Números 31 descreve a destruição total dos midianitas que haviam conspirado a fim de seduzir os israelitas e induzi-los à fornicação e à idolatria, no incidente em Baal-Peor (Nm 25.19). O resultado fora uma praga contra os israelitas que lhes custou o total de 24 mil mortos, mais o afastamento de Deus. A hediondez do pecado deles contra o povo eleito, além da ameaça da futura sedução à apostasia, fez com que os midianitas ficassem sujeitos ao julgamento divino. O capítulo 31 nos diz com toda a clareza que foi o próprio Deus quem comandou o ato punitivo. O castigo não se iniciou com Moisés nem com seus homens. Estes receberam ordem de “executar a vingança do Senhor contra” os midianistas (v. 3), de modo que se formou um exército de 12 mil guerreiros, mil de cada tribo, sob a liderança de Finéias, neto de Arão (v. 6).
O ataque foi tão bem-sucedido que, sem uma única baixa (v. 49), os israelitas derrotaram e mataram os cinco reis dos midianitas, bem como todos os seus soldados. Balaão, que fora o instigador da apostasia em Baal-Peor, morreu nessa batalha. Todas as mulheres e as jovens sexualmente ativas foram sentenciadas à morte (v. 15-18), depois que Moisés deu ordens específicas nesse sentido. Só pouparam as virgens, as quais foram tomadas como servas nas casas dos israelitas. Uma porcentagem do gado midianita foi separada para o sacrifício e culto no tabernáculo. De todos os ornamentos de ouro confiscados, 16.750 siclos foram entregues ao templo do Senhor. Encerrou-se assim o caso; os efeitos danosos da confraternização com os pagãos degenerados tornou-se coisa do passado — como uma triste lembrança e a advertência solene contra a insensatez de se ceder à sedução da idolatria cananéia.
Teria sido justificada moralmente essa ação militar? Os que desejam argumentar que foi uma atitude cruel e desnecessária deverão discutir com o próprio Deus. Foi ele quem a comandou. Entretanto, parece que, à luz de todas as circunstâncias e do contexto dessa crise, a integridade da nação inteira estava em jogo. Se a terrível ameaça que pesava contra a existência de Israel, como o povo da aliança, houvesse sido tratada de forma menos rigorosa, é muitíssimo duvidoso que os israelitas tivessem conseguido conquistar Canaã ou sequer exigido a devolução da Terra Prometida como herança sagrada de Deus. Esse massacre é tão lamentável quanto uma cirurgia executada num corpo doente para remover um câncer. Para preservar a vida dessa vítima, a parte comprometida deve ser cortada de vez. (Teremos outra oportunidade para discutir o problema do extermínio de povos, em conexão com Josué 6.21 — “Tem Josué justificativa para o extermínio da população de Jericó?”)
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