À época do segundo recenseamento, conforme registro de Números 26.42, a população militar da tribo de Dã chegara à cifra considerável de 64.400 homens (v. 43). A eles havia sido entregue um território um tanto restrito, entre a fronteira ocidental de Judá e as praias do Mediterrâneo, inclusive a parte norte da Filístia (Js 19.40-46). Essa região singular, no entanto, era muito fértil e bem regada por excelente precipitação pluviométrica; devia proporcionar boas colheitas, suficientes para sustentar uma tribo tão numerosa. Entretanto, por alguma razão, os danitas não puderam suplantar os inimigos em determinação e poderio militar; a despeito do heroísmo de Sansão, seu mais famoso guerreiro, eles se tornaram vassalos dos filisteus nas gerações seguintes, logo após a conquista efetuada por Josué.
Em parte por esse motivo, os danitas ficaram restritos demais em seu desenvolvimento econômico e político, de tal modo que alguns jovens empreendedores, mais ousados, decidiram formar uma força expedicionária que partisse à procura de novas terras e se estabelecesse em territórios que tivessem ficado fora da área ocupada pelas doze tribos. Não é possível datar com exatidão a ocasião em que houve essa migração, que ficou registrada em Juízes 18; sabemos que só apenas seiscentos homens empreenderam essa operação.
Depois que o grupo fez uma prospecção por toda a terra, até o sul da Fenícia (atual Líbano), escolheram a próspera e pacífica Laís, como lugar mais atraente para seu estabelecimento. As tropas armadas prosseguiram, então, atravessando Quiriate-Jearim, em Judá, e subiram às terras montanhosas de Efraim, onde raptaram um levita que exercia o sacerdócio para Mica, um efraimita. Também raptaram a estola sacerdotal e as imagens de escultura, para que servissem no culto a Iavé (ainda que isso contrariasse o segundo mandamento), e atacaram os habitantes de Laís que de nada suspeitavam, em uma investida relâmpago. Tendo-se apossado da cidade, deram-lhe um novo nome: Dã. Esta veio a constituir-se o ponto extremo ao norte, da terra ocupada pelas doze tribos, que se tornou conhecido na expressão: “de Dã até Berseba”.
Após a separação das dez tribos da dinastia de Davi (931 a.C), o fundador do Reino do Norte, Jeroboão i, teve o cuidado de estabelecer um templo oficial ali, completo, incluindo com a imagem de um bezerro de ouro (1Rs 12.30). Entretanto, a colônia nortista da tribo de Dã provavelmente continuou muito menor, no que diz respeito à população, que as tribos que viviam perto da Filístia, no território originalmente concedido a elas por Josué. Não houve uma migração contínua da tribo de Dã, e sim a saída de uma parte para formação de uma pequena colônia, muito modesta, que se dispôs a conquistar Laís, perto dos territórios de Sidom e Tiro.
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