Definição e Caracterização da Escatologia


Os termos gregos por detrás dessa palavra são éschatos, «último», e logos, «estudo». Portanto» a escatologia é o estudo das últimas coisas. E o termo grego cognato, éschata, significa «últimas coisas». Está em pauta a tradição profética relativa às últimas coisas que haverão de suceder nos lances finais do presente ciclo histórico. No entanto, o período do milênio e o estado eterno também são enfocados nesse estudo, embora os mesmos representem novos começos e não façam parte das coisas preditas acerca do fim de nossa própria era. Em consequência, na tradição profética não há interesse apenas pelo fim de nossa dispensação, mas também pelo que ocorrerá depois da mesma. De fato, estão em mira as intermináveis e sucessivas eras da eternidade futura. Pode-se perceber, com base nessa caracterização, que o termo «escatologia» não se ajusta bem às expectações da tradição profética, embora seja uma palavra tradicionalmente usada a fim de servir de sinônimo das profecias preditivas da Bíblia, de modo geral. Há um outro artigo, intitulado Tradição Profética e a Nossa Época, nesta enciclopédia, onde são oferecidas muitas predições, bíblicas ou de místicos modernos, acerca do que se espera no tocante ao futuro do mundo. Também escrevi um livro sobre profecias bíblicas, intitulado Profecias para o Nosso Tempo: Quarenta Anos Finais da Terra?, publicado pela Nova Época Editorial, São Paulo, SP, Brasil.
A tradição profética concentra a atenção sobre o modo como Deus fará fruir e concretizar os seus propósitos remidores. Isso porá fim a um antigo ciclo (o nosso), dando início a um novo ciclo. A consumação de nossa era, pois, será também o começo de uma nova era. Todos os ciclos históricos terminam em meio à destruição, e então tem começo um novo ciclo. Essa circunstância foi predita a respeito de nossos próprios dias.
Cerca de vinte e cinco por cento da revelação divina têm natureza preditiva. Esse fato demonstra a importância do assunto. As teologias mais antigas de modo geral negligenciavam o assunto; mas, nos tempos modernos, à medida em que os eventos preditos se aproximam, desperta-se um interesse cada vez maior sobre a questão, de tal maneira que não somente a Bíblia, mas vários místicos modernos têm atraído a atenção do público em geral para o assunto. Até mesmo a indústria cinematográfica tem explorado temas dessa ordem, incluindo um filme sobre o anticristo.
Esboço da Escatologia BIBLICA:
1.   Tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos, o tema escatológico mais comum é aquele que diz respeito ao Messias, — que também aparece ali como o Senhor e o Governante universal. Seus ofícios como Profeta, Sacerdote e Rei são descritos, e então relacionados à redenção dos homens. Tanto o seu primeiro como o seu segundo adventos foram preditos pelos profetas, embora sem que fizessem uma clara distinção entre esses adventos, apresentando-os como se fossem um só. Algumas passagens do Antigo Testamento, e muitas passagens do Novo Testamento, descrevem a natureza transcendental de Cristo, o seu exaltado papel celestial e a sua missão universal. No Antigo Testamento, destacam-se trechos como o segundo Salmo e Isaías 9:6. No Novo Testamento há material em muito maior abundância a esse respeito. O livro de Apocalipse é uma longa explicação sobre o tema.
2.   Os pactos do Antigo Testamento são retratados como tendo consequências a longo prazo, e então são mesclados no Novo Pacto, que abarca a humanidade inteira. As operações de Deus na história passada e no futuro dizem respeito à redenção dos homens. Essa deve ser a principal razão pela qual existem as profecias preditivas da Bíblia. Ver o artigo separado sobre os pactos,
3.   As nações gentílicas são retratadas como partes ativas dentro da tradição profética. A redenção e o julgamento de nações são descritos. Ver Luc. 21:24 e o livro do Apocalipse, em sua totalidade. Ver também o chamado «pequeno Apocalipse», do vigésimo quarto capítulo de Mateus.
4.   O reino do mal é descrito como sujeito ao controle futuro do «homem do pecado» (o anticristo) do falso profeta e do próprio Satanás, formando uma trindade maligna. Ver os artigos separados sobre cada um deles. Esses serão grandes antagonistas que haverão de manifestar-se claramente nos últimos dias, opondo-se ao plano redentor do Senhor Deus.
5.    O curso da história da Igreja é predito na escatologia. Esse curso terminará, por uma parte, na apostasia (que vide); e, por outra parte, na plena redenção (que vide). Os capítulos dois e três do livro de Apocalipse aparentemente têm por intuito fornecer-nos um esboço desse curso, nas cartas às sete igrejas da Ásia.
6.     Também precisamos considerar, nos estudos escatológicos, o arrebatamento da Igreja. Ver o artigo sobre a Parousia, ou segunda vinda de Cristo. A ideia do julgamento (que vede) é uma das principais fases desse estudo, incorporando muitas questões afins. Antes do julgamento final, porém, ocorrerá a era messiânica de mil anos; e, depois do julgamento, seguir-se-á o estado eterno. Surpreendentemente pouco nos é descrito na Bíblia, a respeito do estado eterno, em resultado do que quase total é a nossa ignorância sobre o mesmo. Entretanto, sabemos de uma grande verdade, isto é, que a Igreja terá parte ativa na obra que consistirá em fazer Cristo ser tudo para todos (Êfé. 1:23), o que produzirá uma restauração geral (que vede). O trecho de Efé. 1:9,10 é o principal texto de prova dessa doutrina.
7.     O estado eterno haverá de caracterizar-se por grande atividade, envolvendo o aspecto da restaura­ção. Todavia, não sabemos dizer até que ponto, e nem por quanto tempo. A passagem de Efésios 1:10, entretanto, parece indicar que um certo número de longos ciclos estará envolvido nessa realização restauradora. E isso levanta a pergunta: «Uma vez realizada a restauração, as coisas continuarão para sempre em um estado utópico e impecável?» A maioria dos teólogos opta por uma resposta afirmativa. Orígenes, contudo, especulava que atualmente estamos em meio a um ciclo redentor; mas que já houve muitos outros ciclos semelhantes, com suas subsequentes novas quedas, o que, por sua vez, exigiu novos reinícios. Ele acreditava que uma vez que o nosso atual ciclo remidor se complete, finalmente haverá uma nova queda, e as coisas serão reiniciadas uma vez mais. Isso, porém, não passa da mais pura especulação teológica. Embora talvez seja uma ideia atrativa para alguns, não há como defender tal ideia pelas páginas da Bíblia, e nem nos deve preocupar. Todavia, pode haver algum elo de ligação entre as grandes eras da própria criação e os ciclos remidores. Pelo menos há dezesseis bilhões de anos atrás, pode ter havido uma grande explosão (ver sobre a teoria do Big Bang), que deu inicio ao nosso atual ciclo. E alguns pensam que pode ter havido muitas outras explosões como essa, no passado. Teriam sido acompanhadas por outros ciclos de vida e de redenção? Ver o artigo sobre a Astronomia, quanto a especulações sobre essa questão. Como é evidente, os estudos de escatologia dizem respeito somente ao nosso próprio ciclo, e não aborda outros supostos ciclos, passados ou futuros. Somente alguns poucos teólogos têm especulado sobre outros ciclos. Seja como for, sem dúvida é uma verdade que aquilo que sabemos e esperamos para o futuro representa apenas uma minúscula parcela da criação e do plano de Deus em sua totalidade. Restam muitos mistérios para serem desvendados.

Um comentário:

Unknown disse...

Acredito eu que mesmo tendo havido outros ciclos, este é o último. sendo que chegamos a plenitude dos tempos e todas as sortes de bençãos estão em Cristo Jesus e Ele é o cabeça a Igreja o corpo, indicando que o homem chegou no seu último estado; a perfeição.
Sendo a obra consumada e entregue nas mãos do Pai, creio eu que não haverá mais ciclos a seguir.
Gostei muito de seu artigo, gosto de aprender sempre mas esta é minha opinião.