Importância das Epistolas Pastorais


Dentre todos os escritos do N.T., as «epistolas pastorais» são os únicos livros devotados a mostrar quais são as qualificações dos pastores e qual é o seu ministério. É lamentável apenas que a porção organizacional da igreja não seja ali mais claramente definida. A despeito da brevidade de seu texto, estas epistolas se têm tornado os livros de texto padroniza­dos para as qualificações dos lideres e para ensinar os tipos de ministério que esses líderes têm a cumprir. Certas passagens (ver I Tim. 3:1 e ss-, II Tim. 4:2-7 e Tito 1:6 e ss) se têm tomado parte da liturgia de consagração de várias denominações evangélicas. E à parte da própria consagração de ministros, muitas expressões das «epistolas pastorais» têm encontrado caminho até à liturgia da igreja. Essas expressões incluem «Rei dos séculos», «Salvador dos homens», «Deus, nosso Salvador», «Nosso grande Deus e Salvador», «o Senhor seja com o teu espirito». Na liturgia da igreja anglicana, essas epístolas são citadas, sobretudo quando da consagração de bispos, com exortações e orações de diferentes formas. O famoso documento antigo, Didache, toma. por empréstimo muitas expressões dessas epistolas, tal como o fazia a Ordem Eclesiástica Egípcia e as mais antigas Ordens Eclesiásticas existentes. Há citações das mesmas encontradas nos Cânones de Hipólito, bem como em outros famosos escritos sobre a ordem eclesiástica e sobre o ministério, como aqueles de Crisóstomo, De Sacerdotio, e de Gregório o Grande, Regulae Pastoralis liber, Há outras passagens de elevadíssima qualidade, que têm sido memorizadas e citadas através da história da igreja, como I Tim. 1:15; 6:10; II Tim. 1:12; 2:15; 3:16 e 4:7,8.
No contexto histórico, as «epistolas pastorais» têm sido usadas para combater modificações debilitantes e pervertidas, embora alguns radicais tenham lançado mão de seus preceitos severos contra as heresias, fazendo com que os mesmos se apliquem a tudo quanto esses radicais combatem. Mas não se pode negar o fato de que essas epístolas ensinam que há uma «verdade» a ser promovida, e «em»» a serem combatidos, e que o Senhor Jesus Cristo se acha no centro dessa verdade. Esses livros, a despeito de estereotipados e de usarem expressões comuns, nem por isso deixam de ser heróicos, porquanto concla­mam-nos para uma devoção intensa e incansável a Cristo e a seu evangelho, à lealdade a ele, em meio a este mundo hostil. As epístolas pastorais até mesmo convidam os homens ao martírio, se porventura isso tomar-se necessário. É nessas epistolas que podemos achar aquelas imortais palavras de Paulo: «Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda» (II Tim. 4:6-8). E onde mais se poderia encontrar palavras mais despertadoras do que «…todavia não me envergonho; porque sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia» (II Tim. 1:12)? Qual instituição, devotada ao ensinamento da Palavra de Deus, ou então qual pastor, que recomende o estudo das Escrituras, em algum tempo ou outro, não se utilizou das palavras, que dizem: «Procura apresen­tar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade» (II Tim. 2:15)? Qual pregador, ansioso por comprovar a autoridade das Escrituras, não tem usado a passagem de II Tim. 3:16, que diz: «Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça…»? Quão tema é a apresentação das últimas palavras de Paulo, proferidas já na expectação do martírio, suas palavras de despedida, simples mas belíssimas, em II Tim. 4:6-22, onde, conforme disse também Sócrates, ao morrer, o trivial e mundano se mistura com declarações eivadas de grandes sentimentos.

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