Lugar ocupado no «Canon»


Ver o artigo sobre o «cânon» do N.T., quanto a um quadro completo sobre o assunto.
Nenhum dos livros do N.T. foi aceito como canônico antes da epístola aos Romanos, pois quando se fizeram as primeiras declarações sobre o «cânon» neotestamentáno, a epístola aos Romanos sempre foi incluída, e isso nos pronunciamentos de grupos ou pessoas ortodoxas ou heréticas. A passagem de II Ped. 3:15,17, que cita o trecho de Rom. 2:4, chama-o de Escrituras, sendo esse o mais antigo pronuncia­mento que temos sobre a canonização de qualquer dos livros do N.T. Por conseguinte, pode-se dizer que a epístola aos Romanos aparece em primeiro lugar, no «cânon» do N.T. Outrossim, essa epístola foi escrita antes de qualquer dos evangelhos, com a possível exceção exclusiva do evangelho de Marcos, ainda que, na ordem cronológica, isto é, na ordem da escrita, a epístola aos Romanos apareça no sexto lugar enire os escritos de Paulo.
Márcion, aquele antiquíssimo herege (150 D.C.), incluía a epístola aos Romanos em seu cânon, e esse pronunciamento levou outros pais da igreja a fazerem seus respectivos pronunciamentos. Todos esses pais dá igreja, sem qualquer exceção, dentre os que se preocuparam com esse problema, também incluíram a epístola aos Romanos em seus respectivos «cânones». Os «cânones» mais antigos (pertencentes ao século II D.C.) incluíam cerca de dez das epístolas de Paulo, bem como os quatro evangelhos, ou sèja. os máis antigos livros do N.T., num total de cerca de catorze livros. Mas alguns estudiosos supõem que o próprio Márcion não preparou o «cânon» de sua épocã, mas antes, aceitou tão-somente a opinião corrente na igreja de seus dias. Se assim realmente sucedeu, então talvez possamos fazer retroceder o mais primitivo «cânon» neotestamentário para 125 D.C., mais ou menos.
Escritores anteriores, que não contavam com qualquer «cânon» formal, mesmo assim demonstra­ram respeito e conhecimento por diversas das epístolas de Paulo, incluindo a epístola aos Romanos. Entre esses podemos citar Clemente de Roma (95 D.C.), Inácio de Antioquia(110 D.C.) e Policarpo de Esmirna (110 ou 130 D.C.). Quanto à localização das citações extraídas das epistolas de Paulo, encontradas nos escritos de Irineu, Clemente e Policarpo, ver o último parágrafo das notas sobre a primeira seção deste artigo.
Inácio de Antioquia (martirizado em cerca de 110 D.C.) escreveu várias epistolas às igrejas, como também uma endereçada a Policarpo, e esses escritos sobreviveram como uma «coleção». Cabe-nos o direito, portanto, de suspeitar que muitos crentes, daquela época primitiva, possuíam várias coleções das epístolas de Paulo. Além disso, é extremamente improvável que qualquer coleção de epístolas de autoria de outrem tenha precedido a coleção dos escritos do apóstolo dos gentios. E, assim sendo, podemos supor que, pelo fim do primeiro século da era cristã, alguma forma de coleção já fora feita, tendo sido esse o mais primitivo «cânon» do N.T., o qual, sem a menor sombra de dúvida, incluía a epístola aos Romanos.
A primeira dessas coleções consistia de dez dessas epístolas paulinas, conforme eram aceitas por Márcion, e, subsequentemente, por outros pais da igreja. A ordem aceita por Márcion era a seguinte: Gálatas, I e II Corintios, Romanos, I e II Tessalonicenses, Efésios, Colossenses, Filemom e Filipenses. E isso nos mostra quais as epístolas formadoras do mais primitivo «cânon». Já a lista muratoriana, feita posteriormente, pertencente cerca de 200 D.C., apresenta uma ordem diferente, a saber: I e II Coríntios, Efésios, Filipenses, Colossenses, Gálatas, I e II Tessalonicenses, Romanos e Filemon. Com esse número e com essa ordem de epístolas paulinas, Tertuliano (cerca de 200 D.C.) parece concordar.
Os elementos hereges, que admitiam a canonicida- de da epístola aos Romanos, além de Márcion, foram os seguintes: Os ofitas (Hippol. Haer. 99; Rom. 1:20-26); Basílides (238, Rom. 8:19-22; 5:13,14); Valentino, Herácleom e Ptolomeu; Taciano (Orat. iv; 1:20). Crentes de séculos posteriores, que igualmente aceitavam a epistola aos Romanos como canônica, foram: as igrejas de Viena (Áustria) e Lyons (França; de acordo com Eusébio, História Eclesiástica v.l; Rom. 8:18); Atenágoras (13; Rom. 12:1; 37; Rom. 1:24); Teófilo de Antioquia (Antol. 79; Rom. 2:6; 12:6; 13:7,8).

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