A Espiritualidade de Deus


A Bíblia não nos dá uma definição de Deus. O que mais se aproxima disso é a palavra dita
por Jesus à mulher samaritana: “Deus é Espírito”, Jo 4.24. Trata-se, ao menos, de uma
declaração que visa a dizer-nos numa única palavra o que Deus é. O Senhor não diz meramente
que Deus é um espírito, mas que Ele é Espírito. E devido a esta clara declaração, é simplesmente
próprio discutir primeiro a espiritualidade de Deus. Pelo ensino da espiritualidade de Deus, a
teologia salienta o fato de que Deus tem um Ser substancial exclusivamente Seu e distinto do
mundo, e que este Ser substancial é imaterial, invisível, e sem composição nem extensão. A
espiritualidade de Deus inclui o pensamento de que todas as qualidades que pertencem à perfeita
idéia de Espírito se acham nele: que Ele é um Ser auto-consciente e auto-determinante. Desde
que Ele é Espírito no sentido mais absoluto e mais puro da palavra, não há nele nenhuma
composição de partes. A idéia de espiritualidade exclui necessariamente a atribuição de qualquer
coisa semelhante a corporalidade a Deus e, assim, condena as fantasias de alguns antigos
gnósticos e dos místicos que a Bíblia fala de mãos e pés, olhos e ouvidos, boca e narinas de
Deus, mas, ao fazê-lo, está falando antropomórfica ou figuradamente daquele que, de longe,
transcende o nosso conhecimento humano, e de quem só podemos falar aos gaguejos, à maneira
dos homens. Atribuindo espiritualidade a Deus, podemos afirmar que Ele não tem nenhuma das
propriedades pertencentes à matéria, e que os sentidos corporais não O podem discernir. Paulo
fala dele como o “Rei eterno, imortal, invisível” (1 Tm 1.17), e como “o Rei dos reis e Senhor dos
senhores; o único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum
jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amém”. (1 Tim 6. 15, 16).