A igreja cristã da cidade de Roma jâ existia por algum tempo quando Paulo lhe escreveu a epístola que tem seu nome (ver Rom. 1:8,10,12,13 e 15:23). Em Atos 28:15 a existência da igreja cristã de Roma é aceita como algo largamente conhecido, do que é demonstrado pele grupo de irmãos que veio receber paulo, no Apio Fórum, como representação oficial daquela igreja. A data e as circunstâncias da origem e da organização da igreja de Roma, entretanto, não podem ser determinadas com qualquer precisão, ainda que existam diversos informes tradicionais a esse respeito.
Existem tradições que vinculam tanto Pedro como Paulo aos primórdios da igreja de Roma, mas essas declarações se alicerçam mais no zelo torcido, que pretendia conferir àquela igreja um início importante e digno, e não em fatos conhecidos sobre o caso. Clemente de Roma, já em 95 D.C. (5:3 e s) liga ambos esses apóstolos a Roma, no que diz respeito ao martírio deles. E isso já parece muito mais provável, tendo obtido boa dose de aceitação, por parte de muitos. Disse Clemente:
«Fixemos os nossos olhos nos bons apóstolos: Pedro, o qual, por causa de uma inveja injusta, sofreu não uma ou duas apenas, mas muitas tribulações, e, tendo prestado assim o seu testemunho, foi para o lugar de glória, que lhe convinha. Em meio a invejas e contendas, Paulo mostrou o caminho ao prêmio da constância; por muitas vezes ele esteve em cadeias, foi exilado e apredrejado. Foi um arauto, tanto no oriente como no ocidente, e obteve a nobre fama de sua fé, tendo ensinado a retidão ao mundo inteiro. E ao chegar ele aos limites do mundo ocidental, prestou seu testemunho perante as autoridades, e assim saiu deste mundo e foi recebido no Lugar Santo—o maior exemplo de perseverança que se conhece».
Cumpre-nos observar, entretanto, que o apóstolo Pedro ainda se encontrava em Jerusalém, no tempo da conferência referida em Gál. 2:1-10, que corresponde à chamada visita da fome, que Paulo fez a Jerusalém, segundo se lê em Atos 11:27. Portanto, é altamente improvável que Simão Pedro tenha tido qualquer participação pessoal na fundação da igreja cristã de Roma. Além disso, Paulo nos dá a impressão de que a igreja romana fora estabelecida muitos anos antes de sua visita:«. ..e desejando há muito visitar-nos» (Rom. 15:23).- Em parte alguma Paulo dá a impressão que a fundação dessa igreja tenha sido realização sua. Andrônico e Júnias, compatriotas judeus de Paulo, já estavam em Cristo antes de Paulo (ver Rom. 16:7), e, se o décimo sexto capítulo da epístola aos Romanos realmente faz parte original desse livro, tendo sido endereçado aos romanos, então vemos que a igreja cristã original dali teve seu começo antes mesmo da conversão de Saulo de Tarso. É bem possível que foram convertidos judeus, quando do dia de Pentecoste (ver o segundo capítulo do livro de Atos), vindos de Roma a Jerusalém, a fim de participarem daquela festa religiosa, que voltaram à sua cidade, e através de seu testemunho, formou-se um núcleo original, que tornou-se a base daquela igreja local. Sendo assim, somente de forma muito indireta é que Pedro foi fundador da igreja cristã da cidade de Roma, embora ele mesmo não o tenha feito, indo a Roma.
Igualmente, as primeiras perseguições movidas contra a igreja de Jerusalém e das áreas em derredor sem dúvida, forçavam alguns crentes a se exilarem em Roma, onde podiam dar continuação a uma vida normal, perdidos em meio de uma população numerosíssima. Esses convertidos originais da igreja de Roma, por conseguinte, mui provavelmente eram todos judeus. Mas não tardou que o elemento gentílico passasse à maioria dominante, conforme se depreende de trechos como Rom. 1:5,13; 9:3,4 e 10:1. Que a igreja de Roma consistia tanto de judeus como de gentios podemos compreender com base nos seguintes versículos: Rom, 1:5,12—16; 3:27-30; 4:6; 6:19; 11:13,25,28,30; 15:1,8,15. A lista de nomes, existente no décimo sexto capítulo da epístola aos Romanos, para os quais Paulo se dirigiu, inclui tanto nomes de origem judaica como de origem gentílica, principalmente grega, e não latina, e isso talvez indique que muitos dos convertidos eram gregos que residiam em Roma.
A mais antiga declaração sobre essa questão, de um ponto de vista não-biblico, foi a de um escritor do século IV D.C., chamado Ambrosiastro. Ele escreveu o seguinte sobre o assunto (Obras 111,373): «É fato estabelecido de que havia judeus que habitavam na cidade de Roma, no tempo dos apóstolos, e que aqueles judeus que haviam crido em Cristo, passaram para os romanos a tradição de que deveriam professar a Cristo, mas também guardar a lei. Não deveríamos condenar os romanos, mas antes, louvar a sua fé, porquanto, sem quaisquer sinais ou milagres, e sem terem visto qualquer dos apóstolos, não obstante,- aceitaram a fé em Cristo, ainda que de conformidade com os ritos judaicos».
Não há qualquer evidência sólida em contrário a essa declaração de Ambrosiastro, a qual sem dúvida é exata. Portanto, chegaram à cidade de Roma os cristãos, antes de quaisquer missionários cristãos, apostólicos ou não. Essa citação também subentende aquilo que podemos depreender da epístola de Paulo àquela igreja, isto é, que originalmente aquela congregação tinha um caráter judaico. E isso provavelmente explica o poderoso argumento de Paulo em prol da justificação pela fé, logo nos primeiros capítulos dessa epistola, como também o tratamento amplo que ele dá à questão da cegueira e a final restauração da nação de Israel, nos capítulos nono a décimo primeiro da mesma. Porquanto havia em Roma crentes que estariam intensamente interessados por esses esclarecimentos.
5 comentários:
Gostei deste estudo principalmente pela clareza das informações.
Glória a Deus pelo ensinamento Deus continue abençoando sua vida.
Ótimo comentário e esclarecedor e com uma ótima base de fundamentação de historiadores da época.
Ótimo isino gostei muito a palavra de Deus bem esclarecida sem chance de fala que n deu pra entender e bom esse isinamento Deus e fiel
Gostei muito dos comentários expostos aqui de um comentário profundo e muito esclarecedor
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