Autoria da Carta aos Romanos


Dentre as catorze epístolas tradicionalmente atri­buídas à autoria de Paulo, a epístola aos Hebreus é a mais duvidosa; pouquíssimos eruditos modernos pensam ser ela paulina. (Ver o artigo sobre Hebreus, sob o título Autoria). As chamadas «epístolas pastorais» também são aceitas como paulinas apenas por um número bem reduzido de estudiosos modernos, porquanto se pensa que essas epístolas as quais contêm muito material de valor, foram produtos da pena de algum dos discípulos de Paulo. (Ver o artigo sobre as Epístolas Pastorais). A epíst. aos Efésios, na opinião de alguns eruditos, igualmente tem sido atribuída a algum dos discípulos de Paulo, especialmente nos últimos tempos. Já as nove epístolas remanescentes (aos Romanos, I e II aos Coríntios, aos Gálatas, aos Filipenses, aos Colossenses, I e II aos Tessalonicenses e a Filemom) são quase universalmente aceitas como epístolas genuínas do apóstolo Paulo. Dentre essas nove, uma aceitação absolutamente universal é conferida a quatro clássicos escritos paulinos, a saber: as epístolas aos Romanos, I e II aos Coríntios e aos Gálatas. Dentre essas quatro, a epístola aos Romanos ocupa lugar de proeminência, não somente devido à sua extensão e ao seu tratamento mais completo acerca de questões de magna importância para a doutrina cristã, mas também porque os assuntos ali abordados são todos de grande profundidade e fundamentais para a nossa fé. A epistola aos Romanos não foi a primeira obra inspirada a sair da pena do apóstolo aos gentios, mas a sua importância lhe tem conquistado o primeiro lugar dentro do arranjo das epístolas paulinas, em nosso N.T., o que também sucede entre as coleções ordinárias de epístolas paulinas, escritas em grego e em outros idiomas antigos. Sendo essa a principal das epístolas de Paulo, e sendo Paulo uma das mais importantes personagens da história da humanidade, essa epistola pode ser reputada como um dos mais importantes documentos que a raça humana conhece.
A simples comparação entre as quatro obras clássicas de Paulo—Romanos, I e II Coríntios e Gálatas—no que diz respeito a questões de estilo e vocabulário, revela-nos que todas essas quatro epístolas foram indisputavelmente produzidas pelo mesmo autor sacro. Aceitar uma delas como paulina é aceitar todas as outras três, e rejeitar uma delas, é rejeitar às demais. Estilo e vocabulário são elementos que não podem ser facilmente copiados ou imitados, e essas epístolas revelam-nos o mesmo homem, dotado de um estilo literário intensamente pessoal, o que revela a personalidade de seu autor de forma notável e indiscutível. Essas epístolas contêm, em seu próprio conteúdo, a reivindicação de terem sido escritas pelo apóstolo Paulo, e o conteúdo de cada uma delas consubstancia tal asseveração.
Além dessas evidências internas, que são conclusi­vas, existem diversas outras evidências externas. Por exemplo, o trecho de II Ped. 3:15,16 evidentemente faz alusão à passagem bíblica de Rom. 2:4, e essa passagem (juntamente com os escritos em geral de Paulo) é chamada de Escrituras. — Esse foi o primeiro impulso tendente à formação de um «cânon» do N.T., e tudo começou com os èscritos do apóstolo Paulo. As epístolas de Clemente (Cor. xxxv) e de Policarpo(Fil. vi) citam, respectivamente, os trechos de Rom. 1:29-32 e 14:10-12, o que mostra que eles tinham conhecimento dessa epístola e também aceitavam a sua autoridade apostólica. Irineu citou a passagem de Rom. 4:10,11 como de origem paulina (ver iv.27§2). A obra O Ouvir da Fé, de Melito, emprestou seu título do décimo capitulo da epístola aos Romanos ou do trecho de Gál. 3:2,3. Todas as listas de livros sagrados autoritários, listas essas que também se chamam «cânones», sem importar se de origem ortodoxa ou herética, contêm a epístola aos Romanos. (Ver informação a respeito dessa questão sob o ponto IV, intitulado Lugar Ocupado no Cânon). Inácio de Antioquia, que escreveu diversas epístolas às igrejas cristãs, em cerca de 110 D.C., como também Policarpo, bispo de Esmirna, citaram a epístola aos Romanos como de autoria paulina.

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