Diversas Interpretação sob o Termo “Novo”


1.    Há certo ponto de vista que pode ser chamado institucional. Os judeus criam que pelo fato de serem filhos de Abraão, isto é, da aliança, e pelo fato de pertencerem àquela organização religiosa que era reputada de origem divina, já haviam cumprido quaisquer exigências de natureza religiosa que lhes fosse solicitada, quanto às questões espirituais. A teologia rabínica tinha um conceito extremamente superficial da regeneração, e o confinava essencial­mente a uma modificação da posição social externa, de um gentio para um prosélito do judaísmo. Assim sendo, podemos entender a ignorância de Nicodemos sobre o ponto. No entanto, a igreja cristã de hoje ainda tem em seu meio elementos fortemente representativos dessa posição institucional. Para muitos, ser filho de Deus é a mesma coisa que pertencer a certa denominação, ou ser batizado com o seu batismo. Quer tenha havido ou não contato com qualquer presença ou princípio divino, e quer tenha havido ou não qualquer transformação espiritual verdadeira no indivíduo, essas são questões que a tais pessoas não parecem dignas de consideração.
2.     Há aquele ponto de vista que mistura a ideia institucional com a explicação adicional de que, além dessas conexões certas com alguma instituição terrena, é mister que o indivíduo também experimen­te alguma espécie de renovação espiritual. Tais- intérpretes argumentam que o elemento «institucio­nal» serve de meio para realizar a renovação espiritual, e que não podemos ter esta sem aquele. Por esse motivo, esperam que o estar unido a alguma denominação particular, tendo recebido o seu batismo, juntamente com outros ritos, e por ser membro ativo dessa organização, seja algo que produz a esperada transformação espiritual. Tal crença repousa na suposição de que Deus preferiu operar através de alguma organização particular, a fim de realizar os seus propósitos remidores entre os homens. Um judeu dotado de mente mais espiritual talvez pudesse ter entendido o renascimento mais ou menos dessa maneira. Nicodemos, sem dúvida, teria compreendido bem uma declaração mais ou menos vazada nestes termos: «Todo gentio precisa nascer de novo», o que, para ele, significava que lhe seria necessário tornar-se prosélito do judaísmo, e que, uma vez que se tornasse tal, mediante os ritos e os ensinamentos recebidos no templo e nas sinagogas, — tal gentio passasse pelo menos por alguma modalidade de reforma moral; então isso poderia ser reputado como uma espécie de regeneração. Os judeus têm um ditado frequente que diz: «Quem se torna prosélito, é como uma criança recém-nascida». (Targuns Bab. Yebamot, foi. 22:1.48; 2:62.1 e 97.2). E isso expõe o caso do ponto de vista institucional (segundo foi esclarecido em «1» acima) ou do ponto de vista aqui em consideração.
«Os judeus tinham certas noções gerais acerca do novo nascimento; mas, tal como acontece entre muitos cristãos, eles colocam os atos de proselitismo, batismo, etc., no lugar do Espírito Santo e de sua influência. Reconheciam que um homem precisa nascer de novo; porém, pensavam que o novo nascimento consistisse em profissão, confissão e lavagens externas». (Adam Clark, in loc., ao expressar a ideia dada na primeira destas interpreta­ções, e por alguma extensão de ideia, a interpretação seguinte).
3.   Conversão. Outros encaram o novo nascimento ou regeneração como conversão, mas isso é muito inadequado. A conversão, por si só, não é ainda regeneração, mas é tão somente parte da regeneração. A conversão consiste em uma meia volta na vida, em que a alma se volta para Deus. Nas páginas do N.T., a palavra epistrepho é utilizada para expressar essa ideia, e é aplicada tanto para os desviados, que retornam à sua anterior comunhão com Deus, como para os incrédulos, ao se voltarem para Deus. (Ver os trechos de Luc. 22:32; Apo. 2:5,16; Mat. 18:3; Atos 3:19 e 26:18). A conversão é descrita como um voltar-se das trevas da idolatria, do pecado e do domínio de Satanás, para a adoração e o serviço ao verdadeiro Deus (conforme se vê nas passagens de Atos 14:15; 26:18; I Tes. 1:9) e ao seu Filho, Jesus Cristo (como se vê em I Ped. 2:25).
A conversão consiste no exercício do arrependimen­to e da fé, elementos esses que tanto o Senhor Jesus como o Apóstolo Paulo vinculam como sumários das exigências morais do evangelho. (Ver Mar. 1:15 e Atos 20:21). O arrependimento é uma mudança de mente e de coração para com Deus; a fé significa a confiança na Palavra de Deus e em seu Cristo. A conversão, pois, encerra ambas essas ideias.

Nenhum comentário: