Autor da Carta de Primeiro Corintios


Conforme lemos nas observações introdutórias, acima, existem quatro epistolas paulinas clássicas, entre aquelas que chegaram até nosso conhecimento, havendo acerca das mesmas pouquíssima desarmonia entre os estudiosos. A primeira epístola aos Coríntios ocupa lugar entre essas quatro. Questões como estilo literário, vocabulário e conteúdo confirmam a comum autoria de Romanos, Gálatas, I e II Coríntios. (Quanto às datas relativas da coletânea paulina, ver o artigo sobre à epístola aos Romanos, secção II, que também contém diversas comparações e observações que são úteis ao estudante). Mas, posto que a autoria da primeira epístola aos Coríntios não é posta em dúvida, talvez seja mais útil observarmos nesta altura as relações que havia entre Paulo e os crentes de Corinto.
Paulo considerava a igreja cristã de Corinto uma das provas palpáveis do seu ministério apostólico. Por causa da penetração de certos problemas ali, como práticas más e vis, contendas e divisões, que chegaram a ameaçar a sua aceitação como um apóstolo de Cristo por aquela igreja, que Paulo lhes escreveu com consternação mesclada com repreensão e demonstrações de seu afeto. (Ver I Cor. 3:10; 4:15; 9:2; II Cor. 7:3-5; 12:15; 7:8 e s; 3:1, quanto a esses diversos elementos, que demonstram a relação existente entre a igreja de Corinto e o apóstolo dos gentios).
Quantas teriam sido as visitas feitas por Paulo a Corinto? Alguns eruditos pensam que o trecho de II Cor. 12:14—13:10 subentende três visitas separadas do apóstolo, em que duas já teriam sido feitas, e uma terceira estava prestes a ter lugar. E essa suposição é mais natural do que a daqueles outros, que opinam que o apóstolo tencionara por três vezes fazer essas visitas, mas que, por algum motivo, principalmente porque sabia que o encontro seria doloroso para ele e para eles, ele ainda não os tinha realmente visitado nenhuma vez. O livro de Atos menciona apenas uma visita de Paulo a Corinto. Porém, devemos notar que o livro de Atos é notoriamente abreviado sobre tais questões, e a sua exposição sobre os ministérios de Paulo sempre é parcial, faltando-lhe muitos porme­nores sobre diversas visitas que podemos depreender terem sido feitas no teor das próprias epístolas paulinas. O trecho de II Cor. 2:1 menciona que Paulo queria poupar os crentes coríntios de outra visita «dolorosa»; mas a visita descrita no livro de Atos não pode ser reputada dolorosa, razão pela qual precisamos postular um maior número de visitas do que aquela sobre a qual lemos no livro de Atos.
Paulo, portanto, já havia visitado os crentes de Corinto e permanecera algum tempo com eles, o que significa que tinha mais intimas relações com eles do que com qualquer outra igreja cristã, com a única exceção possível da igreja em Éfeso.
A autenticidade da autoria paulina é confirmada por diversos dos pais da igreja dos primeiros anos, a saber: Clemente de Roma (Ep., cap. 47), Policarpo (Ep. aos Filipenses, cap. 11), Inácio (aos Efésios, cap. 2) e Irineu (Contra os Heréticos, iv.27,3). Por semelhante modo fizeram Hermas (100 D.C., Sim. 5,7) e Barnabé (que fez alusões a I Cor. 3:16, em sua epístola, 6:16). O lugar de I Coríntios no cânon dos livros sagrados é tão antigo como o de qualquer das demais epístolas paulinas, fazendo parte integrante das primeiras coletâneas de escritos paulinos, segundo eram conhecidas pelos pais da igreja desde o ano de 150 D.C. Seu lugar no «cânon», por conseguinte, é tão antigo como qualquer dos livros do N.T., visto que algumas das epistolas de Paulo foram escritas antes de qualquer dos quatro evangelhos, e quase todas elas foram escritas antes «de qualquer desses evangelhos, com a única exceção do evangelho de Marcos. Quando foi preparado o primeiro «cânon» dos livros do N.T., a primeira epístola aos Coríntios já se encontrava entre os livros selecionados. (Ver o artigo sobre o «Cânon do N.T.). O artigo sobre o «Apóstolo Paulo» transmite-nos o que se sabe acerca do passado, da vida e das viagens missionárias de Paulo, descritas no livro de Atos, e também de seus ensinos, conforme se tem conhecimento hoje em dia sobre ele.

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