus, em um momento de crise, sem haver sofrido a crucificação. Seu nascimento virginal e suas obras de compaixão são elementos importantes na tradição islâmica. Adornos, tomados por empréstimo de livros apócrifos do Novo Testamento fazem parte dessa documenta­ção. Supõe-se que os livros apócrifos do Novo Testamento tiveram alguma circulação nas regiões que, posteriormente, tornaram-se territórios islâmi­cos, o que talvez explique a adição desse material ao Alcorão. Algumas das declarações do Alcorão são reflexos de idéias do Novo Testamento. Por exemplo, Jesus é visto a sair da casa de uma prostituta. Alguém então lhe pergunta: «Ó Espírito de Deus, que estás fazendo com essa mulher?» E Jesus responde: «O médico só visita aos enfermos». No Alcorão Jesus também mostra ser contra a ostentação no jejum. Essa ideia faz parte dos escritos islâmicos. A declaração de Jesus sobre o belo, templo de Jerusalém, que seria destruído, sem que ficasse pedra sobre pedra (ver Mat. 24), é adaptada de modo a aplicar-se a uma mesquita islâmica. Mas também há alguns elementos diferentes. Ocorrem milagres mágicos de Jesus. Um desses relatos conta como Jesus foi capaz de tingir vestes com dez cores diferentes, mergulhadas em um único tanque. As tradições islâmicas dizem como Jesus foi treinado como tintureiro. Em um outro relato, Jesus é apresentado a transformar um grupo de crianças inconvenientes em suínos, para então ordenar que os porcos se fossem de sua presença!
Ascetismo. Segundo o islamismo, Jesus referiu-se àpobreza e à aflição como dois amigos, aos quais deveríamos amar; pois, amar a essas coisas é idêntico a amá-Lo. Uma tradição islâmica faz de Jesus o Imamal-Sa’ihin, «o Príncipe dos Vagabundos», o que, evidentemente, reflete a declaração dos evangelhos de  que ele não tinha onde reclinar a cabeça. As tradições islâmicas expõem a seguinte descrição sobre a aparência de Jesus: «Ele era ruivo, dé tez bem clara; tinha os cabelos aparados e nunca ungia a cabeça.Costumava andar descalço e não tinha residência, nem enfeites, nem bens materiais, nem trocas de roupa, mas tão somente seu alimento diário». Al-Ghazali disse que Jesus declarou, de certa feita: «Tenho-me desgastado com meus labores, e não há pessoa tão pobre quanto eu».
Parte dessa descrição, aparentemente, visava a frisar a verdadeira humanidade de Jesus, procurando desviar a idéia para longe de um Deus humano, conforme é a concepção bíblica e cristã de Jesus Cristo. Naturalmente, Jesus também é apresentado, dentro do islamismo como uma poderosa figura escatológica que haverá de vindicar a fé dos muçulmanos, tornando-a a fé suprema entre todas as religiões do mundo. Ê de presumir-se que ele haverá de quebrar todas as cruzes (símbolos da idolatria) e de matar ao anticristo, que os islâmicos dão o nome deAl-Dajjal. Entretanto, os movimentos Ahmadiyyah, no século XX, têm eliminado todo o vestígio de um Jesus escatológico, afirmando que Jesus foi sepultado emCasemira como homem de avançada idade. Ver os artigos seoarados sobre o Alcorão; Maomé; Maome-tanismo; Ética Islâmica; Filosofia Islâmica.

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