Auto-Revelação, Requisito de todo Conhecimento de Deus


1. DEUS TRANSMITE CONHECIMENTO DE SI PRÓPRIO AO HOMEM. Kuyper chama a
atenção para o fato de que a teologia, como conhecimento de Deus, difere num importante ponto
de todos os demais tipos de conhecimento. No estudo de todas as outras ciências, o homem se
coloca acima do objeto de sua investigação e ativamente extrai dele o seu conhecimento pelo
método que lhe pareça mais apropriado, mas, na teologia, ele não pode colocar-se acima, e, sim,
sob o objeto do seu conhecimento. Noutras palavras, o homem só pode conhecer a Deus na
medida em que Este ativamente se faz conhecido. Deus é, antes de tudo, o sujeito que transmite
conhecimento ao homem, e só pode tornar-se objeto de estudo do homem na medida em que
este assimila e reflete o conhecimento a ele transmitido pela revelação. Sem a revelação, o
homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento de Deus. E, mesmo depois de Deus
ter-se revelado objetivamente, não é a razão humana que descobre Deus, mas é Deus que se
descerra aos olhos da fé. Contudo, pela aplicação da razão humana santificada ao estudo da
palavra de Deus, o homem pode, sob a direção do Espírito Santo, obter um sempre crescente
conhecimento de Deus. Barth também salienta o fato de que o homem só pode conhecer a Deus
quando Deus vem a ele num ato de revelação. Ele afirma que não existe nenhum caminho do
homem para Deus, mas somente de Deus para o homem, e diz repetidamente que Deus é
sempre o sujeito, e nunca um objeto de conhecimento. A revelação é sempre algo puramente
subjetivo e jamais poderá transformar-se em algo objetivo como apalavra escrita da Bíblia e, como
tal, vir a ser um objeto de estudo. A revelação foi dada, de uma vez por todas, em Jesus Cristo, e
em Cristo chega aos homens no momento existencial das suas vidas. Apesar de haver elementos
de verdade no que Barth diz, a sua construção da doutrina da revelação é alheia à teologia
reformada.

Todavia, deve-se manter a posição que afirma que a teologia seria totalmente impossível,
sem uma auto-revelação de Deus. E quando falamos de revelação, empregamos o termo no
sentido estrito da palavra. Não se trata de uma coisa na qual Deus é passivo, um mero “tornar-se
manifesto”, mas uma coisa na qual Ele ativamente se faz conhecido. Não é, como muitos
pensadores modernos o vêem, um aprofundamento discernimento espiritual que leva a um
sempre crescente descobrimento de Deus por parte do homem; mas sim, um ato sobrenatural de
auto-comunicação, um ato prenhe de propósito, da parte o Deus Vivente. Não há nada
surpreendente no fato de que Deus só pode ser conhecido se Ele se revela, e na medida em que
o faz. Até certo ponto isso é verdade também quanto ao homem. Mesmo depois que a psicologia
fez um estudo particularmente exaustivo do homem, Alexis Carrel pôde escrever um livro muito
persuasivo sobre, O Homem, Esse Desconhecido, “Porque”, diz Paulo, “qual dos homens sabe
cousas do homem, senão o seu próprio espírito que está nele? Assim também as cousas de Deus
ninguém conhece, senão o Espírito de Deus”. (1 Co 2.11). O Espírito Santo perscruta todas as
cousas. Até mesmo as profundezas de Deus, e as revela ao homem. Deus tem-se dado a
conhecer. Ao lado do conhecimento arquetípico de Deus, que se acha no próprio Deus, há
também um conhecimento ectípico dele, dado ao homem por meio da revelação. Este último
relaciona-se com o primeiro como uma cópia com o seu original e, portanto, não tem as mesmas
proporções de clareza e perfeição. Todo o nosso conhecimento de Deus é derivado da Sua auto-
revelação na natureza e na Escritura. Conseqüentemente, o nosso conhecimento é, de um lado,
ectípico e analógico, mas, de outro, é também verdadeiro e preciso, visto que é uma cópia do
conhecimento arquetípico que Deus tem em Si mesmo.

2. CONHECIMENTO DE DEUS, INATO E ADQUIRIDO (COGNITIO INSITA E ACQUISTA).
Normalmente se faz distinção entre o conhecimento de Deus, inato e adquirido. Não é uma
distinção estritamente lógica porque, em última análise, todo conhecimento humano é adquirido. A
doutrina das idéias inatas é filosófica, não teológica. Suas sementes já se acham na doutrina das
idéias, que nos vem de Platão, ocorrendo de modo mais desenvolvido na obra de Cícero,
intitulada De Natura Deorum. Na filosofia moderna, foi ensinada primeiramente por Descartes, que
considerava a idéia de Deus como inata. Ele não julgava necessário considerá-la inata no sentido
de que estava desde o princípio conscientemente presente na mente humana, mas só no sentido
de que o homem tem uma tendência natural de formar a idéia quando a mente chega à
maturidade. Finalmente, a doutrina assumiu a forma de que há certas idéias, das quais a idéia de
deus é a mais proeminente, que são ingênitas e, portanto, estão presentes na consciência
humana desde o nascimento. Foi nesta forma que Locke, acertadamente, investiu contra a
doutrina das idéias inatas, embora indo a outro extremo em seu empirismo filosófico. A teologia
reformada também rejeitou a doutrina naquela formulação particular. E enquanto alguns dos seus
representantes mantiveram o nome “idéias inatas”, mas lhe deram outra conotação, outros
preferiram falar de uma cognitio Dei insita (conhecimento de Deus enxertado ou implantado). Por
um lado, esta cognitio Dei insita não consiste de idéias e noções formadas, presentes no homem
por ocasião do seu nascimento; por outro lado, porém, é mais que uma simples capacidade que
possibilita ao homem conhecer a Deus. Ela denota um conhecimento que necessariamente
resulta da constituição da mente humana, conhecimento congênito só no sentido de que é
adquirido espontaneamente, sob a influência da semem religionis implantada no homem por sua
criação à imagem de Deus, e que não é adquirido pelo laborioso processo de raciocínio e
argumentação. É um conhecimento que o homem, constituído como é, adquire necessariamente,
e, como tal, distingue-se de todo conhecimento condicionado pela vontade do homem. O
conhecimento adquirido, por outro lado, é obtido pelo estudo da revelação de Deus. Não surge
espontaneamente na mente humana, mas resulta de consciente e constante busca de
conhecimento. Só pode ser adquirido pelo fatigante processo de percepção e reflexão, raciocínio
e argumentação. Sob a influência do idealismo hegeliano e pelo conceito moderno de evolução, o
conhecimento inato de Deus tem recebido forte ênfase; por outro lado, Barth nega a existência de
qualquer conhecimento dessa espécie.

3. A REVELAÇÃO GERAL E A ESPECIAL. A Bíblia atesta uma dupla revelação de Deus: uma
revelação na natureza que nos cerca, na consciência humana, e no governo providencial do
mundo; e uma revelação encarnada na Bíblia como palavra de Deus. A testa a primeira em
passagens como as seguintes; “Os céus manifestam a Glória de Deus e o firmamento anuncia as
obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia e uma noite revela conhecimento à outra noite”
Salmo 19.1, 2. “Contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem,
dando-vos dos céus chuvas e estações frutíferas, enchendo os vossos corações de fartura e de
alegria” Atos 14.17. “porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque
Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder
como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo,
sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas”, Romanos 1.19, 20. Da revelação
especial temos abundante prova no Velho e no Novo testamento. “O Senhor advertiu a Israel e a
Judá por intermédio de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Voltai-vos dos vossos
maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, segundo toda a lei que
prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermédio dos meus servos, os profetas” 2 Reis
17.13. “manifestou os seus caminhos a Moisés, e os seus feitos, aos filhos de Israel” Salmo 103.7.
“ninguém jamais viu a Deus: o Deus unigênito, que está no seio do pai, é quem o revelou” João
1.18. “havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras aos pais , nos profetas,
nestes últimos dias nos falou pelo filho” Hebreus 1.1, 2.

Com base nestes dados escriturísticos, tornou-se costume falar da revelação natural e
sobrenatural. A distinção assim aplicada à idéia de revelação é, primariamente, uma distinção
baseada na maneira pela qual ela é comunicada ao homem; mas, no transcurso da história,
também tem sido baseada, em parte, na natureza da matéria que trata. O método de revelação é
natural quando esta é comunicada por meio da natureza, isto é, por meio da criação visível com
suas leis e poderes ordinários. É sobrenatural quando é comunicada ao homem de maneira mais
elevada, sobrenatural, como quando Deus fala, quer diretamente, que por meio de mensageiros
sobrenaturalmente dotados. A substância da revelação era considerada como natural, se pudesse
ser adquirida pela razão humana graças ao estudo da natureza; era considerada sobrenatural
quando não podia ser conhecida a partir da natureza, nem pela razão humana desassistida. Daí
veio a ser muito comum na Idade Média contrastar a razão coma revelação. Na teologia
protestante, a revelação natural muitas vezes era chamada revelatio realis, e a revelação
sobrenatural revelatio verbalis, porque a primeira está encarnada nas coisas, e a segunda em
palavras. No transcorrer do tempo, porém, viu-se que a distinção entre a revelação natural e a
sobrenatural era ambígua, visto que toda revelação é sobrenatural quanto à origem e, como
revelação de Deus, também quanto ao conteúdo. Ewald, em sua obra sobre Revelation: Its nature
and Record, fala da revelação na natureza como revelação imediata, e da revelação na Escritura,
que ele considera a única que merece o nome “revelação” no sentido mais completo, como
revelação mediata.1 Uma distinção mais comum, porém, que, aos poucos, foi ganhando aceitação
geral, é a de revelação geral e especial. O Dr. Warfield distingue as duas como segue: “A primeira
é dirigida de modo geral a todas as criaturas inteligentes, e, portanto, é acessível a todos os
homens; a outra dirige-se a uma classe especial de pecadores, aos quais Deus quis tornar
conhecida a Sua salvação. A primeira tem em vista localizar e suprir a necessidade natural das
criaturas quanto ao conhecimento do seu Deus; a outra, resgatar do seu pecado e suas
conseqüências pecadores escravizados e deformados”.2 A revelação geral está arraigada na
criação, é dirigida ao homem na qualidade de homem, e mais particularmente à razão humana, e
acha seu propósito na concretização do fim da sua criação, conhecer a Deus e assim desfrutar
comunhão com Ele. A revelação especial está arraigada no plano de redenção de Deus, é dirigida
ao homem na qualidade de pecador, pode ser adequadamente compreendida e assimilada
somente pela fé, e serve ao propósito de assegurar o fim para o qual o homem foi criado a
despeito de toda a perturbação produzida pelo pecado. Em vista do plano eterno de revelação,
deve-se dizer que esta revelação especial não apareceu como um pensamento posterior, mas
estava na mente de Deus desde o princípio.

Houve considerável diferença de opinião a respeito da revelação destas duas formas de
revelação une com a outra. Conforme o escolasticismo, a revelação natural fornecia os dados
necessários para a construção de uma teologia natural científica pela razão humana. Mas,
conquanto capacitasse o homem a atingir conhecimento científico de Deus como a causa última
de todas as coisas, não fornecia o conhecimento dos mistérios como os da Trindade, da
encarnação, e da redenção. Este conhecimento é dado pela revelação especial. É um
conhecimento não demonstrável racionalmente, mas deve ser aceito pela fé. Alguns dos mais
antigos escolásticos foram guiados pelo lema. “Credo ut intelligam”, e, depois de aceitarem as
verdades da revelação especial pela fé, consideravam necessário elevar a fé à compreensão por
meio de uma demonstração racional daquelas verdades, ou pelo menos, provar a sua
racionalidade. Tomás de Aquino, porém, considerava impossível isto, exceto na medida em que a
revelação especial contivesse verdades que também fizessem parte da revelação natural. Em sua
opinião, os mistérios que compunham o conteúdo real da revelação sobrenatural não admitiam
nenhuma demonstração lógica. Ele sustentava, porém, que não poderia haver conflito entre as
verdades da revelação natural e as da revelação sobrenatural. Se parecer haver conflito, há algo
de errado com a filosofia da pessoa, Contudo, permanece o fato de que ele reconhecia, ao lado
da estrutura erguida pela fé com base na revelação sobrenatural, um sistema de teologia científica
com fundamento na revelação natural. Na primeira a pessoa dá assentimento a alguma coisa
porque esta é revelada, na Segunda, porque é percebida como verdadeira à luz da razão natural.
A demonstração lógica, que está fora de questão na primeira, é o método natural de prova da
segunda.

Os reformadores rejeitaram o dualismo dos escolásticos e visaram uma síntese da dupla
revelação de Deus. Eles não criam que a razão humana tenha capacidade para elaborar um
sistema científico de teologia com base na revelação natural pura e simples. Sua maneira de ver o
assunto pode ser representada como segue: como resultado da entrada do pecado no mundo, a
escrita de Deus na natureza ficou muito obscura, e em alguns dos mais importantes assuntos, é
opaca e ilegível. Além disso, o homem foi atingido pela cegueira espiritual, e, assim, está privado
da capacidade de ler corretamente aquilo que Deus originariamente escreveu com clareza nas
obras da criação. Para remediar a questão e impedir a frustração do Seu propósito, Deus fez duas
coisas. Em Sua revelação sobrenatural, Ele tornou a publicar as verdades da revelação natural,
esclareceu-as para evitar mal-entendidos, interpretou-as com vistas às presentes necessidades
do homem, e, assim, incorporou-as em sua revelação sobrenatural da redenção. E, em acréscimo
a isso, Ele providenciou uma cura para a cegueira espiritual do homem na obra de regeneração e
santificação, incluindo iluminação espiritual, e, assim, capacitou o homem mais uma vez a obter
verdadeiro conhecimento de Deus, o conhecimento que leva consigo a segurança da vida eterna.

Quando os gélidos ventos do racionalismo sopram sobre a Europa, a revelação foi exaltada
em detrimento da revelação sobrenatural, o homem ficou intoxicado pela sensação da sua
capacidade e bondade, recusou-se a ouvir a voz da autoridade que lhe fala na escritura e a
submeter-se a ela, e depositou completa confiança na capacidade da razão humana para guiá-lo
para fora do labirinto de ignorância e erro rumo à clara atmosfera do conhecimento verdadeiro.
Alguns que ensinavam que a revelação natural era inteiramente suficiente para ensinar aos
homens todas as verdades necessárias, ainda admitiam que poderiam aprendê-las mais depressa
com o auxílio da revelação sobrenatural. Outros negavam que a autoridade da revelação
sobrenatural era completa, enquanto os eu conteúdo não fosse demonstrado pela razão. E
finalmente o deísmo, em algumas de suas formas, negava, não somente a necessidade, mas
também a possibilidade e realidade da revelação sobrenatural. Em Schleiermacher a ênfase muda
do objetivo para o subjetivo, da revelação para a religião, e isso sem nenhuma distinção entre a
religião natural e a revelada. O termo “revelação” ainda é conservado, mas fica reservado como
um designativo do discernimento espiritual mais profundo do homem, discernimento que, contudo,
não lhe vem sem a sua diligente pesquisa pessoal. O que é chamado revelação de um ponto de
vista, pode ser chamado descoberta humana de outro. Este conceito tornou-se deveras
característico da teologia moderna. Diz Knudson: “mas esta distinção entre a teologia natural e a
revelada agora caiu em quase completo desuso. A tendência atual é a de não traçar nenhuma
linha definida de distinção entre a revelação e a razão natural, mas, sim, considerar as mais altas
percepções da razão como elas próprias constituindo revelação divina. Em todo caso, não há um
corpo fixo de verdade revelada, aceita com base em autoridade, e que se mantenha oposta às
verdades da razão. Toda verdade hoje repousa em seu poder de apelar para a mente humana”..1

É este conceito de revelação que Barth denuncia em termos fortíssimos. Ele está
particularmente interessado no sujeito da revelação, e quer conduzir a igreja de volta do subjetivo
para o objetivo, da religião para a revelação. Na religião ele vê primariamente os esforços do
homem para encontrar Deus, e na revelação, “Deus em busca do Homem” em Jesus Cristo. Barth
não conhece nenhuma revelação na natureza. A revelação jamais existe em alguma linha
horizontal, mas sempre desce perpendicularmente de cima. A revelação é sempre Deus em ação,
Deus falando, trazendo algo inteiramente novo para o homem, alguma coisa da qual ele não
poderia Ter um conhecimento prévio, e que se torna uma revelação real somente para aquele que
aceita o objeto da revelação mediante uma fé dada por Deus. Jesus Cristo é a revelação de Deus,
e somente aquele que conhece a Jesus Cristo conhece alguma coisa da revelação. A revelação é
um ato de graça, pelo qual o homem se torna consciente da sua condição pecaminosa, mas
também livre, imerecida e perdoadora complacência de Deus em Jesus Cristo. Barth até domina a
reconciliação. Visto que Deus é sempre soberano e livre em Sua revelação, esta nunca pode
assumir a forma fatualmente presente e objetiva, com limitações definidas, para qual o homem
possa voltar-se em qualquer ocasião em busca de instrução. Daí, é um engano considerar a Bíblia
como revelação de Deus em qualquer outro sentido que não seja um sentido secundário. Ela é
uma testemunha e um sinal da revelação de Deus. O mesmo pode-se dizer, embora num sentido
subordinado, da pregação do Evangelho. Mas, seja qual for a mediação pela qual a Palavra de
Deus venha ao homem no momento existencial da sua vida, ela é sempre reconhecida pelo
homem como uma palavra diretamente dita a ele, e vinda perpendicularmente do alto. Este
reconhecimento é efetuado por uma operação especial do Espírito Santo, pelo qual se pode
denominar Testimonium Spiritus Santcti individual. A revelação de deus foi dada uma vez por
todas em Jesus Cristo: Não em Seu aparecimento histórico, mas no plano supra-histórico no qual
os poderes do mundo eterno tornam-se evidentes, tais como Sua encarnação, Sua morte, e Sua
ressurreição. E se Sua revelação é também contínua, digamos assim, só o é no sentido de que
Deus continua a falar a pecadores individuais, no momento existencial de suas vidas, através da
revelação em Cristo, mediada pela Bíblia e pela pregação. Assim, somos deixados com meros
vislumbres da revelação vinda a indivíduos, da qual somente aqueles indivíduos têm absoluta
certeza; e com falíveis testemunhas ou sinais da revelação em Jesus Cristo, bem precário
fundamento para a teologia. Não admira que Barth tenha dúvida quanto à possibilidade de
elaborar uma doutrina de Deus. A humanidade não tem posse de uma infalível revelação de Deus
e, de sua singular revelação em Cristo e sua extensão nas revelações especiais que vêm a certos
homens ela tem conhecimento somente através do testemunho de testemunhas falíveis.