A Igreja em Corinto


Paulo foi o primeiro missionário cristão a chegar à Grécia, de conformidade com os registros históricos de que dispomos. Chegou ele em Corinto proveniente de Atenas, sentindo-se muito desencorajado, por­quanto seus esforços ali haviam dado bem pouco fruto. Parece-nos que ele não estava nada confiante. (Vér I Cor. 2:3). Ficou em companhia de um casal de judeus, Aquila e Priscila, que eram cristãos e tinham vindo de Roma, em face da expulsão dos judeus da capital do império, por decreto do imperador Cláudio. A igreja de Corinto, por conseguinte, teve inicio na casa deles; e Silas e Timóteo não se demoraram a vir reunir-se a Paulo em Corinto, trazendo boas noticias sobre o ministério do evangelho na Macedônia. Assim, pois, renovado em suas forças e em seu ânimo, Paulo iniciou seu trabalho com grande intensidade em Corinto. (Ver I Tes. 3:6). Contudo, a oposição, especialmente da parte dos líderes eclesiásticos dos judeus, se tomou intensa. E possível que a esse tempo é que Priscila e Áquila arriscaram suas vidas em favor de Paulo (ver Rom. 16:3). Entretanto, Deus se pôs ao lado de seu apóstolo, primeiramente na forma de uma visitação mística, que assegurou a Paulo tanto o êxito em sua missão em Corinto como a sua segurança física pessoal. (Ver Atos 18:9 e ss). E foi assim que Paulo foi protegido por Gálio, que não se deixara influenciar pelos judeus radicais, que haviam apresentado queixa falsa contra o apóstolo.
A permanência de Paulo em Corinto se prolongou por dezoito meses, o que, para ele, representou uma longa permanência em qualquer lugar. À parte de Éfeso, onde Paulo ficou por três anos, Corinto foi o lugar onde mais o apóstolo permaneceu, durante todo o seu período de atividades missionárias. Ora, isso lhe deu a oportunidade de desenvolver um ministério mais profundo do que já pudera efetuar em outros lugares, o que também fica implícito em I Cor. 3:6. E, fazendo contraste com Atenas, parece que em Corinto o cristianismo prosperou grandemente, pelo menos numericamente falando, razão pela qual a cidade de Corinto se tomou um dos mais importantes centros da primitiva igreja cristã. Com os crentes de Corinto o apóstolo manteve a sua mais extensa correspondência; e da cidade de Corinto pelo menos três das epístolas de Paulo foram escritas, a saber; Romanos e I  e II Tessalonicenses.
Depois da partida do apóstolo Paulo, chegaram em Corinto outros mestres do evangelho, entre os quais se destacava um outro rabino judeu, de nome Apoio, homem dotado de eloquência singular, que deu prosseguimento à obra iniciada por Paulo, não se tendo deixado envolver pessoalmente no espírito de partidarismo que afetou aquela igreja. Priscila e Áquila ajudaram a Apoio com seus dons naturais, instruindo-o com maior precisão acerca da doutrina de Cristo. (Ver Atos 18:24 e ss).
Todavia, depois do afastamento do apóstolo, a igreja de Corinto desceu de forma alarmante quanto ao seu nível moral e espiritual. Estouraram divisões amargas (ver o terceiro capítulo); permitiram os vícios mais baixos entre eles (ver o capítulo quinto e 6:9 e ss); abusaram da liberdade cristã (ver os capítulos oitavo e décimo); deixaram-se influenciar por mestres legalistas, que ensinavam de modo contrário a Paulo (ver o nono capitulo); corromperam as formas cristãs de adoração, agindo de forma ultrajante, até mesmo quando da participação na Ceia do Senhor, comendo em excesso, deixando-se embriagar e negligenciando os pobres da igreja, que ficavam famintos e esquecidos. A celebração da Ceia do Senhor, naquela época, incluía o agape ou «festa de amor», imitação da refeição da páscoa, o que nos explica a oportunidade de alguns terem um opíparo banquete, ao passo que outros ficavam famintos (ver o décimo primeiro capítulo). Além disso, os crentes de Corinto se mostravam extremamente ativos no uso dos dons miraculosos; no entanto, abusavam desses dons, criando a desordem nos cultos da igreja (ver os capítulos doze e catorze). Também surgiram falsas doutrinas entre eles, sendo tolerados os falsos mestres, sobretudo aqueles que pervertiam o ensino acerca da ressurreição (ver o décimo quinto capitulo). Esses se tornaram .os graves vícios da igreja de Corinto, condições essas que impeliram o apóstolo a escrever a primeira epístola aos Coríntios.

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