Crucificação de Cristo


Mat. 27:35: Então, depois de o crucificarem, repartiram as vestes dele, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes.
Depois de o crucificarem. (Ver o artigo sobre aExpiação). A crucificação é modo muito antigo de execução. O stauros (vocábulo grego) para «poste», «cruz» originalmente era um poste de ponta afiada, em cima do qual as vítimas eram lançadas, para ficarem ali suspensas e torturadas. Era usado na Pérsia e em Roma dos tempos antigos. Os judeus suspendiam um criminoso, após a sua morte, com o propósito de servir de exemplo (ver Deut. 21:22,23). Ao tempo de Cristo, três tipos de cruzes eram usadas —uma que se assemelhava à nossa letra X (chamada cruz de Santo André), outra parecida com nossa letra T (chamada cruz de Santo Antônio), e a cruz latina, de desenho bem conhecido -J- . Não há absoluta certeza sobre a modalidade de cruz que foi empregada quando da execução de Jesus, mas a maioria dos estudiosos acredita que tenha sido a de último tipo. A crucificação sempre tinha lugar fora dos muros da cidade e a vítima carregava a sua cruz até o local da execução. As mãos (provavelmente no pulso ou no metacarpo) eram cravadas, primeiramen­te a direita, e então a esquerda, enquanto o condenado jazia sobre a terra. As autoridades diferem sobre o ponto dos pés serem cravados em separado ou se ambos eram cravados juntos. Não havia apoio para os pés, propriamente dito, mas alguma espécie de apoio em torno dos pés era usado. O mais provável é que na cruz os pés da vítima ficassem a apenas cerca de um palmo da terra. — A morte usualmente demorava muito, raramente exigindo menos de trinta e seis horas, e ocasionalmente se prolongava por nada menos de nove dias. As dores eram intensas, e as artérias da cabeça e do estômago ficavam grossas de sangue. Às vezes declarava-se febre traumática e tétano. Quando era desejável apressar a morte da vítima, as pernas eram despedaçadas com golpes aplicados com um pesado cacete ou martelo. O próprio nome da cruz era motivo de opróbrio, culpa e ignomínia. Cícero declarou: «O próprio nome (da cruz) deveria ser excluído não só do corpo, mas também dos pensamentos, dos olhos e dos ouvidos dos cidadãos romanos». Era uma execução reservada aos criminosos mais vis. Constantino (imperador romano em cerca de 300 D.C.), após a sua conversão ao cristianismo, embora nominalmente apenas, aboliu essa prática.
Uma Morte em Jerusalém
Artigo extraído por permissão da Revista Time, secção Ciência, edição de 18 de janeiro de 1971.
Foi um período de grande intranquilidade e agitação na antiga Judéia. Desassossegados sob o governo pagão de Roma, os judeus da Palestina, no primeiro século da era cristã, por repetidas vezes desafiaram os seus conquistadores com gestos ousados de oposição e atos francos de rebelião. A resposta dos romanos usualmente era imediata e cruel. Talvez porque tenha participado em um desses levantes ou tenha cometido alguma outra ofensa grave, aos olhos dos severos governantes de Jerusa­lém, um jovem judeu, chamadoYehohanan (forma hebraica para João), foi sentenciado à morte. A semelhança de milhares de outros judeus—incluindo Jesus de Nazaré—que também fora condenado pelos procuradores romanos durante aqueles anos de turbulência, Yehohanan morreu lenta e dolorosamente  na cruz.
Primeira Evidência
A morte de Yehohaman foi esquecida prontamente.
Nenhum documento foi jamais encontrado que registrasse o seu crime ou relembrasse a sua execução. No entanto, depois de quase dois mil anos, foi ele agora súbita e sensacionalmente desenterrado das brumas da história. Na semana passada arqueólogos israelenses anunciaram que haviam identificado os restos mortais do desafortunado jovem, por haverem encontrado claras evidências sobre sua terrível execução.
Os eruditos israelenses, que estudaram seu achado por mais de dois anos, antes de fazerem o seu anúncio, mostraram-se compreensivelmente cautelo­sos. O que descobriram e autenticaram foi a primeira firme evidência física de uma crucificação real, no antigo mundo mediterrâneo. Embora a história registre que essa forma de punição tenha continuado a ser usada pelos romanos, até o século IV D.C. (até que foi finalmente banida por lei, pelo imperador Constantino1, que legalizou o cristianismo no império), a única evidência física anterior sobre a crucificação era extremamente tênue. Consistia de alguns poucos ossos, escavados na Itália e na Romênia, que continham perfurações nos braços e nos calcanhares, e que poderiam ter sido feitos durante crucificações. Mas nunca ‘se descobrira qualquer traço dos cravos que teriam sido utilizados para penetrar no corpo das ótimas, fixando-as à cruz.
A nova evidência arqueológica, que é um subprodutode intensas escavações e dos projetos de construção efetuados pelos israelenses, nos territórios conquistados durante a Guerra de Seis Dias, é muito mais substancial. Em junho de 1968, um ano depois que as tropas israelenses ocuparam a cidade inteira de Jerusalém, os trabalhadores começaram a aplainar um trecho rochoso de terreno, com tratores, em um local que distava quase dois quilômetros da antiga Porta de Damasco daquela cidade, na direção norte, como preparativos para o soerguimento de um moderno complexo de edifícios de apartamentos. E quase imediatamente descobriram que aquele local, denominado Giv’at ha-Mivtar (que significa Colina da Fronteira) estava coalhado de sepulcros que datavam dos tempos bíblicos.
Convocado pelo Departamento de Antiguidades e Museus de Israel, o arqueólogo Vasilius Tzaferis não demorou em abrir quinze ossuários, ou seja,sarcófagos de pedra, que continham os esqueletos de trinta e cinco pessoas, onze homens, doze mulheres e doze crianças. Pelo menos cinco daqueles judeus tinham tido morte violenta. Mas Tzaferis ficou especialmente intrigado pelo que encontrou em um dos ossuários, que continha os ossos de uma criança de três ou quatro anos de idade, e os ossos de um adulto cujo nome — Yehohanan — estava escrito em letras aramaicas quase ilegíveis, do lado de fora. Os ossos do calcanhar desse homem estavam atravessa­dos pelos restos enferrujados de um cravo com dezoito centímetros de comprimento.
Com base nesses frágeis ossos, um anatomista e antropólogo romeno, da Universidade Hebraica de Jerusalém, Nicu Haas, foi capaz de compor um quadro surpreendentemente detalhado do jovem: teria entre vinte e trinta anos de idade, e era de estatura média para aquele período (1,65 m), sendo dotado de feições delicadas e agradáveis, que pareciam aproximar-se do ideal helénico; talvez tivesse usado barba, e aparentemente jamais realizara qualquer trabalho realmente árduo—o que indicava sua possível origem nas classes abastadas. Excetuando os ferimentos que lhe foram infligidos durante sua crucificação, parece que gozava de saúde realmente excepcional. Suas únicas deformações físicas eram um palato levemente aberto e uma certa assimetria quase imperceptível em seu crânio, que talvez fosse sinal de um nascimento difícil.
Cravo Torto
O único cravo tão revelador foi preservado por uma estranha ocorrência. Por causa de um nó muito duro na madeira de oliveira da cruz, o cravo se entortou de leve para um lado, quando estava sendo fincado a marteladas em seu lugar. Mais tarde, quando aplicaram o tradicional golpe de misericórdia (pancada forte que fraturava ambas as pernas e que apressava a morte da vitima, causando hemorragia e choque), aparentemente o cravo torto mostrou estar firmemente fixado na cruz, tendo impedido todos os esforços de tirar o cadáver da cruz. A única maneira prática pela qual isso pôde ser feito, segundo escreve Haas no Israel Exploration Journal, foi «decepar os pés e então remover o complexo inteiro — cravo, placa de madeira que ajudava a manter os pés em posição, e os pés — da cruz». Em seguida, essas porções cortadas foram segundo todas as aparências, sepultadas imediatamente, juntamente com o resto do corpo, em uma sepultura tempor&ria; pois os costumes judaicos proíbem que um corpo fique exposto por muito tempo depois da ocorrência da morte. Subsequentemente, os restos mortais de Yehohanan foram desenterrados por seus amigos ou parentes, tendo sido removidos para seu lugar de descanso permamente, do lado de fora da cidade, onde permaneceram intocados até o ano de 1968.
À data exata da execução já não transparece com tanta clareza. Porém, se levarmos em conta os vasos e outros artefatos existentes na caverna, conforme verificaram os eruditos israelenses, poderemos fazer um cálculo aproximado: tudo poderia ter tido lugar desde 7 D.C., quando os judeus se levantaram contra os romanos, protestando por motivo de um recensea­mento oficial, ou já no final da década antes da destruição do Segundo Templo e da dispersão dos judeus, em 70 D.C.
A Agonia de Jesus
O período e o lugar da execução desse jovem animou comparações com a própria paixão de Jesus Cristo na cruz—o que, segundo crêem os eruditos, teve lugar em cerca de 30 D.C., quando Jesus já havia passado dos trinta anos de idade.
Ao fixar a data para o início da era cristã, o monge cita do século VI D.C., Dionísio Exíguo, introduziu um equívoco de pelo menos quatro anos no cálculo do ano do nascimento de Jesus. Além disso, os evangelhos não fornecem uma data precisa nem para o nascimento e nem para a morte de Cristo.
Porém, o diretor de antiguidades de Israel, AbrahamBiran, bem como certo número de eruditos bíblicos cristãos, prontamente advertiram contra a tentativa de identificar o esqueleto como se fosse o de Jesus. Conforme salientou o Dr. Bruce Metzger, do PrincetonTheological Seminary: «Não temos, em absoluto, qualquer conhecimento acerca da estatura física de Jesus». Outrossim, o executado era mais jovem que Jesus, e os evangelhos historiam que os soldados romanos, em contraste com sua prática regular, não quebraram as pernas de Jesus antes de sua morte; mas feriram-lhe o lado do cadáver com uma lança. Tanto os arqueólogos como os eruditos bíblicos se mostraram compreensivelmente preocupados. Qual­quer sugestão, ainda que remota, de que o corpo era o de Jesus, poderia desafiar duas das crenças cristãs mais centrais; a ressurreição, ou seja, a doutrina de que Cristo ressuscitou dentre os mortos, três dias a sua crucificação; e a ascensão, que assegura que Jesus subiu corporalmente aos céus, quarenta dias mais tarde.
Embora o descobrimento feito em Giv ’at ha-Mivtarnão acrescente qualquer nova informação sobre a vida de Jesus, pode dar uma nova dimensão ao seu sofrimento final. Segundo a arte religiosa clássica, Jesus crucificado geralmente aparece em uma posição ereta, preso à cruz por cravos atravessados em suas mãos estendidas e através de seus pés. Na opinião de alguns estudiosos, entretanto, essa interpretação acerca da crucificação desde há muito tem parecido altamente improvável. Pois se o peso principal do corpo ficasse dependurado pelas mãos, o corpo da vitima ficaria arqueado para fora; tornar-se-iaextremamente difícil o funcionamento. De conformi­dade com a reconstituição da crucificação deYehohanan, feita por Haas—o que talvez mostre a maneira típica usada nas crucificações da Palestina antiga—os cravos bem poderiam ter sido fixados através dos antebraços, a fim de que houvesse maior apoio, ao mesmo tempo que as pernas da vitima eram torcidas para um lado e dobradas. Haas chama isso deposição compulsória e desnaturai. Porém, explica ele que isso teria servido aos propósitos dos executores perfeitamente bem: teria prolongado tanto a vida como a agonia da vítima.
De conformidade com os costumes romanos, os crucificados não eram tirados da cruz; eram ali abandonados, a fim de morrerem lentamente. Suas carnes eram dadas às aves ou aos animais ferozes. Havia ocasiões em que o sofrimento dos condenados era abreviado, acendendo-se uma fogueira ao pé da cruz, ou permitindo que leões ou ursos os despedaças­sem. Mas os judeus não permitiam tais coisas; e também insistiam em que se desse sepultamento aos mortos na cruz. O ato de quebrar as pernas dos crucificados, na realidade era uma espécie de golpe de misericórdia, a fim de apressar a morte; e o transpassar com a lança também era outra forma de «golpe de misericórdia». Alguns comentaristas acredi­tam que foi quando estava sendo cravado na cruz que Jesus proferiu aquelas palavras: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem» (Luc. 23:34). A tortura da cruz era a forma de punição mais horrenda, desumana e sem misericórdia que jamais foi inventada pelo homem, e a palavra excruciante, termo moderno para indicar tortura ou dor intensas, se deriva desse vocábulo—cruz.
Temos um hino favorito que diz:
Sob a cruz de Jesus,
Quero tomar meu lugar,..
Por instinto, preferíamos tomar lugar em toda parte, menos ali, porquanto em parte alguma achamos uma acusação tão patente contra a iniquidade humana. Ali vemos claramente demonstrada a iniquidade do homem. A própria história do mundo, com todos os seus conflitos e guerras, e até mesmo com as divisões e as contendas no seio da própria igreja cristã, serve de mais um testemunho acerca da maldade do homem. É na cruz que encontramos nossa natureza vil,nossas propensões ao pecado, nossas expressões de maldade. Na cruz, entretanto, sofreu e morreu, o homem da alma mais pura que a terra já conheceu.Buttrick diz em Mat. 27:35: «Como poderíamos exibir ainda a natureza humana, exceto quando essa natureza humana é lançada na misericórdia e poder de Deus?»
Na Via Dolorosa, Jesus lutara sob o peso de sua cruz. Fora açoitado com um açoite cuja ponta era munida de um pedacinho de metal. Foi espancado até quase não poder ser reconhecido, e a caminho do Calvário foi com ferimentos abertos, a derramar sangue. Nessas condições é que foi cravado na cruz. Foi vítima de exposição ao sol e ao calor, a enxames de moscas, e aos insultos de homens dotados de mentes sádicas. Quando a altivez humana—tal como a de Caifás, que cobiçava ouro e posição, ou como a de Pilatos, que desejava governar, se desenvolve ple­namente, crucifica Cristo de novo. Aprendemos, então, que é à sombra da cruz, que devemos tomar nosso lugar, pois dali flui o sangue que dá vida. Jesus identificou-se conosco, sofrendo em favor de toda a humanidade, a ira que pertence ao pecado e o precede. Por conseguinte, a sua morte é a nova páscoa. Por conseguinte, o seu poder permanece até hoje, para salvar-nos do pecado que o enviou à cruz. O desespero do expositor é o fato de não existirem paralelos para a obra de Cristo. Mas o crânio daquela colina atualmente está partido mediante a coragem e a compaixão de Deus, em Cristo, pelo que agora há nele o nascimento de uma vida nova para todos quantos vivem neste mundo.
As Chagas Divinas mãos e pês, peito rasgado.
Chagas em brandas carnes imprimidas,
Meu Deus, que, por salvar almas perdidas,
Por elas quereis ser crucificado.
Outra fé, outro amor, outro cuidado.
Outras dores às Vossas são devidas,
Outros corações limpos, outras vidas,
Outro querer no vosso transformado.
Em vós se encerrou toda a piedade,
Ficou no mundo só toda a crueza,
Por isso cada um deu o que tinha.
Claros sinais de amor, ah! saudade!
Minha consolação, minha firmeza,
Chagas do meu Senhor, redenção minha.
(Frei Agostinho da Cruz, Portugal: 1540-1619).
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CRUCIFICAÇÃO, Narrativa do Calvário
João 19:17-42 comparado com os Sinópticos.
Ver os paralelos nos trechos de Mat. 27:45-61; Mar. 15:33-47 e Luc. 23:44-56. Novamente encon­tramos o fato de que diferentes fontes informativas foram utilizadas pelo autor do quarto evangelho em comparação com as fontes usadas pelos autores dos evangelhos sinópticos, pois apesar de grande parte do material ser idêntico, existem algumas notáveis diferenças que tornam óbvia a sugestão que, neste ponto, houve uma variedade de fontes. Sabemos que o evangelho de João encerra menos de dez por cento do material dos evangelhos sinópticos, e isso é prova suficiente de que o seu autor não contava com qualquer desses evangelhos à sua frente, quando compilou o seu próprio evangelho. Porque se tivesse contado com os mesmos evangelhos, não resta dúvida de que teria usado muito mais do que os dez por cento. É óbvio também que até quando o quarto evangelho contém material semelhante, em alguns pontos particulares, esse material é bastante diferen- te.
As diferenças básicas entre o evangelhossinópticos e o evangelho de Joao no que diz respeito a Joao 19:17-42.
1.  O evangelho de João omite a história de Simão o  cireneu, que foi forçado a ajudar a carregar a pesada cruz de Jesus, porquanto Cristo estava por demais debilitado fisicamente para tão grande esforço, e ainda lhe era necessário fazer a caminhada da área do templo até fora dos muros de Jerusalém, onde ficava o lugar da sua crucificação. Todos os evangelhos sinópticos, entretanto, incluem essa narrativa. Provavelmente as fontes informativas usadas pelo quarto evangelho não continham essa história, pelo que também o seu autor não a incluiu em suas descrições históricas. Alguns estudiosos têm sugerido, entretanto, que mui provavelmente ele sabia da ocorrência, tendo-a omitido propositalmente, porquanto gnósticos heréticos, até mesmo em seus dias, como Basilides fez uma geração mais tarde, diziam que Simão e Jesus trocaram de lugar, de tal modo que Jesus realmente não morreu na cruz. (Encontramos essa ideia mencionada por Irineu, um dos primeiros pais da Igreja, em 150 D.C., em seu livro Contra as Heresias, 1.24.4). Sabemos que há um forte elemento antignóstico e antidocético no evange­lho e nas epistolas de João, sendo possível que foi justamente por esse motivo que o autor sagrado do quarto evangelho omitiu a história, a fim de evitar qualquer sugestão de que Jesus não morreu na cruz. Todavia, não há meios de provarmos a questão, nem para um lado e nem para outro.
2.   A narrativa das mulheres que se lamentavam, enquanto seguiam o Senhor Jesus ao local da crucificação, também é apresentada exclusivamente pelo terceiro evangelho (ver Luc. 23:27-31).
3.   ’ O título, posto por Pilatos no alto da cruz de Jesus, apresenta variações diversas em todos os quatro evangelhos. O evangelho de João é o único que nos dá a informação que foram escritas as palavras «Jesus, o Nazareno», como também é o único queajunta que o título da acusação fora escrito em hebraico, em latim e em grego. Pelos informes históricos ficamos sabendo que mui provavelmente isso era uma medida usual, porquanto em outros casos, títulos em diversos idiomas foram escritos e expostos em público, como nos sepulcros dos grandes personagens, etc.
4.    A objeção feita pelos principais sacerdotes dos judeus, ante o titulo posto na cruz, Rei dos Judeus,ocasião em que desejavam que fosse dito «Ele disse…», isto é, que Jesus é quem fizera tal reivindicação, e não que ele fosse realmente o rei dos judeus, são informes que aparecem somente no quarto evangelho. (Ver João 19:21,22).
5.  O oferecimento que fizeram a Jesus, de uma bebida amortecedora dos sentidos, evidentemente para aliviar as dores próprias da crucificação, é informação que aparece somente nos trechos de Mat.27:34 e Mar. 15:23.
6.   A divisão das vestes de Jesus Cristo, entre os soldados, é narrada nos evangelhos de Mateus, Marcos e João; mas somente este último diz-nos que suas vestes foram divididas em quatro partes, ou seja, uma parte para cada soldado. E somente o evangelho de João, por igual modo, informa-nos que quanto à túnica sem costura de Jesus, os soldados lançaram sortes, para ver com qual deles ficaria a mesma, cumprindo assim a profecia de Sal. 22:18. (Ver João19:23,24).
7.   Somente o evangelho de João fala-nos sobre a presença de Maria, mãe de Jesus, de outras mulheres e do apóstolo João, ao pé ,da cruz. (Ver João 19:25-27).
8.   Os evangelhos sinópticos são os únicos que registram como diversos indivíduos ou grupos seprostaram diante da cruz, incluindo os principais
sacerdotes, com o fito de insultarem a Jesus, estando ele encravado na mesma. (Ver Mar. 15:29-32; Mat. 27:39-44 e Luc. 23:35-43).
9.   Somente o evangelho de Lucas registra como umdos ladrões, que também havia participado ativamen­te das zombarias contra Jesus, finalmente se arrependeu, e como o Senhor Jesus lhe prometeu que ainda naquele dia estaria com ele no paraíso. (Ver Luc. 23:39-43). O evangelho de Lucas, entretanto, não indica que esse ladrão penitente houvesse zombado de Jesus, mas os evangelhos de Mateus e Marcos deixam isso claro, ainda que em termos gerais.
10.  As declarações feitas por Jesus, estando na cruz, são diferentes em cada evangelho. (Quanto a uma completa descrição sobre essa questão, ver as notas no NTI em João 19:26).
11.  O fato de que sobrevieram trevas, que;sombrearam a terra inteira pelo espaço de três horas é registrado exclusivamente pelos evangelhossinópti­cos. (Ver Mat. 27:45-50; Mar. 15:33-37 e Luc. 23:44-46).
12.   Os diversos fenômenos que acompanharam a crucificação de Jesus são omitidos no relato do evangelho de João, como por exemplo, o véu do templo, que se rasgou de cima a baixo (Ver Mar.15:38; Mat. 27:41 e Luc. 23:45). O testemunho do centurião, acerca da grandeza moral de Jesus também é omitido pelo quarto evangelho. (Ver Mar.15:39; Mat. 27:54 e Luc. 23:47). A grande consternação e lamentação das mulheres é outro pequeno detalhe histórico omitido pelo autor do quarto evangelho. (Ver Mar. 15:40; Mat. 27:55,56 e Luc. 23:28-49).
13.  O fato de que as pernas do Senhor Jesus não tiveram de ser quebradas, a exemplo do que os soldados fizeram com os dois ladrões, e também o de um soldado ferir o corpo já morto de Jesus com uma lança, entre as costelas, e como saiu sangue e água pelo ferimento, aparece apenas no quarto evangelho. (Ver João 19:31-37).
14.   O fato de que Pilatos se maravilhou com a morte súbita de Jesus, aparece exclusiva­mente na passagem de Mar. 15:44,45.
15.  O fato de que Nicodemos acompanhou José deArimatéia quando do sepultamento do Senhor Jesus, é exposto apenas pelo evangelho de João. (Ver o versículo trinta e nove, que também descreve a quantidade de perfumes e especiarias trazidos para o embalsamamento do corpo de Jesus, segundo o costume judaico, que também só aparece no evangelho de João).
16.   O fato de que o sepulcro de Jesus ficava em um jardim, é detalhe oferecido a nós somente no evangelho de João. (Ver João 19:41).
17.   Que foi posta uma guarda de soldados para vigiar o túmulo de Jesus, é informe histórico dado somente no trecho de Mat. 27:62-66.
No que diz respeito à ordem dos acontecimentos, por ocasião da crucificação.
1.   No caminho para o Gólgota, as mulheres se lamentam. Foi a Via Dolorosa. (Luc. 23:27-31).
2.   Chegada ao Gólgota. (Mat. 27:33; Mar. 15:22; Luc. 23:33 e João 19:17).
3.   Ofereceram uma mistura amortecedora dos sentidos, que Jesus rejeitou. (Mat. 27:34 e Mar. 15:33).
4.   A crucificação. (Mat. 27:35-38; Mar. 15:24-28; Luc. 23:33-38 e João 19:18-24).
5.  Declaração de Cristo, na cruz: «Pai, perdoa-lhes» (Luc. 23:34).
6.   Vestes de Jesus são divididas, e sua túnica inconsútil é dada por sorte a um dos soldados. (Mat.27:35; Mar. 15:34; Luc. 23:34 e João 19:23,24).
7.  O povo, os principais sacerdotes, os soldados e os passantes, todos zombam de Jesus. (Mat.27:39-44; Mar. 15:29-32 e Luc. 23:35-38).
8.   O incidente dos ladrões que escarneciam de Jesus, até que um deles, finalmente, se arrepende. (Mat. 27:44; Mar. 15:32 e Luc. 23:29-43).
9.   Segunda declaração de Cristo, na cruz: «Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso» (Luc. 23:43).
10. Terceira declaração de Cristo, na cruz, à sua mãe e ao apóstolo João, respectivamente: «Mulher, eis aí o teu filho…Eis d a tua mãe» (João 19:26,27).
11. As trevas de três horas sobre a terra. (Mat.27:45; Mar. 15:33 e Luc. 23:24).
12.  Quarta declaração de Cristo, na cruz: «Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?» (Mat.27:46 e Mar. 15:34-36).
13. Quinta declaração de Cristo, na cruz: «Tenho sede» (João 19:28).
14. Sexta declaração de Cristo, na cruz: «Está consumado!» (João 19:30).
15. Sétima declaração de Cristo, na cruz: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Luc. 23:46).
16.O Senhor entrega o espirito. (Mat. 27:50; Mar. 15:37; Luc. 23:37; Lu. 23:46 e João 19:30)
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CRUCIFIXO
Essa palavra vem do latim, crucifixus, que se deriva dei crux, «cruz», efigere, «fixar». Em outras palavras, uma cruz que é fixada. O item representa Cristo na cruz, usado como símbolo cristão. Desde o começo do cristianismo, a cruz tem sido um emblema cristão. O crucifixo começou a ser usado de modo geral em cerca do século VI D.C. A principio, os crucifixos traziam uma imagem vestida, representando Cristo, por razões de modéstia. Porém, os artistas orientais começaram a retratar a cena de forma mais realista, provavelmente em resultado da controvérsia monofisista (que. vide). De acordo com esta posição a verdadeira humanidade de Cristo era negada, para todos os propósitos práticos. A representação mais realista de Cristo, no Ocidente, só ocorreu no século IX D.C. em diante. O crucifixo era uma extensão do uso privado e litúrgico da cruz. As cruzes celtas com frequência serviam a um propósito didático, porquan­to eram inscritas de forma a representar vários mistérios da fé cristã. Alguns crucifixos eram tãoelaboradamente preparados, representando os sofri­mentos e os ferimentos de Cristo, que eram mais símbolos da desolação e dos padecimentos humanos do que da vitória de Jesus Cristo sobre a morte.

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