Ascensão de Cristo


I.   Texto Principal, Atos 1:6-11
Esta breve seção é uma das mais importantes de todo o livro de Atos, porquanto registra a doutrina cardeal cristã da ascensão de Cristo. Esta seção é a principal fonte informativa sobre esse acontecimento fundamental da fé cristã. O evangelho de Lucas encerra essa mesma narrativa, posto que em forma abreviada (ver Luc. 24:50,51), embora essa narrativa contenha importantes variantes textuais, no texto ocidental, e que alguns consideram como representantes do evangelho original de Lucas, nesse ponto. Essas variantes poderiam talvez eliminar a narrativa da ascensão de Cristo do evangelho de Lucas, isto é, fazer com que o mesmo não a registre, sendo mesmo possível que escribas posteriores tenham modificado o texto por um par de breves adições, fazendo-o narrar a história da ascensão, ainda que em forma abreviada. A posição assumida por esta enciclopédia, a respeito, é que mesmo sem as breves adições que tendem por tomar mais clara a narrativa, essa seção do evangelho de Lucas tem por intuito registrar a história da ascensão, ainda que sob forma abreviada. Porém, mesmo que o evangelho de Lucas não preserve genuinamente essa tradição histórica para nós, o autor sagrado em sua obra em dois volumes—a história contada em Lucas-Atos, nesta seção do livro de Atos (a segunda parte dessa história), preservou enfaticamente esse acontecimento para nós.
O evangelho de Marcos contém também a história da ascensão de Cristo, ainda que o faça no duvidoso longo final, e que a maioria dos eruditos sobre as questões textuais acredita ser secundário, não fazendo parte do evangelho original de Marcos. Nesse caso, a história da ascensão foi registrada por um «quinto» evangelista, talvezAristíom, um dos primeiros discípulos de Jesus, conforme declaração de um manuscrito armênio do séc. IX D.C. Porém, quanto a isso não há meios para obtermos a certeza. (Quanto ao problema inteiro do final do evangelho de Marcos, a saber, os versículos nono a vigésimo, ver no NTI as notas expositivas em Atos 1:9, que abordam com amplitude o problema, exibindo evidências em prol dos quatro finais diferentes do evangelho de Marcos, conforme os manuscritos existentes hoje em dia).
O evangelho de Mateus não conta a história da ascensão do Senhor, e isso pode sugerir que o evangelho original de Marcos, que foi empregado como esboço histórico básico e material informativo usado tanto pelo autor do evangelho de Mateus como pelo autor do evangelho de Lucas, não continha essa narrativa. Não obstante, o evangelho de Mateus contém alusões ao fato da ascensão de Cristo, segundo se observa em trechos como Mat. 22:44; 24:30; 25:14,31 e 26:64. Isso nos mostra que o autor sagrado conhecia tal tradição histórica.
O evangelho de João não tece qualquer comentário à narrativa da ascensão do Senhor, embora exista certo número de alusões ao fato nesse quarto evangelho, pelo que também é evidente que a tradição era bem conhecida pelo autor sagrado, apesar de que  não lhe deve ter parecido ser necessário registrar a própria ocorrência.
Nenhum dos quatro evangelhos indica a existência de qualquer intervalo entre a ressurreição e a ascensão do Senhor; e por esse motivo, alguns eruditos têm pensado que uma antiga tradição da ascensão dizia que a mesma ocorrera no mesmo dia da ressurreição de Cristo. João, entretanto, dá a entender que Jesus apareceu durante alguns dias aos seus discípulos, antes de sua ascensão, pois a sua aparição a Tomé é apresentada como ocorrência que teve lugar uma semana após o domingo da ressurreição. E, apesar de que João não fornece qualquer cronologia desses acontecimentos, podemos supor com segurança, com base nessa informação, que o autor do quarto evangelho considerava que a ascensão ocorreu após se terem passado alguns dias depois da ressurreição de Cristo, e não no mesmo dia.
II.   Fatos a Considerar
1.   O evangelho de Lucas não indica ter havidoqualquer intervalo de tempo entre a ressurreição e a ascensão de Jesus. A narrativa lucana, em dois volumes, adia essa distinção para o primeiro capítulo do livro de Atos.
2.    A ascensão de Jesus não é formalmente registrada em todo o resto do N.T., embora haja alusões indiretas a ela em muitos lugares, ou sua realidade fique subentendida. Em João 20:17 no NTI, há uma nota sobre como o quarto evangelho trata do assunto. Ver referências a essa doutrina nos trechos seguintes: Mat. 22:44; 24:30; 25:14,31 e 26:64; Atos 2:33,34; 3:21; Efé. 4:8-10; I Tes. 1:10; Heb. 4:14; 9:24; I Ped. 3:22 e Apo. 5:6. Há passagens na epístola aos Hebreus,que aceitam tacitamente a realidade da ascensão, com um subsequente ministério nos céus: Heb. 4:14 e 9:24.
3.   Nas páginas do N.T., a ascensão faz parte integral da glorificação de Cristo e do começo de seu ministério celeste.
4.  É impossível falar-se da «ausência» desse ensino em outros livros, à parte dos dois livros de Lucas, pois, segundo já se disse, há muitas alusões «ao fato e ao significado» desse evento. Todavia, há ausência de descrições históricas fora dos escritos de Lucas. Isso tem provocado muitas dúvidas e indagações, sobretu­do por parte dos intérpretes mais liberais. Os mais radicais entre eles, negam a realidade da ascensão de Jesus como um acontecimento objetivo. Seguindo damos as diversas interpretações a respeito. Essas notas incluem ideias atinentes a como ocorreu esse acontecimento.
III.   Diversas Interpretações
1.  A interpretação de que houve fraude. Segundo essa posição, os apóstolos e os primeiros cristãos teriam inventado essa história a fim de explicarem a ausência de Jesus — se de alguma maneira ele sobreviveu à cruz, mais tarde deve ter perecido por causa de seus efeitos, ou simplesmente se ausentou do país. Ora, os cristãos teriam sido forçados a explicar essa ausência, e assim inventaram a história da ascensão, apesar de saberem-na perfeitamente falsa. Resposta: Não é possível pensarmos que homens que propositalmente inventaram uma fraude, em anos subsequentes tivessem despendido tantas energias e, finalmente, tivessem morrido em defesa daquilo que desde o princípio sabiam ser falso. Se aquilo que diziam fosse fraudulento, muito mais provavelmente teriam abandonado toda a ideia de uma nova religião, morrendo de morte natural, retornando às suas profissões anteriores, desapontados,—embora talvez  considerando-se mais sábios por motivo da amarga experiência.
2.  Interpretação Mitológica. A história da ascensão de Cristo ter-se-ia desenvolvido como um dos muitos mitos e lendas que foram criados em torno da pessoa de Jesus Cristo; e os seus discípulos originais, pelo menos, não teriam ensinado tal doutrina. Mas isso não é confirmado pelo fato de que os seus primeiros discípulos, incluindo o apóstolo Pedro, o mais primitivo de todos eles, se aferrou tenazmente a essa verdade. (Ver I Tes. 1:10 e I Ped. 3:22). O próprio livro de Atos e o evangelho de Lucas, baseados nas fontes informativas mais remotas possíveis, porquan­to Lucas foi companheiro dos apóstolos originais, abordam essa questão sem rebuços, mas antes, diretamente.
3.  Interpretação simbólica. A narrativa da ascensão de Cristo, segundo é contada nas páginas do N.T., não teria sido escrita com o intuito de narrar um fato literal, mas tão-somente para servir de símbolo de uma fé religiosa. Essa fé encararia a existência de Cristo como algo em continuação, talvez em alguma região celeste, pelo que seria dito que ele «ascendeu» aos céus, embora não sejamos obrigados a vincular a doutrina a qualquer acontecimento literal, que teria sido realmente contemplado pelos primeiros seguido­res de Jesus. Porém, apesar de ser verdade que as verdades religiosas possam ser contidas na forma de símbolos, e a verdade de Deus, que é a verdade espiritual, não precisa de qualquer acompanhamento de acontecimentos históricos para ser verdadeira, porquanto a verdade divina é superior e separada dos acontecimentos históricos; é com base nas próprias narrativas do evento que nos compete contemplar alguma forma de ocorrência histórica real. A vida extraordinária de Jesus, a sua vida magnificente, a sua evidente ressurreição, vista e testemunhada por tantas pessoas, são características que poderíamos esperar de sua pessoa. E a ascensão do Senhor, embora velada por algum mistério, não obstante é outro acontecimento histórico que caracteriza a grandeza de sua pessoa.
4. A interpretação que postula uma fraude inocente.Jesus, após a sua ressurreição, de alguma maneira desapareceu, retirando-se para algum lugar. Os seus discípulos, ato contínuo, inventaram a história que melhor explicaria o que aconteceu a Jesus, segundo as suas mentes. Teria sido uma invenção inocente, posto que deliberada, sendo uma fraude não perpetrada com um espírito malicioso.
5.  Há uma variação dessa interpretação que diz que apesar dos discípulos terem inventado a história, por não terem recebido qualquer prova concreta que a consubstanciasse, realmente criam sinceramente que Jesus subira aos céus, pensando ser essa a melhor explicação possível para o seu desaparecimento do meio dos homens. Poder-se-ia ilustrar isso com a «ascensão» de Elias, porquanto tal narrativa teria dado aos discípulos de Cristo o precedente do A.T. para a formação de tal conjectura. Porém, contraria­mente a essas duas últimas interpretações, precisamos adiantar que os seguidores primitivos do Senhor Jesus certamente eram inteligentes e astutos o bastante para não criarem uma história de proporções tão gigantescas, que só poderia ser aceita pelos seus ouvintes com a maior dificuldade, e que inventaram tal fraude somente para justificar a ausência corporal de Jesus. O mais certo é que tais explicações não seriam suficientemente satisfatórias para justificar a perda das vidas, como sucedeu no caso de grande parte dos discípulos de Cristo, os quais, em muitos  casos, sofreram desmedidas agonias, em defesa de um sistema que teria sido inventado desde os seus princípios mais básicos.
6.  A interpretação mística. O que os apóstolos teriam visto não foi a realidade palpável, mas tão-somente uma visãodada a eles por meio do Espírito Santo, de conformidade com a vontade de Deus, com o propósito de mostrar-lhesque Jesus fora conduzido à presença de Deus Pai, e continuava existente em uma forma altamente elevada. Em outras palavras, teriam tido uma experiência mística, isto é, receberam alguma mensagem genuína, que lhes foi dada na forma de visão. Provavelmente há nessa interpretação pelo menos, uma verdade parcial, porquanto tanto a ressurreição como a ascensão de Cristo parecem ter envolvido elementos místicos; porém quando genuína, a experiência mística é real, deixando entendido que algo mais do que o que é físico invadiu a experiência humana. Nas experiências místicas, Deus pode revelar-se de alguma maneira especial ao homem, em termos compreensí­veis para este, embora as próprias experiências ultrapassem totalmente a qualquer coisa que possa ser definida em termos terrenos e físicos, pelo que também permanece essencialmente impossível trans­mitir a natureza real do que teve lugar, embora possamos transmitir aos outros a natureza aparente do ocorrido.
7.  A interpretação histórica. Essa é a posição que assevera que a ascensão do Senhor Jesus foi um acontecimento histórico, literal, que ocorreu na presença dos seus discípulos, quando ele subiu espacialmente nos ares. Mas isso de forma alguma significa que sabemos qualquer coisa sobre a localização dos lugares celestiais, ou que acimasignifica qualquer coisa exceto que os céus estão em algum lugar fora de nosso planeta, considerados como a habitação de seres celestiais muito superiores a nós. Não se há de duvidar que os escritores do N.T. esperavam que pensássemos na ascensão do Senhor sob esses termos, ou, pelo menos, sob termos similares.
É muito provável que a verdade da questão seja uma mistura das posições sexta e sétima. A ascensão teria sido uma ocorrência histórica, tendo acontecido em determinado dia, e de certa maneira, apesar de também possuir elementos místicos. Ora, isso é apenas natural esperarmos, porque Jesus, em sua ressurreição, já pertencia a uma ordem diferente e mais elevada de ser. Ele não permaneceu na companhia constante de seus discípulos, durante o intervalo de quarenta dias que houve entre a sua ressurreição e a sua ascensão e é perfeitamente possível que ele viesse de alguma dimensão diferente para fazer essas suas visitas, embora, provavelmente, essa dimensão ainda não fosse a presença de Deus Pai, para onde ele ainda não havia subido. Sobre todos esses mistérios, entretanto, nada podemos definir com certeza; mas, pelo menos, é certo que Cristo, uma vez ressurrecto, já pertencia ao mundo celestial, já se encontrava em uma condição transformada, embora essa condição tenha sido grandemente transformada quando de sua ascensão aos céus.
IV.    A ascensão no Evangelho de João
Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem. — João 3:13.
O evangelho de João não contém a narrativa da ascensão de Jesus, que em si mesma é uma curiosidade, embora esse acontecimento fosse bem conhecido no ensino e na tradição cristã. Contudo, contém referências ou alusões àquele evento, como a este outro, diante de nós. O Filho do homem é o correto mestre das elevadas e místicas doutrinas, porquanto havia tanto descido como subido ao céu. Sabia o que sabia mediante contato especial e observação pessoal. Naturalmente, o apóstolo João pensava aqui sobre o Logos encarnado, acerca de quem ele explicara tão amplamente, no primeiro capítulo de seu evangelho. Esse «Logos» é o intérprete de Deus, conforme também nos diz o trecho de João 1:1,18. Por conseguinte, Jesus é o revelador dos mistérios; mas Jesus lamenta o fato de que tão poucos indivíduos tenham o coração aberto para tão exaltadas questões, já que encontravam tão insuperáveis dificuldades em compreender até mesmo as questões espirituais mais «terrenas».
Parece haver aqui uma referência definida à passagem de Prov. 30:4, onde se lê: «Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas na sua roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes? Aqui, pois, encontramos alusões ao revelador dos mistérios e àquele que estabelece os limites do firmamento. O Filho do homem, o Messias, que é o Filho de Deus, é justamente quem possui essa autoridade, e, por isso mesmo, compete-nos dar-lhe ouvidos, e à mensagem de redenção que ele veio anunciar. Era isso que Nicodemos, até aquele momento, não estava disposto a fazer, embora o tenha feito mais tarde; mas o seu exemplo não foi seguido pelos membros do sinédrio e nem pela nação de Israel em geral, e esse pensamento sem dúvida brilhava na mente do autor sagrado, quando ele registrou essas palavras. O que o autor sagrado faz aqui, portanto, é voltar às grandiosidades do primeiro capítulo, em sua descrição sobre o «Logos», fazendo referência toda especial ao vs. 18 desse primeiro capítulo, que fala especificamente do fato de ser ele o grande revelador dos conselhos de Deus.
A questão da ascensão de Cristo é usada como símbolo de seu conhecimento imediato e intuitivo sobre as coisas celestiais. E Cristo possui essa forma de conhecimento por ser um personagem celestial, e, na qualidade do «Logos», por ter observado, em primeira mão, todos os mistérios de Deus. E assim, na forma de Filho do homem, andando entre os homens, continuava sendo homem vindo dos céus, e continua­va trazendo consigo mesmo o conhecimento de alguém que subira ao céu, e de fato, de alguém que continuava habitando no céu, embora estivesse com os pés na terra.
Essa linguagem elevadamente mística tem sido usada como prova contrária à autenticidade dessas palavras de Jesus, posto que vemos tão pouco da mesma nos evangelhos sinópticos. Alguns eruditos preferem acreditar que tal linguagem saiu tão-somen- te da pena do autor sagrado, quando ele começou a meditar sobre as maravilhas da redenção humana. Porém, não há razão alguma para supormos que o autor sagrado tivesse falado palavras de mais profunda exaltação que o próprio Jesus, embora as expressões distintas, das ideias e das palavras de Jesus, possam ter sido adaptadas pela mentalidade e pelo estilo do autor. Não obstante, o sentido permaneceria o mesmo, e isso é demonstrado como verdadeiro pelo fato de que a cristologia apresentada em outros trechos do N.T. (até mesmo nos evangelhos sinópticos) na realidade não difere grandemente do que lemos aqui. A cristologia de Paulo é especialmen­te similar, e nisso também se destaca o primeiro capítulo da epístola aos Hebreus. Não é provável, portanto, que essas palavras tenham sido da lavra independente do autor sagrado, isto é, do autor do evangelho de João.
Que está no céu. Essas palavras se encontram nos mss. A, Theta, Fam 1, Fam 13, na maioria das versões latinas, e no SI(cp), bem como na maioria dos manuscritos gregos posteriores, da tradição bizan­tina. Entretanto, os mss. P(66), P(75), Aleph, B e W, além das citações de Orígenes, não trazem essa adição. Isso é uma evidência esmagadora contra a autenticidade dessas palavras, e as identifica como glosa feita por algum escriba posterior. Certo número de traduções modernas, entretanto, prefere deixá-las de fora, tais como as traduções IB, GD, RSV e WM. Outras traduções assinalam-nas como de autoridade duvidosa, tal como a tradução AA, em algumas de suas edições.
Mas, a despeito dessas palavras não serem autênticas, o sentido das mesmas fica subentendido dentro do próprio versículo em pauta. Elas significam algo como, embora habitando sobre a terra, contudo o céu estava inteiramente ao seu derredor, em virtude de sua comunhão intima com Deus Pai. Outrossim, na qualidade de «Logos» eterno, a mente de Jesus continuava em contato com a realidade última, e por essa mesma razão, devido a essa comunicação, podia ele afirmar que se encontrava permanentemente no céu, apesar de fisicamente estar sobre a terra. Essa é uma doutrina joanina de alto naipe, e fica implícita no versículo, sem ou com o acréscimo em foco; e o que fica implicado nessa ideia é, provavelmente, o fator causal por detrás do fato de que o escriba posterior acrescentou tais palavras à sentença que expressaexatamente essa ideia. A passagem de João 1:18 expressa o mesmo sentido. Portanto, tais palavras expressam umacondição de ser, e não uma localidade.
V.   Significado da Ascensão
1.   A ascensão explica a ausência de Jesus deste mundo. Cristo saiu vivo do sepulcro, para nunca mais morrer. Em certo ponto do tempo, deixou de ser visto entre os homens. Fizera a sua transição para os lugares celestiais, tendo atravessado todas as dimen­sões inferiores e tendo entrado na augusta e santíssima presença de Deus Pai. Essa transição foi produzida pela sua ascensão até o Pai.
2.   A ascensão significou para Cristo uma maior transformação e glorificação, não somente no que dizia respeito à sua posição, mas também no tocante à real transformação de seu próprio ser. Tomou-se um ser ainda mais espiritualizado, passando a pertencer a uma ordem de ser ainda mais elevada, o primeiro homem-divino-imortal, o «Logos» eterno em uma nova forma. (Ver Efé. 1:20-23).
3.  A ascensão foi — uma prova a mais — de suas reivindicações messiânicas, porquanto somente o grande Messias, que era também o «Logos» eterno, poderia ter entrado assim até à própria presença de Deus Pai, tendo dele recebido essa exaltação. (Quanto ao tema da polêmicacristã que demonstra o ofício messiânico de Jesus, do que a ascensão aos lugares celestiais foi mais uma prova, ver as notas expositivas referentes a João 7:45 no NTI que apresentam um sumário dessa doutrina).
4.  A ascensão assinalou a inauguração do oficio de Cristo como nosso mediador, segundo a ênfase dada pelo oitavo capítulo da epístola aos Romanos. (Ver igualmente Heb. 9:24). Esse oficio também faz parte da obra de redenção dos homens, porquanto Deus haverá de completar essa redenção, transformando totalmente os remidos, e o Senhor Jesus está prestando o seu concurso nesse labor, mediante a sua presença e as suas ações intercessórias nos lugares celestiais.
5.  A ascensão era necessária como condição da vinda e do dom do Espírito Santo, porquanto o Espírito de Deus veio como «alter ego» de Jesus Cristo; não poderia ter dado início ao seu ofício e ao seu serviço entre os homens enquanto o Senhor Jesus não subisse a Deus Pai. Sobre esse tema, ver notas expositivas em João 16:6 no NTI.
6.  A ascensão do Senhor à presença de Deus Pai é agarantia de nossa participação na mesma realidade espiritual, tal como a sua ressurreição é garantia de nossa participação em sua vida ressurreta. Mediante a ascensão, o Senhor Jesus foi ainda mais intensamen­te glorificado, tendo sido elevado aos lugares celestiais. Quanto a nós, haveremos de participar de todas essas coisas dirigindo-nos, finalmente, para os lugares celestiais onde ele entrou como nosso precursor, ocasião em que participaremos da mesma transformação e da mesma vida que ele desfruta atualmente. Essa é exatamente a mensagem dos trechos bíblicos como Efé. 1:19-23; II Cor. 3:18 e Col. 2:8,9. Em todos os pontos, pois, seremos identificados com ele, porque ele é o cabeça de todas as coisas, preenche a tudo, e nós somos o seu corpo, e o completamos.
7.  Por motivo da sua ascensão, isto é, através dos seus resultados, que lhe exaltaram a pessoa, e por causa do fato de que a sua missão terrena foi completada de maneira perfeita, o Senhor Jesus agora aguarda asubjugação total de todos os seus inimigos. E isso ele merece porque, acima de todos os seus companheiros, ele foi obediente e realizou perfeita­mente a sua tarefa cósmica que lhe fora determinada. (Ver Heb. 1:9,13 e I Cor. 15:24-26).
8.  A ascensão de Cristo foi a grande evidência da aprovação final de Deus Pai à sua missão terrena perfeitamente completada, na qual ele trouxe redenção perfeita aos homens. Deus aprovou isso, aceitou a sua obra, aplicou a sua obra e continua a aplicá-la e tudo isso Deus Pai demonstrou elevando a Jesus Cristo, àquele lugar que lhe pertence por direito, à sua mão direita. (Ver Heb. 10:11-14).
Tipos simbólicos da ascensão de Cristo podem ser vistos no A.T., como nas pessoas de Enoque (ver Gên.5:24), José (ver Gên. 41:43), Moisés (ver Êxo. 19:3), Aarão (ver Lev. 16:3) e Elias (ver II Reis 2:11).

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