Conteúdo do Evangelho de Mateus


O evangelho de Mateus é tópico, e não cronológico. Isso significa que o interesse do autor era expor seu material arranjado por assuntos, e não segundo a ordem cronológica dos acontecimentos. Essa é uma das razões por que se torna difícil a sua harmonia com Marcos e Lucas, porquanto Lucas segue de perto a ordem cronológica de Marcos, com poucas exceções, mas Mateus rearranja muitos eventos. O artigo sobre Lucas poder ser visto como evidência a esse respeito.
O material didático de Mateus está essencialmente arranjado em cinco grandes blocos, e os acontecimentos históricos estão arranjados em torno dessas seções. Esse evangelho reuniu tipos específicos de material em blocos. Assim, o que aparece junto em Mateus, até mesmo quando tem paralelos em Lucas, é espalhado neste último por muitos capítulos, pois são ocorrências sob circunstâncias diferentes, historicamente falando.
1. Os Cinco Grandes Discursos:
a. Sermão da Montanha. Conforme é dito acima, não pensamos que tudo isso tenha sido dito em um único sermão. Antes, trata-se de um compêndio de ensinamentos. Figura em Mat. 5—7. Seu propósito é dar a interpretação de Cristo sobre a lei. Aqui temos o novo Sinai (o monte), a nova lei e o novo Moisés (Jesus Cristo). Essa é a lei do novo Israel, a prefiguração do verdadeiro Reino que, finalmente, prevalecerá. Esse grande discurso não é para a nação de Israel, e nem meramente para o «reino vindouro». É para a nossa época: é o código de conduta do novo Israel, a igreja.
b.    A obra dos discípulos especiais são o tema do segundo grande discurso, que ocupa o trecho de Mat. 9:35—11:1. Aqui Jesus envia os seus missionários com instruções para seu modo de vida e para a conduta em sua missão.
c.    O reino dos céus (eufemismo para «reino de Deus», conforme dizem os demais evangelhos) é o tema do décimo terceiro capítulo, o terceiro grande discurso. Jesus apresenta certo número de parábolas a fim de ilustrar o conceito cristão do reino, corrigindo muitas noções falsas que tinham sido acrescidas em redor dessa doutrina. As parábolas ilustram aspectos diversos do reino, sua natureza, seu grande valor e a necessidade de buscá-lo, fazendo do «outro mundo» o objeto de nossa fé. (Ver Heb. 11:1 quanto à exposição desse conceito).
d.    O quarto grande discurso ocupa Mat. 18:1— 19:2. Esse é o texto infantil, que aplica os ensinamentos às «crianças espirituais», usando o que é literal como lições objetivas. Esses são os «pequenos» do reino dos céus, os novos convertidos, a igreja cristã que milita em meio ao mundo hostil. Esta seção, naturalmente, inclui a abordagem aos «problemas eclesiásticos», mostrando quais devem ser as nossas atitudes básicas acerca de nossos irmãos na comunidade cristã.
e.    O quinto grande discurso diz respeito à escatologia, ou ensinamentos sobre os «últimos dias». Fica em Mat 24:1-26:2. O vigésimo quarto capítulo tem sido apodado de «pequeno apocalipse», porquanto contém a maior parte das predições proféticas de Jesus, as quais, por sua vez, são ilustradas por parábolas eloquentes que procuram mostrar que sua segunda vinda ou «parousia» haverá de ter lugar em breve, e que nos devemos preparar para a mesma. Nessa seção Jesus revela a sua mente universal, que transcende aos limites do tempo e do espaço, e assim fica ilustrado como ele será o Filho do homem que virá em nuvens de glória, a fim de governar sobre todos.
O evangelho de Mateus é constituído em torno desses cinco grandes discursos. Além dessas seções, naturalmente, há muitos outros ensinamentos e acontecimentos que de modo algum dizem respeito a esses blocos de material. Mateus, pois, è supremamente o evangelho das logia ou palavras de Cristo. O autor desse evangelho usou o de Marcos como seu esboço histórico, trabalhando com base no mesmo e incluindo as «palavras» de Cristo, usando material M e Q.
2. Material peculiar a  Mateus
Há muitos comentários editoriais e leves modificações do material de Marcos, mediante abreviação ou adorno, o que confere a este evangelho alguns de seus versículos distintivos. Além disso, há blocos maiores de ensinamentos ou acontecimentos, que não figuram nem em Marcos e nem em Lucas. Ê com esses blocos que agora nos ocupamos, e não com uma análise de versículo por versículo. E assim faremos a fim de encontrar cada pequena particularidade de Mateus.
а.    Parábolas contidas apenas em Mateus. Há 41 parábolas nos evangelhos sinópticos e nenhuma no evangelho de João. Dessas 41, 23 estão em Mateus. Dessas últimas, há 10 que não aparecem nos demais evangelhos sinópticos. São as seguintes:
1.    Parábola do joio (13:3 6-46)
2.    Parábola do tesouro escondido (13:34)
3.    Parábola da pérola de grande preço (13:45,46)
4.    Parábola da rede de pesca (13:47-50)
5.    Parábola do servo sem misericórdia (18:23-35)
б.    Parábola dos trabalhadores na vinha (20:1-16)
7. Parábola dos dois filhos (21:28-32)
8.    Parábola das bodas (22:1-14)
9.    Parábola das dez virgens (25:1 -13)
10.    Parábola das ovelhas e dos bodes (25:31-46) Supomos que a maior parte desse material pertence à fonte informativa M.
b.    Ensinamentos peculiares a Mateus, além das parábolas. A maior parte do Sermão da Montanha (caps. 5—7), os discursos de denúncia contra os líderes religiosos (cap. 23). Várias declarações isoladas e breves comentários também cabem neste grupo, as quais, quando contadas, mostram ser bastante numerosas.
c.    Milagres registrados somente por Mateus, os quais, presumivelmente, também se derivam da fonte informativa M; cura dos dois cegos (9:27); libertação do endemoninhado surdo-mudo (9:32); a moeda na boca do peixe (17:24).
d.    Outros acontecimentos, não miraculosos, também derivados da fonte informativa M:
1.    Visita dos magos do Oriente (2:1)
2.    Fuga para o Egito (2:13,14)
3.    Matança dos inocentes (2:16)
4.    A volta para Nazaré (2:19-23)
5.    Visita dos fariseus e outros a João Batista (3:7)
6.    As trinta moedas de prata (26: 15)
7.    Devolução das moedas de prata (27:3-10)
8.    O sonho da esposa de Pilatos (27: 19)
9.    Os santos que ressuscitaram (27:52)
10.    A guarda postada ante o túmulo (27:64-66)
11.    Suborno pago aos soldados (28:12,13)
12.    O grande terremoto (28:2)
3. Eaboço de Conteúdo:
I. Os Primórdios (1: 1—4:25)
1.    Genealogia de Jesus (1:1-17)
2.    Nascimento de Jesus (1: 18-25)
3.    A visita dos magos (2:1-12)
4.    Fuga para o Egito (2:13-15)
5.    Matança dos inocentes (2:16-18)
6.    Mudança para Nazaré (2:19-23)
7.    Ministério de João Batista (3:1-12)
8.    Começa o ministério de Jesus (3:13—4:25)
9.    Batismo de Jesus (3:13-17)
10.    Tentação de Jesus (4:1-11)
11.    Começa o ministério galileu: seu ambiente profético (4:1216)
12.    A mensagem de Jesus (4:17)
13.    Chamada dos primeiros discípulos especiais (4:18-22)
14.    Sumário de atividades (4:23-25)
II. Primeiro Grande Discurso (5: 1—7:29)
1.    Introdução (5:1,2)
2.    As bem-aventuranças (5:3-12)
3.    Os discípulos e o mundo (5:13-16)
4.    A nova lei (5:17-20)
5.    Contraste entre a Antiga e a Nova Leis (5:21-48)
a.    Homicídio e ódio (5:21-26)
b.    Adultério e concupiscência (5:27-30)
c.    Divórcio (5:31,32)
d.    Juramentos (5:33-37)
e.    Retaliação (5:38-42)
f.    O ódio e o amor (5:43-47)
g.    Sumário (5:48)
6.    Contrastes entre os antigos e os novos padrões de conduta (6:1-18)
a.    Contra a ostentação (6:1)
b.    Esmolas (6:2-4)
c.    Natureza da oração (6:5-15)
d.    Jejum (6:16-18)
e. Uso correto das propriedades (6:19-24)
f. Ansiedade e confiança (6:25-34)
g.    Espírito de censura (7: 1 -5)
h.    Pérolas lançadas aos porcos (7:6)
i.    Confiança na oração (7:7-11) j. Uma regra geral de conduta (7:12)
7.    Advertências contra o abuso dos ensinamentos de Jesus (7:13-23)
a.    O caminho dos poucos (7:13,14)
b.    Os falsos profetas (7: 15-20)
c. Os falsos discípulos (7:21-23) d. Parábola ilustrativa (7:24-27)
8.    Sumário geral (7:28,29)
III.    Ministério de Obras Poderosas de Jesus, O Messias (8:1—9:34)
1.    Cura dos leprosos (8:1-4)
2.    Cura do servo do centurião (8:5-13)
3.    Cura da sogra de Pedro (8:14-17)
4.    Ensinamentos sobre o discipulado (8:18*22)
5.    Poder sobre as forças naturais (8:23-27)
6.    Poder sobre os demônios (8:28-32)
7.    Poder de perdoar (9:1-8)
8.    Chamada de Mateus (9:9)
9.    Jesus e os pecadores (9:10-13)
10.    Por que os discípulos não jejuavam (9:14,15)
11.    Incompatíveis entre si o antigo e o novo pactos (9:16,17)
12.    Poder de curar enfermidades crcnicas e de ressuscitar mortos (9:18-26)
13.    Poder sobre a cegueira (9:27-31)
14.    Poder sobre a mudez. (9:32-34)
IV.    Segundo Grande Discurso’. Obra e conduta dos discípulos especiais (9:35—11: 1)
1.    Ensinamento e curas (9:35)
2.    Quão necessários são os discípulos especiais (9:36-38)
3.    Autoridade especial dos doze (10:1)
4.    Lista dos doze (10:2-4)
5.    Discurso: A missão a Israel (10:5,6)
a.    Como deve ser feita a obra (10:7,8)
b.    Conduta em viagem (10:9-15)
c.    Oposição, e como enfrentá-la (10:16-39)
d.    Galardões para quem ajudar os discípulos especiais (10:40-42)
e.    Sumário (11:1)
V.    Declínio da Popularidade de Jesus e sua Rejeição (11:2—12:50)
1.    João Batista e a nova ordem (11:2-19)
2.    Contraste entre os acolhedores e os rejeitadores (11:20-30)
3.    Exemplos de oposição e rejeição (12:1-50)
a.    Controvérsia sobre o apanhar espigas no sábado (12:1-8)
b.    Controvérsia sobre curas no sábado (12:9-14)
c.    Por que Israel não entendeu a revelação (12:15-21)
d.    Controvérsia sobre a cura do cego e surdo (12:22-32)
e.    Homens bons e maus (12:33-37)
f.    Solicitação por sinais (12:38-42)
g.    Possessão demoníaca (12:43-45)
h.    A verdadeira família de Jesus (12:46-50)
VI.    Terceiro Grande Discurso: O Reino dos Céus e seus Mistérios (13:1-58). (Foi dirigido às multidões)
1.    Introdução (13:1-3a)
2.    Parábola do semeador (13:3-9)
3.    Entendimento dado somente aos discípulos (13:10-17)
4.    Interpretação da parábola do semeador (13:18-
5.    Parábola do joio (13:24-30)
6.    A semente de mostarda e o fermento (13:31-33)
7.    Segunda explicação do ocultamento do sentido da revelação (13:34,35)
8.    Interpretação da parábola do joio (13:36-43)
9.    Parábola do tesouro escondido (13:44)
10.    Parábola da pérola de grande preço (13:45,46)
11.    Parábola da rede de pesca (13:47-50)
12.    O escriba instruído no reino (13:51,52)
13.    Descrença nas obras maravilhosas de Jesus (13:53-58)
VII.    Controvérsias e Obras (14:1-17:27) (fundação da igreja, derivada da controvérsia)
1.    A ameaça de Herodes (14:1-12)
2.    Multiplicação dos pães para os cinco mil (14:13-21)
3.    Milagre do andar por sobre a água (14:22-27)
4.    Pedro ensinado a crer (14:28-33)
5.    Várias curas (14:34-36)
6.    Controvérsia sobre a purificação ritual (15:1-20) (rejeição do farisaísmo)
VIII.    Rejeição do Separatismo Judaico: Ministério entre os gentios (15:21-39)
1.    Cura da jovem cananéia (15:21-28)
2.    Várias curas (15:29-31)
3.    Multiplicação dos pães para os quatro mil (15:32-39)
4.    Rejeição dos fariseus e saduceus (16:1-12)
IX.    Auto-revelação de Jesus e Elevação de Pedro à Autoridade (16:13—17:13)
1.    Confissão de Pedro (16:13 -20)
2.    Predição de Jesus sobre seus sofrimentos e glória decorrente (16:21-28)
3.    T ransfiguração — predição da glória futura (17:1-8)
4.    Segunda declaração da relação entre Jesus e João Batista (17:9-13)
5.    Jesus ilustra seu poder (17:14-20)
6.    Segunda predição dos sofrimentos vindouros (17:22,23)
7.    Liberdade cristã e o imposto do templo (17:24-27)
X.    Quarto Grande Discurso: Problemas Comunitários da Igreja (18:1-19:2). (Dirigido aos discípulos)
1. Importância dos pequeninos (18:1-14)
a.    Importância do espirito infantil (18:1-4)
b.    Responsabilidade pelas crianças (18:5-6)
c.    Pecados contra os pequeninos (18:7-9)
d.    Deus cuida dos pequeninos (18:10)
e.    Parábola da ovelha perdida (18:11-14)
f.    Restauração dos pequeninos que pecarem (18:15-35)
i. disciplina eclesiástica (18:15-17)
ii. poder espiritual na igreja (18:18-20)
iii. exercício do poder na igreja (18:21-35)
iv. o principio do perdão (18:21,22)
v. parábola que ilustra o perdão (18:23-35)
vi. sumário (19:1,2)
XI.    Jesus Sobe Para Jerusalém (19:12-39)
1. Suas exigências e galardões aos discípulos (19:3-20:28)
a. sobre o matrimônio e o divórcio (19:3-12)
b. crianças são abençoadas (19:13-15)
c. o jovem rico (19:16-26)
d. galardões aos discípulos (19:27—20:28)
i.    promessa de Cristo (19:27-30)
ii.    igualdade nos galardões: parábola dos vinhateiros (20:1-16)
iii. interlúdio: terceira predição dos sofrimentos de Jesus (20:17-19)
iv. grandeza baseada no serviço (20:20-28)
2.    Cura dos dois cegos (20:29-34)
3.    Acontecimentos em Jerusalém (21:1 —23: 3 9)
a.    entrada triunfal (21:1-11)
b.    purificação do templo (21:12-17)
c.    a figueira amaldiçoada (21: 18-22)
d.    discussões e controvérsias em Jerusalém (21:23— 22:46)
i.    controvérsia sobre a autoridade de Jesus
(21:23-27)
ii.    parábola dos dois filhos (21:28-32)
iii.    parábola dos lavradores maus (21:33-44)
iv.    conluio contra Jesus (21:45-46)
v.    parábola do convite repelido (22:1-14)
vi.    controvérsia sobre o imposto (22:15-22)
vii.    controvérsia sobre a ressurreição (22:23- 33)
viii.    o maior dos mandamentos (22:34-40)
ix.    controvérsia sobre o Filho de Davi (22:41-46)
x.    denúncia contra os falsos líderes religiosos (23:1-39)
a.    princípios bons, mas conduta má (23:1 -3)
b.    sua falta de misericórdia (23:4)
c.    sua ostentação (23:5-12)
d.    primeiro ai: eles fecham o reino (23:13)
e.    segundo ai: caráter de seus convertidos (23: 15)
f.    terceiro ai: juramentos (23:16-22)
g.    quarto ai: regras banais (23:23,24)
h.    quinto ai: regras sobre purificação (23:25,26)
i.    sexto ai: sua justiça é exterior (23:27,28) j. sétimo ai:    sua hipocrisia (23:29-33)
k. ameaça e lamento (23:34-39)
XII.    Quinto Grande Discurso: Tempo do Fim ou Pequeno Apocalipse (24:1 —26:2)
1.    Pergunta dos discípulos (24:1 -3)
2.    Sinais preliminares do fim (24:4-8)
3.    Perseguição e apostasia (24:9-14)
4.    Eventos esperados na Judéia (24:15-22)
5.    Contra uma falsa parousia (24:23-28)
6.    Sinais da verdadeira parousia (24:29-31)
7.    O exemplo da figueira (24:32,33)
8.    Tempo exato da parousia — imprevisível (24:34-36)
9.    Preparando-se para a parousia (24:37-25:13)
a.    a maioria será apanhada de surpresa (24:34- 41)
b.    os discípulos devem „estar preparados (24:42- 44)
c.    escravos bons e maus (24:45-51)
d.    parábola das dez virgens: ilustração da preparação (25:1-13)
e.    parábola do senhor em viagem (25: 14-30)
f.    julgamento das ovelhas e dos bodes (25:31-46)
g.    sumário e predição de detenção (26: 1,2)
XIII.    Morte de Jesus, o Messias (26:3-27:66)
1.    Acontecimentos preliminares (26:3-27:26)
a.    conluio (26:3-5)
b.    unção de Jesus (26:6-13)
c.    Judas planeja trair (26:14-16)
d.    última ceia (26:17-30)
e.    predição da negação de Pedro (26:31-35)
f.    o Getsêmani (26:36-46)
g.    a detenção (26:47-56)
h.    audiência ante Caifás (26:57-68)
i.    negação de Pedro (26:69-75) j. audiência ante Pilatos (27: 1 -26)
i.    perante Pilatos (27:1,2)
ii.    suicídio de Judas (26:3-10)
iii.    audiência e condenação (26: 11 -26)
2.    A crucificação (27:27-56)

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