Gênesis 25.1 declara que, após a morte de Sara, Abraão tomou para si uma esposa (’iššāh), cujo nome era Quetura (Qeṭûrāh). O versículo 2 dá-nos os nomes dos seis filhos que ela lhe deu em sua velhice. O patriarca perdeu Sara quando ela estava com 127 anos, tendo ele 137 (Gn 23.1; cf. 17.17). Não temos meios de saber quanto tempo depois da morte de sua primeira esposa Abraão casou-se com Quetura. Mas os seis filhos que ela lhe deu tornaram-se os ascendentes de vários povos, sendo ela honrada até o dia de hoje pelos árabes como ancestral deles.
Na verdade, não existe discrepância entre 1Crônicas 1.32 e o relato de Gênesis, ainda que o termopîlegeš seja usado na primeira passagem, em vez de ’iššāh. Gênesis 25.6 também se refere a Quetura como sendo a pîlegeš de Abraão; é que depois de o versículo 5 ter deixado claro que Deus havia confirmado Isaque, filho de Sara, como o principal herdeiro, o versículo 6 registra: “Mas para os filhos de suas concubinas [O plural pîlagešîm presumivelmente inclui Hagar, assim como Quitura] deu presentes; e, ainda em vida, enviou-os para longe de Isaque, para a terra do oriente”. É óbvio que o termo pîlegeš era usado para indicar que, embora Quetura fosse a única esposa legal de Abraão (era sua ’iššāh) no período crepuscular da vida dessa, esta mulher ocupou um lugar secundário em relação a Sara, visto que essa é que tinha sido escolhida por Deus para ser a mãe de Isaque e este fora o único herdeiro de Abraão segundo a promessa da aliança. Quanto à palavra pîlegeš, trata-se de um termo não-semita de origem desconhecida, que teria aparentemente o significado básico de “esposa secundária” (Ludwig Koehler e Walter Baumgartner, Lexicon in Veteris Testament libros, [Leiden: E.J. Brill, 1958], p. 761).
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