Cristo (Tipos)


1. O Termo
A palavra portuguesa Cristo é transliteração do adjetivo verbal grego, Christós, que significa «ungido». Essa palavra hebraica, por sua vez, traduz o termo hebraico mashiach, que tem o mesmo sentido. Essa palavra hebraica foi absorvida pelo grego sob a forma modificada de messias, conforme se vê em João 14:1 e 4:25. Ê daí que vem a nossa palavra portuguesa Messias. Em Israel, desde os tempos mais remotos, os sumos sacerdotes (Êxo. 29:7) e os reis eram ungidos. Essa unção servia de confirmação externa da escolha divina, que conferia a eles os seus respectivos ofícios. Ê dito acerca de Saul e Davi que, por ocasião de sua unção, o Espírito de Yahweh desceu sobre eles poderosamente (I Sam. 10:6 ss,16:13). AI há um texto de prova bíblico em favor da ideia da transmissão de caráter (que vide), ou seja, a noção de que os sacramentos deixam certa marcasobre a pessoa que os recebe, conferindo-lhe a graça divina que a transforma em seu caráter. Ver também trechos bíblicos como I Sam. 24:6,10; Sal. 2:2; 18:50; 20:6; 132:10,17; 89:38,51. No trecho de Salmos 105:16lemos que os patriarcas foram consagrados ao serviço de Deus, o que dá a entender unção. O rei da Pérsia, Ciro(Isa. 45:1), foi ungido por Deus para realizar certa tarefa divina, o que nos serve de informação bastante instrutiva. Algumas referên­cias do livro dos Salmos cabem dentro do contexto messiânico, dando a entender o aparecimento do Ungido. Os escritos do período intertestamentário também têm algumas indicações messiânicas. A obra Salmos de Salomão, de 50 A.C., é fortemente messiânica, referindo-se. à vinda do Rei que seria impulsionado pelo Espirito, que seria forte no temor de Deus, e subjugaria a muitos povos, não pelo poder militar, mas pela energia espiritual. Ele reuniria um povo que seria os filhos de Deus. Mas somente o povo de Israel seria beneficiado diretamente. Essapredição não emprega o termo «Messias», mas o conceito está presente. Não há que duvidar que, antes mesmo dos tempos do Novo Testamento, haviaexpectações messiânicas entre os judeus. Portanto, não nos devemos admirar que, mesmo naquele período, aquela ideia fosse exposta de maneira formalizada, com textos de prova apropriados. Esperava-se que Deus visitasse o seu povo de maneira toda especial (Luc. 1:68). Na porção inicial dos evangelhos sinópticos, temos, em operação, osegredo messiâni­co. Jesus não se declarava o Messias. Os estudiosos liberais afirmam que ele ainda nem tinha certeza disso. Os eruditos conservadores asseveram que ele tinha certeza do fato, mas que apenas evitava declará-lo em público. O trecho de Mateus 16:13-20 oferece-nos a afirmação clássica dos evangelhos sinópticos, onde se lê que Pedro percebeu, por revelação divina, o caráter messiânico de Jesus. Por ocasião de seu julgamento, Jesus declarou francamen­te que era o Messias (Mar. 14:61ss), embora tenha-se recusado a dar uma resposta direta à pergunta feita pelo sumo sacerdote (Mat. 26:63 ss; Luc. 22:66 ss). Não obstante, a resposta dada por Jesus foi tomada como uma afirmação, sendo essa uma das razões pelas quais Jesus foi condenado à crucificação, porquanto, segundo eles pensavam, Jesus teria blasfemado.
No evangelho de João, o caráter messiânico de Jesus é declarado desde o começo (João 1:41,49). Isso coaduna-se com a intenção desse livro, onde a missão divina é vista em operação na pessoa divina, a fim de trazer a salvação ao povo escolhido. Nesse quarto evangelho não temos conflitos, nem dúvidas e nem qualquer segredo messiânico, porque ali o Espírito revela seu propósito tão obviamente que não há espaço algum para especulações. O termo «Messias», através de sua tradução grega, e, daí, para o português, tornou-se parte integrante do nome de Jesus, pois ele é Jesus, o Cristo, ou então, o Senhor Jesus Cristo, ou o Filho, Jesus Cristo, que é nosso Senhor (Rom. 1:3,7; 5:11; I Cor. 1:2; 5:4; II Cor. 1:2;Efé. 1:3; Fil. 1:2; Col. 2:6; I Tes. 1:1; II Tes. 1:1; I Tim. 1:1; II Tim. 1:2; Tito 1:4; File. 3). O trecho de Tiago 1:1 reflete o uso.
2.    O Cristo Vivo. Alguns intérpretes supõem que uma vez que o termo «Cristo» tomou-se parte do nome próprio de Jesus, tal termo teria perdido o seu significado original. Porém, tal ideia é absurda, quando consideramos os pontos abaixo: a. Com frequência, mesmo nas igrejas gentílicas, o núcleo da comunidade compunha-se de judeus convertidos; b. mesmo quando isso não era assim, a mensagem cristã era apresentada como cumprimento das Escrituras judaicas, e o ensino a respeito do Messias, embora não fosse uma ideia pagã, deve ter sido um assunto comumente ventilado na Igreja. Basta-nos lembrar que as «Escrituras» da Igreja primitiva eram os livros do Antigo Testamento, e que só gradualmente o cânon do Novo Testamento desenvolveu-se e assumiu proporções importantes. Assim, onde fosse iniciada uma igreja cristã, ali estava sendo ensinado o Antigo Testamento como base de sua autoridade.
a. Jesus e o Messias. A fé humana é verdadeiramente fraca. Pareceria que Jesus nada mais tinha para provar, após a vida que ele viveu, após o poder que ele demonstrou possuir. Mas os homens, distantes dos eventos, especulam que os cristãos primitivos inventaram o relato inteiro, e alguns chegam ao extremo de declarar que Jesus nunca existiu, tendo sido apenas uma figura fictícia, para preencher uma esperança messiânica frustrada. Acresça-se a isso a Atividade demitizadora (que vide) do evangelho. Os homens declaram que houve dois Jesus, um histórico e o outro teológico. O Jesus histórico estaria irremediavelmente perdido em meio a tradições e mitos, O Jesus teológico seria apenas criação da Igreja. Isso significa que nada se sabe mesmo, sobre Jesus. Tal ideia é simplesmente absurda. Em primeiro lugar, porque não havia interesse algum pela criação de um Jesus teológico, a menos que houvesse notáveis fatos históricos que tivessem inspirado tal teologia. Em segundo lugar, se encontramos notáveis fatos históricos, que fazem parte da história de Jesus, então só nisso já temos base para um Jesus teológico autêntico. Temos necessidade de explicar a vida que Jesus viveu. Como é óbvio, nenhum homem comum poderia ter vivido como ele viveu. Como Jesus poderia ser tão incomum. Os primeiros cristãos, bem como os primeiros grupos hereges, envolveram-se na atividadedacristologia (que vide), procurando apresentar explicações. Todo gênio criador que vem a este mundo, sem importar se negativo ou se positivo, provoca umareação significante entre os homens. Depois, em redor de cada um desenvolve-se uma abundante literatura. Quando surgem tais condições, sabemos que algo de incomum sucedeu. Pelos fins do século II D.C., havia cerca de vinte grupos que haviam aparecido, cada qual afirmando saber expor melhor a pessoa e os pontos de vista de Jesus, o Cristo. A própria existência desses grupos demonstra o impacto que Jesus exerceu sobre os homens. Acompanhando esses movimentos, houve a produção de abundante literatura, incluindo o nosso Novo Testamento. Essa atividade literária serve de uma outra prova do poder da vida de Jesus.
b.    Considerações Modernas. Atualmente vive o homem santo hindu, Satya Sai Baba (que vide), o qual está realizando os milagres de Jesus, em plena luz do dia, defronte mesmo dos céticos e dos cientistas. Muitos deles se têm tornado seus discípulos, einstantaneamente, como se viu no caso de Jesus. Eles admitem que toda a estrutura de suas ideias,geralmente alicerçada sobre o ceticismo (que vide), ruiu diante do que esse homem é capaz de fazer. Não estou entrando aqui no mérito das reivindicações de Baba, que têm significação teológi­ca, e nem estou fazendo confronto entre ele e Jesus. Somente menciono esse fenômeno moderno para mostrar que há homens de gigantesco poder espiritual, e que nossas explicações naturais e céticas são incapazes de explicar tais homens. As dúvidas que têm sido levantadas acerca de Jesus, resultam da debilidade docaráter espiritual dos homens. Jesus realizou aquilo que os evangelhos dizem que ele fez. De fato, os evangelhos mostram-se muito cautelosos em suas afirmações sobre Jesus, procurando não exagerar, conforme se vê em João 20:30,31.
c.  Afirmações com Base na Ignorância. Se um político radical qualquer, um general do exército, um déspota destruidor que propaga o terror, etc., tomar sobre si a tarefa de emitir opiniões sobre valores religiosos, nenhuma pessoa sensata haverá de tomar a sério o que tal indivíduo diz. Se um faxineiro qualquer começar a falar comigo sobre astronomia, proferindo toda a espécie de absurdos, não haverei de considerá-lo uma autoridade sobre questões astronô­micas. Se um mecânico de automóveis apresentar-separa submeter-me a uma intervenção cirúrgica, dizendo que ele sabe consertar bem automóveis, e que, por isso mesmo, me deixará curado, não níe sentirei inclinado a aceitar o seu oferecimento. E se um indivíduo que se mostra cético, que nunca viu um milagre suceder, que sempre foi ensinado a duvidar, em todas as escolas que frequentou, sem importar quão intelectual ele pareça ser, o que significa que lhe falta profundeza espiritual, vier a declarar que Jesus não pode ter feito aquilo que os evangelhos lhe atribuem, não me deixarei impressionar pelo que ele disser. A verdade é que Jesus foi um homem dotado de capacidades espirituais e de realizações muito acima das experiências dos céticos. É impossível nos pronunciarmos sobre as coisas, de modo inteligente, se não tivermos experiência sobre as coisas acerca das quais falamos. Os apóstolos tinham grande experiên­cia no campo no qual Jesus operava. Eles chegaram à conclusão de que Jesus era o Cristo (Messias), o Filho de Deus de modo todo especial. A teologia continua procurando defini-lo, e as declarações feitas a respeito dele mostram que isso não é uma atividade apenas legítima, mas tambémnecessária. O ceticismo, porém, não nos leva a parte alguma. Preciso admitir, neste ponto, que nossos termos teológicos, por si mesmos, têm inúmeras aplicações que ultrapassam em muito às nossas experiências, sem importar quão grandes estas sejam; e, por essa precisa razão, devemos continuar a estudar e a investigar, a fim de percebermos melhor anatureza daquilo em que cremos.
3.    A Operação presente. O Cristo que agora está vivo e operante no mundo, é muito mais do que a influência da vida de Jesus, que prossegue entre os homens. Grandes homens inspiram-nos para fazer o melhor, é verdade. Seus ensinos instruem-nos e ajudam-nos. Porém, o Cristo vivo transcende a tudo isso. Isso é comprovado na experiência de muitas pessoas do mundo atual. As vidas dos discípulos originais foram profundamente afetadas por Jesus. Nossas vidas também são afetadas por seu Espírito, que é o seu alter ego. Há criatividade e inspiração no ministério do Espirito Santo, o qual cuida para que o significado do Cristo vivo continue vital no mundo. A teologia é uma coisa linda. Porém, mais lindo ainda é o poder espiritual que nos foi posto à disposição. Isso é exibido diariamente na vida dos crentes. Há uma transformação moral; há obras de ensino, caridade e filantropia. Ademais, há o lado místico da fé, onde os poderes espirituais continuam operando milagres e iluminando os homens. O Cristo vivo, no mundo atual, continua a levar avante o plano traçado em favor dos homens pela graça divina. Há uma criatividade espiritual, do Espírito Santo atuante. O Cristo vivo é a criatividade de Deus solta entre os homens. Limites e obstáculos estão sendo derrubados em todos os lugares. Em minha própria vida tenho visto isso acontecer, e ouso afirmar que o leitor também tem sido testemunha disso.
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CRISTO COMO A VERDADE
João 14:6. E a verdade. Quanto a este particular, poderíamos destacar os pontos seguintes:
1.   Jesus é a verdade de Deus porque, na qualidade de «Logos» eterno (ver João 1:1), ele é a perfeita revelação de Deus e de sua verdade, e isso não meramente para os homens, mas também para todos os seres criados.
2.  Jesus é, especialmente, a revelação de Deus aos homens, no que concerne à salvação deles. Sua própria pessoa representa realmente essa verdade, porque nele, segundo os eternos conselhos divinos (ver Efé. 1:3-5), ele sempre esteve unido a Deus Pai, e o plano da redenção dessa maneira se originou dele. Assim sendo, em sua encarnação, ele trouxe essa verdade da redenção aos homens. Em sua ascensão, ressurreição e glorificação, ele assegura aos remidos a mais plena participação em toda a sua glória e em sua natureza divina. Portanto, por esses motivos ele é a verdade metafísica do homem.
3.   Jesus é a verdade do caminho pelo qual os homens devem retomar a Deus, porquanto ele é o exemplo supremo e o ilustrador desse caminho. Essa é a verdade envolvida em sua encarnação. Tudo quanto o homem precisa saber está contido em sua pessoa. Jesus é a verdade ética do homem.
4.   Dessa maneira, em sua própria pessoa, Cristo Jesus combina tudo quanto os homens precisam sabercrer e ser, tanto no que diz respeito à natureza de Deus como no tocante à natureza e à posse da redenção e da glória eterna.
5.  Jesus é a verdade, em oposição à religião falsa, como o judaísmo desviado e obstinado. Ele é aquela verdade para a qual apontava a lei mosaica, e da qual o pacto do A.T. era apenas uma sombra pálida. Ele é a materialização da verdade espiritual, e não meramente um profeta de Deus ou uma representação parcial polêmica cristã contra os judeus incrédulos, que rejeitaram ao seu próprio Messias. O autor sagrado queria que tais pessoas soubessem que tudo aquilo em que confiavam, como uma revelação da parte de Deus, nada significava à parte da pessoa de Jesus Cristo, posto ser ele a concretização de toda a verdade de Deus, ao passo que Moisés, a lei e os profetas meramente apontavam para Cristo.
6.  Em sua.própria essência. Cristo também é a verdade de Deus, porquanto ele mesmo é divino, e assim nos tem mostrado qual é a natureza de Deus ou a verdadeira forma de vida que ele possui, a qual ele está transmitindo aos homens através de Cristo. Essa é justamente a mensagem de um trecho como Col. 2:9, onde se lê: «…porquanto nele habita corporal­mente toda a plenitude da divindade…» Ou então do trecho de Col. 1:15: «Ele é a imagem do Deus invisível…*. Ver João 18:38.
7.   O Logos (Cristo) planta suas sementes em filosofias e religiões não-cristãs como atos preparató­rios à Restauração (que vide). Portanto, sua exclusividade é ao mesmo tempo uma universalidade, porque opera através de uma multiplicidade de meios. As verdades nas religiões, nas filosofias, e nas ciências, são todas elas, as verdades universais do Logos. Seu campo de atividade é universal.
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CRISTO, COMO A VIDA
João 14:6: E a vida. O evangelho, em sua totalidade, leva-nos a compreender a veracidade dos pontos abaixo discriminados:
1. Jesus é a vida devido ao fato de que, na qualidade de Logos divino e eterno, ele compartilha da mais elevada forma de toda espécie de vida, a vida do próprio Deus. Por conseguinte, ele é verdadeiramente divino.
2.   Essa vida divina, porém, Jesus transmite aos homens regenerados, tal como a mesma lhe foi transmitida, quando de sua encarnação humana. Os trechos de João 5:26 e 6:57 ensinam-nos justamente esse tema, que os teólogos e filósofos denominam devida necessária ou vida independente. Trata-se de uma vida «necessária» por ser o tipo de vida que não pode cessar de existir. E é «independente» porque não depende de qualquer outro ser, para sua continuação e renovação. Ela é a sua própria continuação e renovação. Somente Deus tem essa forma de vida, a qual é chamada de «vida eterna» não somente porque não tem princípio e nem fim, mas porque se trata de uma espécie de vida: a vida que ele conferiu ao Senhor Jesus, quando de sua encarnação, e que o Senhor Jesus, por sua vez, pela autoridade que recebeu da parte do Pai, conferiu a todos os homens que dele se valem, a fim de recebê-la. Dessa forma, os remidos tomar-se-ão verdadeiramente «eternos», tal como o próprio Deus é eterno. Ora, Jesus dá-nos essa vida, e ela se encontra na sua própria pessoa.
3.  Em sua encarnação, o Senhor Jesus veio ensinar aos homens como devem compartilhar dessa sua vida, porque ele demonstrou aos homens como a recebeu, mediante uma transformação moral e metafísica. Quando ele ressurgiu triunfalmente do sepulcro, trouxe essa forma de vida aos homens por haver saído da sepultura como o primeiro homem realmente imortal. Quando de sua ascensão e glorificação, Jesus veio participar ainda mais intensamente da vida de Deus, na qualidade de primeiro homem imortal, tornando-se assim as primícias de muitos outros homens igualmente imortais. Dessa maneira, Cristo está conduzindo muitos filhos à glória, os quais participam dessa mesma vida. É esse aspecto mais completo que denominamos «vida eterna».
4.  Jesus transmite a vida real, não como símbolo, e, sim, como um fato, em contraste com o judaísmo, que não passava de um símbolo, segundo os ensinamentos dos profetas, na lei de Moisés e nos ritos cerimoniais. Nisso encontramos, novamente, certo elemento da polêmica cristã primitiva, dirigida contra os judeus incrédulos e outros incrédulos, os quais confiavam em meras exterioridades ou sombras, ao mesmo tempo em que rejeitavam a substância mesma da vida, concretizada na pessoa de Jesus Cristo.
5.   Jesus Cristo é a vida, tanto a vida futura como oprincípio e a fonte originária de toda a vida, pelo que também aquele que não se achega a Deus, por intermédio dele, está sujeito à condenação, à morte espiritual. (Ver João 3:15).
Ninguém vem ao Pai senão por mim. O destino legítimo do homem é chegar até às regiões onde habita Deus Pai, retomando assim a ele; mas isso não meramente em sentido especial, e, sim, com todo o seu ser, participando finalmente da perfeita naturezamoral de Deus, compartilhando de sua natureza divinatal como Cristo Jesus dela participa. Portanto, os homens que não atingem esse alvo, — ficam aquém do destino preparado por Deus para o homem, na criação original, porque o homem foi feito à imagem de Deus, sendo afetado especificamente em sua pessoa pelo modelo que é Cristo, em tíido quanto Cristo foi e fez; bem como em tudo quanto Cristo é e está fazendo. Assim, pois, não participar dessa glória é o mesmo que a morte espiritual. Isso significa que o alvo é Deus Pai. E é exclusivamente por intermédio de Cristo que esse alvo pode ser atingido.
A exclusividade e universalidade do Cristo:
1.  Na eternidade passada, o Logos revelou Deus a todos os seres inteligentes. (Ver João 1:18).
2.  Em sua missão terrena, o Logos, encarnado em Jesus, se fez visivelmente o único caminho de retomo ao Pai. (Ver João 1:14; Gál. 1:8,9). Atos 4:12 tem uma declaração similar-.
3.   A idéia toda de filhos serem desenvolvidos segundo a imagem do Filho, II Cor. 3:18, através da
energia do Espírito, prova a exclusividade do Filho, porquanto existiria algum outro Filho unigénito? Essa transformação segundo a imagem de Cristo é a salvação. (Ver Heb. 2:3).
4.  O filho, agora glorificado, continua sendo o único mediador entre Deus e os homens, I Tim. 2:5; (ver também Heb. 8:6; 9:15 e 12:24).
5.  Na posição de Logos, tendo retornado à glória, ele continua sendo o Salvador. Muitos pais da igreja opinavam que o Logos prosseguia em sua missão remidora entre as almas humanas que ultrapassaram a barreira da morte física. (Ver I Ped. 4:6). A descida de Cristo ao hades tornou isso possível, I Ped. 3:18. Outros crêem que essa missão pós-morte melhorou o estado dos perdidos, não lhes oferecendo a salvação dos eleitos contudo.
6.   Portanto, aprendemos que o Logos é o único Salvador, e que sua missão não se limita à sua encarnação terrena, embora todos os benefícios que ele confira aos homens dependam da mesma. João 14:10.
7.   O Logos (Cristo) planta suas sementes em filosofias e religiões não-cristãs como atos preparató­rios à Restauração (que vide). Portanto, sua exclusividade é ao mesmo tempo uma universalidade, porque opera através de uma multiplicidade de meios. As verdades nas religiões, nas filosofias, e nas ciências, são todas elas, as verdades universais do Logos. Seu campo de atividade é universal.
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CRISTO, CONHECER segundo a carne
Antes conhecemos a Cristo segundo a carne, II Cor. 5:16. Uma frase um tanto obscura, que tem admitido diversas interpretações, a saber:
1.  Paulo não se referia a qualquer conhecimento de Cristo no tocante à sua vida e ministério terrenos.
2.    Nem pretende dar a entender que antes conhecera pessoalmente a Jesus, ainda que, indireta­mente, talvez estivesse repreendendo alguns elemen­tos do partido «de Cristo», que se ufanavam disso.
3.   Por igual modo, também não falava de ‘Cristo como o Messias judaico, conforme a sua anterior estimativa e maneira de pensar.
4.  Ainda mais fora do alvo é aquela explanação que pensa que Paulo alude a algum tempo «após» a sua conversão, quando seu conceito de Cristo ainda era um tanto inferior, ficando muito aquém do que alguém deveria pensar a seu respeito, por ser mera «estimativa humana». Ê possível que haja alguma verdade nessa opinião, porquanto Paulo poderia tê-lausado como crítica contra os seus oponentes judaizantes. Por conseguinte, Paulo poderia ter dito: «Antes eu tinha uma estimativa de Cristo semelhante à vossa agora, situando-o abaixo de Moisés, para todos os efeitos práticos. Mas esse é um mero ponto de vista humano, errôneo, que desde então já abando­nei». Tudo isso pode exprimir uma verdade, mas não parece ser aquilo que Paulo desejou frisar em II Cor. 5:16. Não existe qualquer registro histórico que Paulo tenha algum dia pregado um evangelho legalista, o que precisaríamos admitir se tivéssemos de aceitar essa interpretação.
5.  Antes, Paulo se refere nesse ponto a um periodo anterior à sua conversão, quando tinha a Jesus Cristo em péssimo conceito, quando blasfemava o seu nome, pensando ser ele um mestre herético e turbulento, inimigo de Moisés. Paulo tivera uma opinião de Cristo conforme a opinião dos fariseus e saduceus até ali.Mas essa opinião ele abandonou.
Infelizmente, para muitos, o conhecimento «acerca de Cristo», e as afirmações em um credo, têm tomado o lugar do «conhecimento de Cristo», corretamente e através do Espírito Santo. De viagem para o estado daGeórgia, nos Estados Unidos da América do Norte, um morávio se encontrou com João Wesley e lhe perguntou: «Você já conhece a Jesus?» Wesley retrucou: «Sei que ele é o Salvador do mundo». «Sim, mas, você já o conhece»? veio a resposta: eis aí um bom ponto. Podemos saber muitas coisas sobre Cristo, sem conhecê-lo. (Com isso se pode comparar o trecho de Fil. .3:10 e ss).
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CRISTO-CONSCIÊNCIA
Esse é apenas um outro nome para a elevada iluminação dada através das operações do Espírito, de tal modo que o crente venha a compartilhar da mente de Cristo em grau significativo. Trata-se de uma espécie de versão cristianizada daquilo que se chamaconsciência cósmica (que vide). O trecho de I Cor. 2:16 mostra-nos que todos os crentes, até certo ponto, possuem a mente de Cristo; mas há muitos níveis dessa participação. Na Igreja Ortodoxa Oriental, muitas pessoas envolvem-se na busca intensa pelailuminação (que vide). Quanto maior a iluminação obtida, maior a consciência de Cristo que o crenteobtém. Há muitos meios de desenvolvimento espiri­tual. Esses meios incluem o estudo das Escrituras e dos livros espirituais, o desenvolvimento do intelecto com vista à melhoria espiritual, a oração, a meditação, a santificação, a prática da lei do amor ou das boas obras. Também há os toques místicos. Não basta estudar e orar. Precisamos da intervenção direta do Espírito em nossas vidas, se tivermos de atingir qualquer grau apreciável de espiritualidade. O Espírito Santo pode intervir em nossas vidas por meio da iluminação. A iluminação espiritualiza as nossas mentes, e as nossas almas são profundamente transformadas. A meditação (que vide) é um método testado e honrado para ajudar-nos na experiência da iluminação. De algumas vezes, a iluminação é dada como dom de Deus, repentinamente. Porém, quando examinamos esses casos, verificamos que isso ocorre como recompensa pela vida cristã de alta qualidade. Isso ocorreu com Tomás de Aquino, — que, durante toda a vida, esteve ocupado na busca intelectual pela verdade, anotando as suas descobertas. Tomás de Aquino combinava isso com uma vida de santidade pessoal. Pouco tempo antes de sua morte, ele recebeu, subitamente, uma significativa iluminação, quando estava entrando na capela. Tão grande foi a iluminação recebidq que ele declarou que todos os seus escritos anteriores pareciam palha, comparativa­mente falando. Vejo nessa experiência de Tomás de Aquino uma recompensa pela vida que ele viveu, do começo ao fim de sua intensa inquirição espiritual.
Por ocasião da visão beatífica (que vide), o crente recebe altíssima iluminação espiritual, mediante a qual chega a participar plenamente da mente de Cristo. Essa iluminação também nos transforma a alma. A participação na natureza divina torna-se uma realidade, embora em escala finita. Não obstante, a mesma natureza que Deus possui é compartilhada com os seus filhos (II Cor. 3:18; II Ped. 1:4). Possuir alguém a natureza divina, necessariamente o torna participante da natureza divina. Desse modo, a consciência toma-se coletiva, e não individual. Várias religiões orientais têm tido um discernimento, quanto a isso, que muitas religiões ocidentais têm perdido. Ali fala-se sobre a absorção do ser na pessoa de Deus, com a perda da individualidade. Isso exprime uma verdade, em certo sentido. A alma individual, assim absorvida, deixa de ser uma entidade isolada, passa a fazer parte da mente divina e a inteligência e o conhecimento tornam-se coletivos. Nesse sentido é que o indivíduo deixa de existir e não no sentido que a pessoa deixa de existir. Antes, a vida e a expressão individuais são preservadas, conforme já foi explicado. Visto que essa grandiosa participação na mente divina torna-se uma realidade, até certo ponto, mesmo na vida terrena, e, em grau mais pleno, na imortalidade,por meio do Logos, ao qual chamamos de Cristo,quando de sua encarnação, isso se denomina Cristo-consciência.
Paulo refere-se à iluminação espiritual em Efésios1:17 ss. Não pode haver qualquer crescimento cristão considerável sem isso, e o Espírito de Deus está envolvido na questão, do começo ao fim. Atraímos a intervenção direta do Espírito de Deus, em nossas vidas, pela qualidade e sinceridade de nossa inquirição espiritual. Cumpre-nos usar todos os meios do desenvolvimento espiritual. O crente em desen­volvimento vai recebendo uma iluminação crescente. Quando esta atinge um grau suficientemente elevado, então o crente começa a participar da mente de Cristo de modo significativo. Desse modo, obtemos a Cristo-consciência, porquanto a consciência dele torna-se a nossa consciência; e isso nos envolve em uma vida comunal, e não apenas individual. Isso é um aspecto da própria salvação da alma. Em conexão com esse assunto, seria útil se o leitor examinasse o artigo sobre o Misticismo. Esse termo alude ao contato direto da alma com poderes espirituais superiores, sendo esse o principal meio de crescimento e de conhecimento espirituais. As revelações são umasubcategoria do misticismo. Ver sobre Revelações.
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CRISTO, ENVIADO DO PAI
O tema de que o Senhor Jesus foi enviado por parte de Deus Pai é reiterado por mais de quarenta vezes no evangelho de João, o que subentende os seguintes pontos:
1.  A Preexistência de Cristo.
2.  A sua missão divina messiânica, que visava a redenção dos homens.
3.  A sua união com Deus Pai.
4.  A sua autoridade, recebida da parte do pai.
5.  O fato de que ele é o representante das regiões celestes.
«Quando a sua missão terrena houvesse de terminar, na sua morte, isso não significaria derrota, mas antes, o retorno a Deus Pai, até onde os seus inimigos não poderiam segui-lo. Essa declaração foi esclarecida ante os seus discípulos, tendo servido como mensagem de consolo. (Ver João 13:33; 14:19 e 16:16-19); Mas, para os seus opositores, serviu de mensagem de condenação». (Wilbert Howard, comen­tando acerca de João 7:33).
Referências: João 3:17; 4:34; 5:23,34, 36-38; 6:29, 38-40,44,57; 7:16,18,28,29,33; 8:16,18,26,29,42; 9:4; 10:36; 12:44,45,49; 13:16,20; 14:24; 15:21; 16:5; 17:3,18,21,23,25; 20:21.
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CRISTO, FEITO PECADO
Ele o fez pecado por nós (II Cor. 5:2). Nem por isso o Senhor Jesus se tornou um «pecador», porquanto isso seria contra tudo o que é possível imaginar com respeito a Cristo, contrário também à declaração sobre sua impecabilidade. Essa frase fala antes de sua total identificação com os pecadores à fim de que possa ser reputado como um deles, já que se tomou o portador do pecado de todos eles. (Com essa declaração se pode comparar o trecho de Rom. 8:3, que declara que Deus enviou Cristo «…em semelhan­ça de carne pecaminosa…»). Em Rom. 8:3, uma vez mais, não há nenhuma ideia de que Cristo tinha pecado; antes, ele se identificou totalmente com os pecadores, tendo tomado a natureza deles, mas não a natureza de Adão antes da queda, ou alguma natureza angelical. É verdade que jesus tinha um corpo enfraquecido por causa da queda, a natureza pecaminosa do homem, mas sem qualquer pecado. (Comparar também com Gál. 3:13, onde aprendemos que Cristo se fez «maldição» por nós). Consideremos ainda os pontos seguintes:
1.   A linguagem dessas vigorosas assertivas prova­velmente se originou da tradição das ofertas judaicas, como a das ofertas pelo pecado e pela culpa, que aparecem no quarto capítulo do livro de Levítico, bem como a oferta do bode expiatório, no décimo sexto capítulo desse mesmo livro. De acordo com vários comentadores, pois, na realidade o «pecado» indica aqui a «oferta pelo pecado» (conforme afirmou Agostinho, com frequência, em sua controvérsia contra os pelágios). Isso estaria em perfeito acordo com os tipos simbólicos judaicos que Paulo tão bem conhecia. Isso equivale a dizer que Cristo foi quem levou sobre si os nossos pecados. E não há que duvidar que sem importar o exato sentido dessa frase, o fato é que não podemos admitir qualquer forma de corrupção na pessoa de Cristo e em sua experiência expiatória.
2.  Outros eruditos explicam aqui a palavra pecadocomo se isso indicasse a natureza humana sujeita ao sofrimento e à morte, resultados do pecado. Assim fala Rom. 8:3.
3.  Um mistério. A expressão fala da nossa identificação mística com Cristo na sua morte, e nos efeitos da mesma. Nesta mesma identificação, temos uma fusão com ele na sua justiça e vida. Ele se identificou na nossa morte. Nós nos identificamos na sua vida. Na morte, ele tomou nossos pecados. Na vida, nós tomamos sua justiça.
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CRISTO -MISTICISMO
1.  A expressão em Cristo, se encontra por 164 vezes nas epístolas de Paulo. Conforme a maioria dos intérpretes, ela indica comunhão mistica. Os crentes, por meio do Espírito, desfrutam de um genuíno contacto com Cristo, por causa do que estão sendo transformados segundo a sua imagem, e, portanto, estão adquirindo suas qualidades morais e também metafísicas (ver as notas em Col. 2:10 no NTI).
2.   Por conseguinte, a expressão subentende a participação no tipo de vida eterna que ele prometeu. (Ver o artigo sobre a Vida Eterna).
3.  Estarem Cristo significa que o Espírito está conduzindo o crente de um estágio de glória para outro, ad infinitum. (Quanto a notas completas sobre esse conceito, ver II Cor. 3:18 no NTI). Fica obviamente implícita a presença habitadora do Espírito (no crente, como seu templo—ver as notas em Efé. 2:20 no NTI).
4.  Em Cristo, os homens têm salvação, ou seja, a participação na própria forma de vida que Deus tem, a sua vida necessária e independente (ver no NTI as notas em João 5:25,26, e sobre a salvação, em Heb. 2:3). A salvação é mediada através da filiação (ver Rom. 8:14-17), e nenhum indivíduo fora de Cristo (e, portanto, que não esteja «nele»), poderá aspirar a ser salvo.
5.  Portanto, estar em Cristo significa participar da inteira plenitude de Deus (ver Efé. 3:19), isto é, possuir os seus atributos divinos, com base na participação em sua natureza.
6.  Em segundo lugar, a expressão quer dizer «estar identificado com a comunidade cristã». Isso confere ao crente um novo endereço. Portanto, todo o crente tem dois endereços, um deles puramente humano, a localidade onde ele vive; o outro é de ordem espiritual, a identificação com Cristo e a sua comunidade remida.
7.  Essa expressão também fala de nossa união com Cristo, em seus aspectos presente e eterno. Esse é o tema mais frequente dos escritos de Paulo.
No trecho de Rom. 6:3, aprendemos que fomos todos «batizados em Cristo». Uma vez mais, a comunhão ou participação em uma nova vida é o tema céntral. Em Rom. 8:10 lemos que Cristo está em nós.
Podemos notar, em I Cor. 1:2, que esse estar em Cristo atua como elemento santificador. O trecho de I Cor. 1:30, por sua vez, mostra-nos que isso significa a obtenção da sabedoria, da retidão, da santificação e da redenção que há em Cristo. E a passagem de II Cor. 5:17 ensina-nos que aqueles que estão em Cristo devem ser, necessariamente, novas criaturas, seres que perenemente estão sendo transformados, até que Cristo seja perfeitamente formado neles. (Ver II Cor» 3:18 e as notas expositivas a respeito, no NTI, quanto a esse tema). Ora, o alvo final de tudo isso é a perfeição absoluta. (Ver Rom. 8:28). E Efé. 2:13 é a passagem que mostra que o estado de alienação de Deus é eliminado por essa nova participação na vida de Cristo. Essa, pois, é a comunhão mística do corpo com a cabeça, da Noiva com o Noivo celeste.
Estar em Cristo, outrossim, significa estar em uma nova posição escatológica, isto é, sob o favor divino, no tocante ao segundo advento de Cristo e ao julgamento final, bem como no que concerne às realizações potenciais da eternidade. Mas está envolvido ainda mais do que isso, conforme as notas -expositivas acima demonstram. Ver as referências seguintes, que usam essa expressão: Rom. 3:24; 6:3; 8:1,10; 12:5; 13:14; 16:7; I Cor. 1:2,4,30; 3:11; 15:22; 16:24; II Cor. 5:17; 13:5; Gál. 2:20,21; 3:27,28; 5:6; Efé. 1:1,3; 2:13; 3:17; Fil. 1:21; 3:3; Col. 1:27; 3:3,11 e II Tim. 2:1,10.
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CRISTO, O CORPO DE
No Novo Testamento, essa expressão é empregada de três modos diversos:
1.   O Corpo Humano e Literal de Jesus Cristo. O trecho de Hebreus 10:5 ensina que foi preparado um corpo humano para o Filho de Deus. Mateus e Lucas narram o nascimento virginal de Jesus. Lucas 2:21 é trecho que menciona a sua circuncisão. I João 4:2,3 negam o valor do ensino docético dos gnósticós, os quais *se tornaram incômodos nos tempos da Igreja primitiva. Eles negavam que Jesus tivesse um verdadeiro corpo humano (o qual, para eles, seria apenas uma ilusão), ou então afirmavam que o Espírito de Cristo viera tomar posse do homem Jesus, embora fosse uma entidade diferente dele. Ver o artigo sobre o Docetismo.Contrastando com isso, o Novo Testamento ensina tanto a realidade do corpo físico de Jesus quanto a identidade de Jesus-Cristo, como uma única pessoa. Seu corpo padecia dos limites ordinários que os homens enfrentam, com seus problemas e necessidades (Heb. 5:7,8). Foi um corpo humano real que foi cravado na cruz (João 19:34,35; Heb. 10:20). Quando da ressurreição, o soerguimento físico, corporal de Jesus é enfatizado nos evangelhos (Mat. 28:9; Luc. 24:37-40). A ressurreição e a glorificação do corpo físico de Jesus garantem a ressurreição e a glorificação dos crentes (I Cor. 15:20-23).
2.   O Corpo de Cristo Simbolizado na Ceia do Senhor.Os católicos romanos e os luteranos supõem que há uma genuína presença do corpo de Cristo nos elementos da Ceia do Senhor ou Eucaristia. Isso’ é explicado com base na substância do corpo, que não é igual aos seus meros acidentes. Ver o artigo sobre aTransubstanciação. A maioria dos protestantes supõe que passagens como Mat. 26:26; Mar. 14:22; Luc. 22:19 e I Cor. 11:24 indicam como o pão simboliza o corpo de Cristo. Quando Jesus fez a declaração aliconstante, ele só pôde ter falado metaforicamente, porque o pão continuou sendo pão, e ele continuou dono do seu próprio corpo físico. O que ele quis dizer é que se dava gratuitamente em favor de todos, espiritualmente falando, tal como partira o pão e o distribuíra gratuitamente entre os seus discípulos. E agora, o seu dom espiritual é recebido mediante a fé no coração. Os méritos de cada lado da questão são discutidos no artigo aludido. Ver também sobre Jesus como o Pão da Vida.
3.  A Igreja. Cristo é a Cabeça, e a Igreja é o seu corpo (Efé. 1:22,23 e 4:15,16). O corpo de Cristo, a Igreja, tem muitos membros cada qual dotado de uma função específica, tal como sucede a um corpo físico humano (Rom. 12:4-8; I Cor. 12:4-31). A Igreja universal é o corpo místico de Cristo. Ê um corpo místico por não ser palpável, por ser uma união espiritual, um organismo espiritual, e não alguma organização. Cada membro .desse organismo espiri­tual está diretamente relacionado a Cristo como a Cabeça, que é quem dá poder, controla e inspira. O trecho de Éfésios 2:11 ss. enfatiza a união entre judeus e gentios, dentro desse corpo. Na epístola aos Colossenses, a unidade do cosmos inteiro, sob a liderança de Cristo, está em pauta (Col. 1:16-19 e2:10).
Implicações Possíveis da Metáfora.
1. A participação da comunidade na mesa do Senhor sugere que os muitos membros da comunidade participam de tudo em união, tal como acontece a um corpo humano, com seus diversos membros (I Cor. 10:16,17).
2. Os filósofos estóicos também falavam em uma eclesia ou reunião pública, chamando-a de corpo unificado, composto de muitos indivíduos, que são os membros daquela comunidade. Paulo tinha conhecimento dasideias estóicas, e tomou por empréstimo certas dessas metáforas, em seus ensinamentos éticos, sendo possível que a sua metáfora do corpo humano tenha sido influenciada por essa filosofia.
3. Israel, no Antigo Testamento, algumas vezes é retratado como uma personalidade corporal, como na figura simbóli­ca da vinha, em Salmos 80:8. Isso sugere um corpo e seus respectivos membros.
4. O crente é intimamente identificado com Cristo em seus sofrimentos, da mesma forma que um membro qualquer do corpo compartilha dos sofrimentos de outros membros, porquanto formam uma única unidade (ver Atos 9:4,5 e Col. 1:24).
Implicações Teológicas.
1. A redenção é comunal, e não uma questão meramente pessoal. O corpo inteiro terá de ser remido, ou a obra ficará incompleta.
2. A participação em um destino comum faz parte óbvia da metáfora. Esse destino é muito elevado e glorioso.
3. A participação na mesma natureza, no caso da Cabeça e de todos os membros do corpo, sem dúvida faz parte do quadro. Isso transparece em passagens onde a metáfora não é incorporada, como II Pedro 1:4; Colossenses 2:10. Ver os artigos sobre a Transformação Segundo a Imagem de Cristo e sobre a Salvação.
4. A Igreja, em sua função e propósito, é uma extensão da encarnação de Cristo (que vide), realizando a sua obra, vivendo a sua vida e manifestando o seu poder e a sua glória.
5. O trecho de Efésios 1:23 mostra-nos que isso prosseguirá no estado eterno. A Igreja continuará sendo composta por membros do corpo de Cristo, e funcionará como uma força remidora e restauradora entre todos os seres inteligentes, contribuindo para que Cristo preencha todas as coisas. Isso fomece-nos alguma indicação da obra da Igreja, no estado para além da vida física.Trata-se da mesma obra, mas elevada a um nível superior, operando em esferas espirituais, e não em esferas físicas.
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CRISTO, TENTAÇÃO DE
No grego, «tentar» è peiradzo, que significa «submeter a teste». Essa palavra é usada por trinta e seis vezes no Novo Testamento, desde Mat. 4:1 até Apo. 3:10. a. Esse teste pode ser concebido em um bom sentido, como quando Deus prova a alguém, a fim de determinar o seu caráter e potencial espiritual, segundo se vê em Gênesis 22:1 ou no livro de Jó. Essa sondagem pode ter aspectos positivos, no desenvolvimento do caráter espiritual da pessoa, b. Tentar ao erro e ao pecado, em sentido negativo, como na epístola de Tiago. Ali é dito que Deus não tenta a ninguém, mas que o homem é tentado por causa das suas próprias concupiscências, a fazer o que é errado (Tia. 1:13,14).
1.   As Escrituras. Trechos bíblicos como Mat. 4:1-11; Mar. 1:12,13; Luc. 4:1-13; Heb. 2:18;
4:15,16; Heb. 2:18 e 4:15 mostram que Jesus foi tentado quanto a todos os pontos possíveis, ao longo de sua vida, e não meramente no incidente relatado no começo dos evangelhos sinópticos.
2.  Presumível Lugar da Tentação de Cristo. O local tradicional da tentação é o monte Quarantina, localizado não muito distante da presumível locali­dade onde Jesus teria sido batizado por João Batista.Marcos 1:12 diz que, imediatamente após o seubatismo, Jesus dirigiu-se ao lugar onde foi tentado pelo diabo; daí a conexão entre os dois lugares. Essa colina é a mais elevada que há nas imediações, de onde se divisa uma visão espetacular do vale do rio Jordão. É um lugar de desolação, o que concorda com as descrições bíblicas a respeito.
3.  Circunstâncias. A carreira inicial de Jesus foi um período de reconhecimento do Messias, pelo que houve a voz proveniente do céu: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo» (Luc. 3:22). O ministério público de Jesus estava a ponto de começar, e um grande Mestre precisava ser submetido à prova, para que ficásse certo de que ele era poderoso, pois, do contrário, não podia ensinar ao povo.
4.   Natureza da Tentação de Jesus. Essa tentação envolveu as várias áreas enumeradas no trecho de I João 2:16, a saber: a. A concupiscência da carne. Jesus havia jejuado e, presumivelmente, seria tentado a transformar pedras em pães, a fim de satisfazer sua fome física. Essa tentação foi por ele repelida com base em Deuteronômio 8:3. O homem não vive só de pão; pois jamais pode olvidar-se do pão espiritual, ou não poderá ser um mestre, b. A concupiscência dos olhos. Jesus poderia ser tentado a fazer algo que prontamente conquistasse a admiração pública. Seria um espetáculo, se ele se tivesse lançado do pináculo do templo, e tivesse sobrevivido. Talvez esse pináculo fosse o pórtico de Salomão, que se elevava a mais de noventa metros de altura, acima do vale do Cedrom. Jesus poderia desafiar a providência divina, fazendo reivindicações desnecessárias da parte da mesma. Mas ele recusou-se a fazer tal coisa. Saul cedeu diante de uma tentação similar, quando ofereceu um sacrifício que cabia exclusivamente ao sacerdote Samuel, c. O orgulho da vida. A Jesus foi oferecido um imenso poder, facilitado pelo «deus» deste mundo, que era capaz de cumprir a sua oferta. Mas isso teria envolvido a abjeta adoração a esse falso «deus», e isso, naturalmente, seria contrário ao mandamento que diz que se deve adorar exclusivamente a Deus (Deu. 6:10 e 10:20).
5.   Teologia da Tentação de Cristo. O Messias precisava ser tentado a fim de comprovar o seu caráterespiritual. Ninguém haverá de seguir um mestre que não foi devidamente testado. Ver Heb. 2:18 e 4:15. Em sua humanidade, Jesus precisava desenvolver-se à semelhança de todos os filhos de Deus. Ele foiaperfeiçoado mediante as coisas que sofreu (Heb. 2:10). Isso serve de indicação de sua autêntica humanidade, bem como de sua identificação com os homens, em sua encarnação. Ver o artigo sobre a Humanidade de Cristo.
Jesus Poderia ter Caído em Pecado? As Escrituras declaram que Jesus foi tentado em todos os pontos, à nossa semelhança, embora nunca tivesse caído em pecado (Heb. 4:15). Lemos em II Coríntios 5:21: «Ãquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós…» Impõe-se, pois, a indagação: Jesus poderia ter caído em transgressão? Bons intérpretes dão-nos respostas contraditórias. Se a nossa explicação partir do ângulo de sua divindade, então teremos de responder com um «não», pois, como é patente, Deus  não pode ser pecador. Mas, se nossa resposta partir do ponto de vista de sua humanidade, então teremos de responder afirmativamente, porquanto a natureza humana sempre estará sujeita ao pecado. E, se tomarmos essa última posição, poderemos argumentar que, a menos que Jesus tivesse podido pecar, a vida pura que ele viveu revestir-sé-ia de menor significação para nós. Se Jesus tivesse enfrentado tentações, mas não tivesse podido ceder diante das mesmas, com base em sua superior natureza (divina ou humana), então o fato de que ele não cedeu teria pouca significação para nós. Alguns intérpretes supõem que afirmar que Jesus não poderia ter pecado, é retroceder ao docetismo (que vide), que não reconhece a humanidade autêntica de Cristo. Não há que duvidar que as modernas Igrejas evangélicas têm caído nesse erro, embora professem verbalmente que acreditam na verdadeira humanidade de Jesus Cristo. Ver o artigo sobre a Humanidade de Cristo. Ver também sobre a Divindade de Cristo.
Um outro Argumento. Embora fosse um ser humano, ainda assim Jesus não teria podido pecar.Pode-se arquitetar um argumento em prol de um Jesus impecável, inteiramente à parte de considera­ções sobre a sua divindade. Se Jesus tivesse sido um grande mestre espiritual, que tivesse encontrado solução para o problema do pecado, mesmo no nível humano, inteiramente à parte de sua natureza divina, então ele poderia ter sido o tipo de ser que simplesmente não sentia tentação para cair em pecado. Essa impecabilidade poderia basear-se em seu desenvolvimento espiritual superior, como simples homem. Alguns eruditos supõem que até mesmo pessoas comuns podem chegar ao ponto da inteira santificação, embora também suponham que, uma vez atingido esse elevado estágio de desenvolvimento espiritual, o indivíduo pode cair novamente em pecado. Suponhamos, entretanto, que Jesus tivesse alcançado esse elevado estágio espiritual, mas de modo tão magnificente que não houvesse chance dele retroceder ao pecado. E apenas lógico supor que a natureza humana pode chegar a esse ponto. Um grande poder espiritual poderia chegar a esse nível de desenvolvimento, mesmo sem ser um ente divino.
A Doutrina da Polaridade. Talvez fosse útil aplicar, neste ponto, a doutrina da polaridade (que vide). Certas verdades não podem ser devidamente entendi­das, a menos que consideremos os seus dois pólos. Por conseguinte, ninguém pode, realmente, compreender as doutrinas do livre arbítrio ou do determinismo, sem levar ambos esses lados em consideração. Na verdade, esses são os dois pólos de uma verdade maior. Outro tanto ocorre no caso das doutrinas da divindade e da humanidade de Cristo. Isso envolve um grande mistério. Em uma única pessoa, Jesus Cristo, encontramos os dois elementos: o divino e o humano. Ninguém pode compreender o Jesus-Logos- Cristo sem examinar os pólos opostos desse conceito. Isso posto, considerando o problema que indaga se Jesus podia ter pecado, precisamos considerar seriamente tanto as respostas afirmativas quanto as respostas negativas, visto que ambas nos dão indicações sobre a verdade maior envolvida. Não obstante, terminamos com um mistério essencial. Meus amigos, nossa teologia não resolve e nem mesmo pode solucionar todos os problemas. E o problema que ora ventilamos pode ser um daqueles problemas insolúveis.
Conclusão. Quanto a mim mesmo, considerando todas as facetas do problema, penso que a melhor explicação é aquela que diz que Jesus, embora um ser humano, desenvolveu um tipo de humanidade ideal de acordo com a qual o problema do pecado simplesmente inexistia. Ele, simplesmente, estava acima da possibilidade de cair em pecado. Devemo-nos lembrar que o pecado não faz parte necessária do ser humano; foi-lhe imposto por ocasião da queda. O pecado é uma perversão da verdadeira humanidade. Em consequência, é perfeitamente possível que Jesus, possuidor de uma humanidade verdadeira,estivesse totalmente acima do problema do pecado. Portanto, inteiramente à parte da questão de sua divindade, Cristo não somente era impecável, mas também nem podia ser tentado a pecar. Essa é a estatura moral que buscamos, e onde haveremos de chegar. Antes mesmo de chegarmos a esse ponto, também estamos sendo transformados de modo a compartilhar moralmente das virtudes positivas de Deus, como o amor, a gentileza, a bondade, etc., que constituem o lado positivo de nossa transformação moral. Essa transfor­mação moral provoca a transformação metafísica, visto que a santificação (que vide) é imprescindível à transformação metafísica e à glorificação final. Essa glorificação inclui a participação na própria natureza divina (II Ped. 1:4), um importantíssimo princípio moral, ao qual dou uma posição secundária nesta discussão. Muitos problemas precisam ser examina­dos desse ponto de vista. Não acredito que possamos solucionar a questão da impecabilidade de Jesus, nem a questão de sua incapacidade de pecar, meramente apelando para a sua divindade. Isso deixa sem solução muitos problemas relacionados à sua humani­dade, e esta é uma doutrina por demais negligenciada em nossas igrejas evangélicas modernas. Os pais alexandrinos da Igreja, entretanto, pensavam que Jesus, como ser humano, também era preexistente, e que a sua elevada espiritualidade, como ser humano, derivava-se dessa preexistência como um espírito humano. As duas naturezas de Jesus, a divina e a humana, existem por causa de uma fusão que ocorreu em face de sua encarnação. Eram preexistentes tanto o princípio divino quanto o princípio humano, e ambos esses princípios estavam presentes na encarna­ção. Isso envolve um grande mistério, e coisa alguma que possamos dizer aqui satisfará a todas as perguntas que sejam levantadas. De fato, não há maneira inteiramente satisfatória de alguém manifestar-se sobre esse assunto. As teologias usualmente exageram um ou outro lado da questão, ou enfatizam um aspecto para ignorar totalmente o outro.
Quanto ao que um Jesus impecável, que não poderia pecar, deveria significar para nós, digo que eletornou-se o modelo de uma humanidade ideal que não somente podemos, mas que, finalmente, devemosemular. Isso é verdade porque não pode havçt glorificação sem a santificação absoluta (Heb. 12:14). Portanto, apesar de seu exemplo estar, agora, fora de nosso alcance, não será para sempre. Ele é o Pioneirono caminho (Heb. 2:10); seremos transformados à sua imagem e participaremos na sua natureza divina (II Ped. 1:4, Rom. 8:29, II Cor. 3:18, Efé. 3:19).
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CRISTO VIVO
Esse título enfatiza um importante aspecto da doutrina de Cristo (que vide). Ver sobre Cristologia. Faz parte das tendências dos evangélicos conservado­res, em primeiro lugar, ignoraram a humanidade de Jesus, perdendo-se em meio a complexos argumentos sobre a sua deidade. Esquecem-se de que há uma importante mensagem para nós na humanidade de Cristo, e não apenas em sua divindade. Ver sobre á Humanidade de Cristo. Esses estudiosos tem exibido a tendência, mediante o destaque exagerado sobre os credos, de se esquecerem que a doutrina cristã fala sobre um Cristo que continua vivo e pode e quer fazer parte de nossa vida diária, mediante a influência do seu Espirito. Em outras palavras, é possível alguém salientar a letra do Novo Testamento, olvidando-se do Espírito. Mas sempre será uma verdade que a letra mata, mas o Espírito vivifica.
Por sua parte, os cristãos liberais, no seu afã de redescobrirem o Jesus histórico e de demitizarem as narrativas evangélicas, chegam a ignorar e a mostrar-se céticos diante da doutrina de um Cristo vivo que, através do contacto místico, pode entrar em contactoconosco, influenciando-nos poderosamente a vida diária. Mas, apesar de que houve um Jesus histórico, que foi o Cristo (o Messias dos judeus), e apesar de que haverá um Cristo escatológico, que intervirá futuramente na história humana, também há um Cristo vivo, que nos convida a aprender que há um poder espiritual posto à nossa disposição, para o dia de hoje, e não somente para ontem ou para amanhã.
A operação de Deus, por meio de Cristo  vivo,faz violento contraste com a lei mosaica, que sempre exige, mas não é um poder impulsionador e produtivo. A mensagem cristã inclui o anúncio que Jesus, em sua missão terrena, trouxe toda uma nova expressão espiritual para nós. Também faz parte dessa mensagem que o Espírito Santo, em sua atualoperação, faz a missão de Cristo tomar-se uma realidade viva para nós. A lei já foi o mestre do mundo religioso. Mas agora esse Mestre é Cristo, e a lei é apenas uma de suas servas. A lei era uma excelente legislação moral. Mas a lei do Espírito é um meio de transformação presente, de tal modo que a imagem de Cristo vai sendo formada nos crentes. Finalmente, eles passarão a compartilhar da própria natureza divina (II Ped. 1:4). Hesiodo, o poeta grego, especulou acerca da possibilidade da psyche (alma humana)tornar-se um daemon (divindade, de acordo com o uso clássico dessa palavra grega). A resposta cristã é um avanço monoteista e patrístico para além dessa especulação. É um avanço monoteista porque o Deus eterno, em três Pessoas, sempre é impar e infinito. Mas a alma humana só pode tornar-se divina em sentido finito, embora de modo crescente, crescendo sempre na participação na própria nature­za de Deus e em seus atributos. Naturalmente, devemos conceber um processo eterno, visto que a finitude deverá ir sendo absorvida pela infinitude de Deus. Visto que há uma infinitude que nos haverá de encher, também deverá haver um preenchimento infinito (Efé. 1:23). Isso requer o avanço de um estágio de glória para o próximo, mediante o poder transformador do Espírito (II Cor. 3:18). £ precisa­mente nesse ponto que a doutrina do Cristo vivo toma-se tão importante, por ser a garantia da concretização desse elevado desígnio divino. De acordo com a transformação metafísica, há também — a transformação moral —, sem a qual se toma impossível qualquer avanço espiritual (Heb. 12:14). O Cristo vivo é a criatividade de Deus liberada na história humana. E a resposta cristã à especulação de Hesíodo (ver acima) é uma resposta patrística porque Deus Pai é o grande alvo de toda a existência, na direção do qual iremos caminhando passo a passo. Isso ocorrerá por ocasião da restauração de tudo (que vide) quando Deus será tudo em todos (ver I Cor. 15:25-28).
Como é liberada a criatividade de Deus? Foram preparados para nós diversos meios que permitem que o Cristo vivo opere em nós. Poderíamos intitulá-los «meios de crescimento espiritual». Eis a lista:
1. O estudo das Escrituras Sagradas e outros livros que tendem a edificar-nos a espiritualidade, aumentando o nosso conhecimento útil. O intelecto, por si só, é capaz de uma maravilhosa obra de transformação.
2. O uso da oração e de sua irmã gêmea, a meditação. A oração busca a Deus, falando com ele, pedindo e recebendo. A meditação espera que Deus fale, de tal modo que o crente possa ser informado intuitiva e misticamente. Porém, a meditação também pode envolver a comunhão com o Ser divino, não sendo apenas um meio para recebermos conhecimento.
3. O caminho da santificação. A nossa transformação espiritual é impedida pelo pecado e pela ausência das virtudes espirituais. A santificação liberta-nos do pecado e leva-nos a participar das virtudes de Deus, em Cristo.
4. O caminho das boas obras, ou seja, o uso da lei do amor. A maior de todas as verdades morais é a lei do amor, que requer que sirvamos ao próximo.
5.     O toque místico, que nos vem através da iluminação, mediante a meditação, com o uso dos dons espirituais e outras experiências místicas, que põem a nossa alma em contacto com o Ser divino. Ver o artigo sobre o Misticismo. £ grandioso sermos capazes de ler a Bíblia e orar. Porém, há outros meios de desenvolvimento espiritual que precisam ser empregados, se o Cristo vivo tiver de mostrar-se atuante em nós, hoje em dia.

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